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    EUA: Sobrevivente de 105 anos lidera processo por reparação no massacre de Tulsa

    Lessie Benningfield ‘Mother’ Randle viu uma multidão furiosa branca promover ataques em sua cidade quando era criança

    Uma sobrevivente de 105 anos do massacre de Tulsa, no estado norte-americano de Oklahoma, lidera um processo que exige reparações pelos danos que os querelantes alegam terem continuado até hoje, desde a destruição do distrito de negócios negro da cidade.

    Lessie Benningfield “Mother” Randle era apenas uma menina quando uma multidão furiosa branca promoveu ataques no distrito de Greenwood, conhecido como “Black Street Negra”, lar de mais de 300 negócios de propriedades de pessoas negras.

    Ao fim da noite de 1º de junho de 1921, o distrito de 35 quarteirões foi completamente destruído. Relatos contemporâneos sobre o número de mortes começaram com 36 vítimas, mas historiadores acreditam hoje que mais de 300 pessoas morreram, segundo o Museu e Sociedade Histórica de Tulsa.

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    O processo foi aberto nessa terça-feira (1º) na Corte Distrital do Condado de Tulsa pelo Justiça para Greenwood Advogados, um grupo de advogados de direitos civis e humanos. Dentre os querelantes, estão a igreja Vernon A.M.E. – único prédio de negros que sobreviveu ao massacre –, descendentes de outras vítimas e a Sociedade Ancestral Africana de Tulsa.

    O que se pede na ação

    O processo alega que as diferenças raciais e econômicas causadas pelo massacre geraram um incômodo coletivo e problemas financeiros que permanecem até hoje. Segundo o documento, o governo e as agências locais fracassaram em ajudar na reconstrução da região.

    “Os moradores da Comunidade de Greenwood e Tulsa continuam enfrentando diferenças raciais de tratamento e barreiras criadas pela cidade às necessidades básicas humanas, incluindo trabalho, segurança financeira, educação, habitação, justiça e saúde”, diz a ação.

    Dentre os acusados, a cidade de Tulsa, a Câmara Regional de Tulsa e o Conselho de Comissários do Condado de Tulsa afirmaram que não iriam comentar assuntos que ainda estão pendentes. O xerife do condado de Tulsa, a Autoridade de Desenvolvimento de Tulsa e a Comissão de Planejamento da Área Metropolitana de Tulsa, também envolvidos na ação, não responderam aos pedidos por comentários feitos pela CNN.

    O estado de Oklahoma usou a lei de incômodo público para ganhar um processo de US$ 572 milhões contra a farmacêutica Johnson & Johnson em 2019 por sua participação na crise dos opioides do estado.

    Sequelas

    De acordo com a ação, uma multidão invadiu e destruiu a casa da avó de Randle, causando a ela “problemas emocionais e físicos que continuam até hoje”.

    “Ela tem lembranças de corpos de negros se acumulando nas ruas enquanto o bairro pegava fogo, fazendo com que ela reviva constantemente o terror de 31 de maio e 1º de junho de 1921”, diz o processo.

    Randle é uma das últimas sobreviventes vivas do massacre, que ocorreu após um homem negro de 19 anos, Dick Rowland, ser acusado de estuprar uma garota branca de 17 anos chamada Sarah Page no elevador de um prédio de Tulsa. As acusações contra Rowland foram posteriormente retiradas, segundo a Sociedade Histórica de Tulsa.

    O advogado Damario Solomon Simmons contou à CNN que Randle está com a saúde debilitada, mas ficou “otimista e encorajada” quando soube da ação.

    Ao fim da noite de 1º de junho de 1921, distrito de Tulsa foi destruído
    O processo afirma que os moradores sofreram de US$ 50 milhões a US$ 100 milhões de danos à propriedade causados pelo massacre
    Foto: Divulgação / Museu e Sociedade Histórica de Tulsa

    Os acusados

    Os querelantes alegam que os membros do Departamento de Polícia de Tulsa, do Departamento do Xerife do Condado de Tulsa e da Guarda Nacional de Oklahoma estavam no grupo agressor. Acredita-se que a Guarda Nacional forneceu apoio tático e logístico ao ataque.

    A Guarda Nacional de Oklahoma defendeu, em um comunicado, suas ações na época.

    “Os registros históricos mostram que um grupo de guardas protegeu o arsenal e as armas dentro dele de mais de 300 manifestantes. As ações desses guardas reduziram substancialmente o número de mortos no Distrito de Greenwood. Nos dias que seguiram os protestos, guardas de Oklahoma restauraram a ordem na região e evitaram mais ataques de moradores de Tulsa negros e brancos.”

    O processo afirma que os moradores de Greenwood sofreram de US$ 50 milhões a US$ 100 milhões de danos à propriedade causados pelo massacre, e alega que as políticas implementadas nas décadas seguintes levaram ao declínio de Greenwood e Tulsa e a um aumento da desigualdade.

    A ação não exige uma quantia de dinheiro específica em reparações, mas pede que as vítimas sejam compensadas pela perda financeira e de propriedade, o que deveria ter sido para feito desde 1921.

    O processo pede a criação de um fundo de compensação para as vítimas, de programas para moradores de Greenwood e Tulsa, e um fundo de faculdade para descendentes das vítimas do massacre. 

    Também busca a construção de um hospital na comunidade e pede que os moradores de Greenwood e Tulsa tenham prioridade nos contratos fechados na cidade.

    “Randle vem sofrendo durante todos esses anos pelo que aconteceu em Tulsa. Tem sido um grande fardo para ela, e ela acredita que está na hora de a cidade pagar o que deve”, disse Solomon Simmons. “Randle quer respeito, restauração e reparação da cidade de Tulsa.”

    (Texto traduzido, clique aqui e leia o original em inglês.)

    Massacre de Tulsa pode ter deixado mais de 300 mortos
    Massacre aconteceu após um homem negro de 19 anos ser acusado de estuprar uma garota branca de 17 anos no elevador de um prédio de Tulsa
    Foto: Divulgação / Museu e Sociedade Histórica de Tulsa

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