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    Wall Street pode dar resultado da eleição nos EUA antes que a imprensa; entenda

    Os investidores vão examinar de perto os resultados dos estados que são os principais campos de batalha do pleito

    Matt Egan, , do CNN Business, em Nova York

    Com um número nunca antes visto de cédulas enviadas pelo correio para contar, os veículos da imprensa provavelmente terão extremo cuidado antes de declarar o vencedor na noite da eleição nos Estados Unidos. Já o mundo de Wall Street não é conhecido por sua paciência.

    Os investidores vão examinar de perto os resultados dos estados que são os principais campos de batalha do pleito, especialmente aqueles na Costa Leste que começaram a contar as cédulas antecipadamente.

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    Embora as redes de TV possam não ter confiança suficiente nas horas imediatas após o fechamento das urnas para anunciar se o presidente Donald Trump foi reeleito, o resultado já estar estampado nas telas dos mercados financeiros.

    “Na noite da eleição, acho muito provável que o mercado declare o vencedor antes das redes de notícias”, contou Ed Mills, analista de política do banco de investimento Raymond James, à CNN Business.

    Como jogadores de pôquer experientes, os investidores procurarão “pistas” da onda democrática que abriria o caminho para trilhões de dólares em gastos federais que poderiam impulsionar a economia. Isso provavelmente aumentaria o valor das ações.

    Uma vitória do presidente Trump também pode ser vista como positiva para os mercados, porque removeria a preocupação com impostos mais altos e mais regulamentações, além de eliminar o risco da contestação dos resultados. 

    Os mercados estarão em alerta máximo para sinais de uma eleição contestada – um cenário de pesadelo para Wall Street, pois isso levaria a uma grande queda nas negociações dos mercados.

    Pistas na Carolina do Norte

    Mills acha que os investidores se concentrarão em especial na Carolina do Norte e em seus 15 votos no Colégio Eleitoral.

    Trump venceu a Carolina do Norte por quase quatro pontos percentuais de vantagem em 2016, mas está atrás de Joe Biden em 48% a 46% na média das pesquisa Poll of Polls da CNN. E o senador republicano da Carolina do Norte Thom Tillis está em um empate com o desafiante democrata Cal Cunningham.

    Ao contrário de alguns estados, como Minnesota, no qual a contagem dos votos pelo correio começa após o fechamento das urnas no dia da eleição, a Carolina do Norte começou a contar os votos na terça-feira, 14 dias antes do pleito. Esse tempo extra significa que a contagem dos votos pode ser conhecida mais cedo do que em outros estados.

    “Se Joe Biden for declarado o vencedor na Carolina do Norte na noite da eleição e Cal Cunningham ganhar a cadeira no Senado, ficará claro que é uma vitória democrata”, sentenciou Mills.

    O analista observou que a Carolina do Norte fica três posições abaixo da Pensilvânia na lista de estados considerados como “ponto de inflexão” – aqueles com maior probabilidade de dar o voto decisivo no Colégio Eleitoral – em cálculo feito pelo site FiveThirtyEight.

    Em outras palavras, uma vitória bem definida de Biden na Carolina do Norte sugeriria uma grande noite para os democratas.

    “Os mercados dirão, ‘Ok, se Biden venceu a Carolina do Norte, então ele ganhou o suficiente nos estados indecisos para colocá-lo acima dos 270’”, disse Mills, em referência ao 270 votos necessários para eleger o presidente.

    O medo número um

    Uma declaração antecipada de vitória para qualquer um dos candidatos reduziria drasticamente o risco de uma eleição contestada, que recentemente foi classificado como a medo mais citado por gestores de carteira consultados pela RBC Capital Markets.

    Por outro lado, um golpe duplo formado por uma eleição sem contestação e uma onda azul (democrata) que abre o caminho para um poderoso estímulo fiscal pode desencadear um imenso alívio em Wall Street.

