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    Reformar é necessário, pois Estado não cabe mais no PIB, diz Figueiredo, da Mauá

    Em entrevista ao Economia Pós-Pandemia, do CNN Business, o CEO da gestora Mauá Capital ainda diz que a digitalização e a agenda ESG vieram para ficar

    André Jankavski, , do CNN Brasil Business, em São Paulo

    O resultado do PIB do segundo trimestre só confirmou a expectativa de todos os economistas: nunca houve um impacto tão grande como a da pandemia da Covid-19. A queda de 9,7% foi um pouco acima do tombo esperado, mas isso não muda muita coisa, na visão de Luiz Fernando Figueiredo, CEO da Mauá Capital, uma das principais gestoras de investimentos do Brasil.

    “A verdade é que esse número reflete o passado e estamos tendo uma volta gradual, como se fosse um crescimento em ‘V’ meio torto”, diz Figueiredo para a série especial Economia Pós-Pandemia, do CNN Business

    Mas uma coisa ficou ainda mais clara na visão de Figueiredo: o Estado não cabe mais no PIB. O economista já ocupou o cargo de diretor de política monetária do Banco Central entre 1999 e 2003 e também foi um dos fundadores da gestora Gávea, junto com o ex-presidente do BC, Armínio Fraga.

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    “Temos um Estado que não cabe no nosso PIB e, como todo mundo ficou mais pobre, o Estado ficou proporcionalmente ainda maior”, afirma Figueiredo.

    Por isso, na opinião do economista, a discussão sobre furar ou não o teto de gastos é equivocada. Isso, na verdade, já deveria ter sido superado: o debate ‘ideal’ gira em torno da revisão dos gastos, ou seja, manter e cuidar do piso.

    A reforma administrativa, portanto, deveria estar no topo das prioridades do governo. “Cerca de 95% do nosso orçamento está carimbado e, assim, o Brasil não vive. Não dá para continuar com o que acontece no setor público”, diz.

    O economista não diminui a importância de outras agendas, como a reforma tributária e as privatizações das empresas estatais. Ao contrário. Mas no caso das mudanças no sistema de impostos do Brasil, que é um dos piores do mundo, não haverá economia alguma, somente a simplificação.

    “Com o Estado quebrado, ninguém vai abrir mão de receita, então a reforma ajuda muito, mas não reduz a carga”, diz Figueiredo.

    E não é para menos: no primeiro semestre deste ano, a arrecadação federal caiu 14,7% em comparação ao mesmo período do ano passado. Os estados tiveram um tombo menor, de 6%, mas a maior parte das unidades federativas está em uma situação fiscal ainda pior que o governo federal.

    É possível ver um lado positivo?

    Com o Brasil sendo um dos grandes destaques negativos em números de morte, esse tipo de questionamento sempre carrega um pouco de peso. Mas, para Figueiredo, algumas situações farão bem para o país. O primeiro deles é a evolução da digitalização da população e das próprias empresas.

    “O mundo deu um salto de, no mínimo, cinco anos em termos de produtividade com a digitalização”, afirma Figueiredo.

    Outra situação também ganhou mais força: a agenda ESG (Ambiental, Social e Governança Corporativa, na sigla em inglês). Para o economista, trata-se de um caminho sem volta que empresas e governos sejam mais responsáveis nessas áreas. Não por acaso, os fundos globais que seguem os conceitos, estão batendo recordes atrás de recordes mundo afora.

    Um avanço que o mercado brasileiro finalmente conseguiu é o da entrada das pessoas físicas na bolsa de valores. Se o primeiro milhão de investidores foi alcançado somente no ano passado, a B3 (B3SA3) já está próxima de alcançar o terceiro milhão. Os mais otimistas acreditam que esse número pode crescer até para 10 milhões nos próximos anos.

    Com os juros mais baixos, na visão de Figueiredo, acabou a fase dos rentistas que tinham bons retornos sem se preocuparem com os riscos.

    “Mesmo com o aumento, ainda estão pouco investidos em ativos de risco: nos EUA, o percentual chega a 60%, no Brasil, ainda estamos em 20%”, diz ele. Detalhe: há pouco tempo eram apenas 9%.

    Por isso, na visão de Figueiredo, não há indícios de uma bolha no mercado financeiro. Ele também enxerga uma maturidade maior do pequeno investidor brasileiro.

    “As pessoas físicas, antigamente, sempre compravam na alta e vendiam na baixa. Mas, neste ano, os pequenos investidores já compraram mais de R$ 90 bilhões e eles sabem melhor o que estão fazendo”, diz Figueiredo. “O brasil era uma gigantesca jabuticaba (com os juros altos) e isso, graças a Deus, ficou para trás.”

    Confira a entrevista completa para o Economia Pós-Pandemia no vídeo acima.

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