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    Ênfase populista de Bolsonaro é o maior risco à economia, diz Claudio Frischtak

    Após demissão de Moro, economista teme que presidente descuide da área fiscal, já deteriorada, tornando gastos, como o auxílio emergencial, política permanente

    Luís Lima, do CNN Brasil Business

    O pedido de demissão do ministro Sérgio Moro do ministério da Justiça acende um alerta na economia, que pode sofrer com uma eventual guinada populista do presidente Jair Bolsonaro, para se manter no cargo. Segundo Claudio Frischtak, presidente da consultoria de negócios Inter.B, o maior risco é o de que o governo federal descuide da área fiscal, não priorizando reformas, e transformando gastos temporários em permanentes.

    “A saída de Moro mostra que o ‘céu é o limite’ do ponto de vista de o que o presidente pode vir a fazer com a economia”, diz Frischtak. “O grande risco, que já começou, ainda que a pasta de Guedes tenha tentado bloquear, é o populismo. Já estamos nesse caminho e os mercados estão refletindo isso”, alerta.

    Em termos práticos, uma das ameaças, exemplifica Frischtak, é de que o presidente torne medidas temporárias, como o auxílio emergencial oferecido por causa da COVID-19 (de R$ 600, por três meses), em políticas perenes.

    O economista reconhece que houve um “imperativo da conjuntura”, que obrigou a implementação de medidas de estímulo, mas alerta para o perigo de o “provisório  se tornar permanente”, e pressionar ainda mais os gastos públicos.

    Atualmente, o rombo fiscal do setor público consolidado brasileiro deve alcançar até R$ 500 bilhões este ano, segundo a última estimativa do secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, bem maior do que o resultado negativo de R$ 61 bilhões do ano passado. A piora é catalisada pelos impactos da COVID-19, que podem ser agravados pela crise política.

    “O déficit primário pode atingir 10% (do PIB) este ano, ou mais, ainda não sabemos. Sairemos da pandemia com um grau de fragilidade muito grande, que ameaça a solvência das nossas contas, da nossa dívida”, diz Frischtak.

    Futuro de Guedes 

    A ausência do ministro da Economia, Paulo Guedes, no lançamento do programa Pró-Brasil, de investimento de R$ 30 bilhões em infraestrutura, na última quarta-feira (22), fomentou dúvidas sobre os rumos da política econômica no país.

    Nesta sexta-feira (24), Guedes cancelou a participação que faria em uma videoconferência organizada pelo Itaú Personnalité. Diante do cenário de incertezas, agentes do mercado alimentam dúvidas sobre a ênfase da estratégia atual da equipe econômica, se segue afeita ao liberalismo ou pró-gasto público. 

    Frischtak teme que o Ministério da Economia deixe de ser ouvido no governo pelo imperativo de sobrevivência do Bolsonaro. E acrescenta que a forma com que Moro pediu demissão abre caminho para um pedido de impeachment do presidente, já que o agora ex-ministro da Justiça enumerou um conjunto de “crimes de responsabilidade” que pode culminar em um problema “insolúvel”.

    “O que aconteceu hoje, do ponto de vista político, é um desastre completo para o governo (…) Não é uma pessoa qualquer falando, é o ex-ministro da Justiça, símbolo da probidade e honestidade do governo, dizendo que o presidente é ímprobo, cometeu crimes de responsabilidade”, avalia o economista. 

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