    “O mercado ficará feliz por não ter uma situação como de Bush e Gore em 2000”, disse Art Hogan, estrategista-chefe de mercado da National Securities Corporation, aludindo ao impasse de cinco semanas que se seguiu às eleições presidenciais daquele ano. “O mercado realmente abomina o vácuo”.

    Hogan disse que, embora os mercados provavelmente tenham alta em 2021, independentemente de quem ganhe, provavelmente haverá mais “vantagens” se Biden vencer. “Este mercado tem se posicionado com delicadeza para uma vitória de Biden”, completou.

    Goldman Sachs: a onda azul é provável

    Chris Krueger, analista de política do Cowen Washington Research Group, disse que o cenário mais provável é para uma “onda azul de Biden”, com os democratas ocupando pelo menos 52 cadeiras no Senado dos EUA.

    O Goldman Sachs também está aconselhando seus clientes a se prepararem para uma possível vitória democrata – um resultado que, segundo o banco de Wall Street, levaria a um crescimento econômico mais rápido.

    “Pesquisas de opinião pública, mercados de previsão e modelos estatísticos usados por organizações de notícias implicam que os democratas provavelmente ganharão o controle da Casa Branca, da Câmara e do Senado em 3 de novembro”, escreveram os economistas do Goldman Sachs em um relatório a clientes na segunda-feira (19).

    O Goldman Sachs espera que os gastos aumentem mais sob os democratas, um estímulo que superaria os efeitos negativos dos aumentos de impostos propostos. O banco de Wall Street disse que isso inclui um enorme pacote de estímulo fiscal de cerca de US$ 2,5 trilhões (supondo que um pacote não seja aprovado antes das eleições).

    Em contraste, se os democratas ganharem a Casa Branca, mas os republicanos mantiverem o controle do Senado, o pacote de estímulo provavelmente ficará “bem abaixo” de US$ 1 trilhão, segundo o Goldman Sachs. Do ponto de vista do mercado, o lado bom seria um Senado controlado pelo Partido Republicano impedir uma reversão dos cortes de impostos de Trump em 2017.

    Lições de 2016

    É claro que não há garantia de que, se Wall Street “revelar” o resultado da eleição em 3 de novembro, a previsão será confirmada pelos fatos. Da mesma forma, a reação inicial do mercado pode ser revertida rapidamente.

    “2020 ainda pode nos jogar uma casca de banana”, disse Mills, da Raymond James.

    Lembrem-se de que, em 2016, futuros de ações despencaram na noite da eleição com o choque causado pela vitória de Trump, um resultado que muitos gurus do mercado previram que condenaria os papeis. Os futuros da Dow caíram 870 pontos, atingindo o limite baixo, logo após Trump ser declarado o vencedor na Flórida.

    “O pregão noturno foi horrível por várias horas. E então a vida continuou e o mercado se ajustou ao que parecia ser uma política pró-crescimento e pró-negócios”, lembrou Hogan.

    Ao soar o sino de abertura da bolsa um dia após a eleição, as ações dos EUA estavam firmemente em modo de alta. E, apesar da pandemia, o S&P 500 subiu mais de 60% desde a vitória surpresa de Trump.

    Se as pesquisas estiverem erradas e Trump vencer de forma decisiva, os investidores ficarão aliviados com a remoção do espectro de impostos e regulamentações mais altos. Mas também provavelmente teriam de encarar um estímulo fiscal menor e mais tarifas.

    “Haveria preocupação de que continuaríamos a lançar guerras comerciais com benefícios econômicos questionáveis”, comentou Hogan.

    Olhando de forma mais ampla, a superação da incerteza eleitoral permitirá que os investidores se concentrem diretamente nos esforços para combater a pandemia, no qual os números crescentes de infecções ameaçam inviabilizar a recuperação econômica.

    “O que realmente importa não é quem está sentado no número 1600 da Avenida Pensilvânia”, disse Hogan, referindo-se ao endereço da Casa Branca, “mas quanto progresso foi feito na obtenção de uma vacina”.

    (Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês).

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