Islândia é oásis de normalidade em meio à pandemia
Medidas de rastreamento epidemiológico são o destaque do país nórdico no combate à pandemia
Foi um abraço casual de um velho amigo e, ao mesmo tempo, algo muito traumatizante. Eu tinha chegado de volta à minha terra natal, a Islândia, no dia anterior e, armada com um teste negativo para Covid-19 feito no aeroporto, estava agora em um café movimentado em Reykjavik.
“Olá, há quanto tempo!” Dois amigos me cumprimentaram e um me deu um abraço caloroso, mas minha reação natural foi me afastar deles, e achei difícil manter uma conversa de perto. O jeito natural deles, que seis meses atrás pareceria tão normal, era desconfortável e estressante naquele momento. Eu me senti meio sem palavras, e os meus bons modos e audácia pareciam ter sumido.
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Murmurei algo para meus velhos amigos e depois fui procurar refúgio em uma xícara de chá. Lá eu me recompus, reuni meus pensamentos e voltei para outra rodada de fofocas. E foi libertador ter conversas normais novamente.
Ao sair do café, refleti sobre meus últimos meses em casa, em Londres, onde passei meses em lockdown, acompanhando as altas taxas de infecção e as dezenas de milhares de mortes. O novo normal para mim era trabalhar em casa apenas com a família e fazer videochamadas de trabalho, além de praticar exercícios físicos limitados por dia e ter algumas conversas com amigos locais, mas sempre à distância segura de dois metros.
A Islândia foi elogiada por lidar com a crise após um pico inicial nos casos em fevereiro. O governo então mudou de tática, começou a testar e rastrear, fechou as fronteiras e introduziu restrições. Suponho que você possa argumentar que as chances de sucesso são muito maiores em uma ilha com uma população de cerca de 360 mil pessoas. O país teve menos de 2 mil casos e registrou 10 óbitos.
Também ajudou o fato de os islandeses terem demonstrado fé no governo e se sentado todos os dias para acompanhar os comunicados na mídia fornecidos não pelos políticos, mas pelos principais cientistas e pela polícia, seguindo todos os seus conselhos.
Assim como a maior parte dos islandeses, baixei um aplicativo para rastrear meus movimentos. A ferramenta foi desenvolvida para ajudar as autoridades a notificar qualquer pessoa que possa estar em contato ou ter sido afetada pelo vírus. Se ela for notificada, fará testes e possivelmente entrará em quarentena.
Tudo isso resultou no fato de as pessoas aqui poderem viver suas vidas em relativa normalidade. Frequentei normalmente nossas piscinas públicas e muito populares, assisti a partidas de futebol, jantei com amigos e participei de festas onde a conversa foi dominada mais pelo recente filme do Will Ferrell, “Eurovision”, que fala da Islândia, do que pela Covid-19.
Os bares e restaurantes de Reykjavik também estão cheios e não há uma máscara à vista. O único lembrete de que as coisas não são muito normais são a presença do álcool em gel que você encontra em todos os lugares e o horário de fechamento das 23h, que geralmente é o horário em que os islandeses estariam começando a balada.
A maior vítima econômica do coronavírus foi o turismo. No ano passado, quase 2 milhões de turistas visitaram a Islândia, número que foi drasticamente reduzido – mas os islandeses responderam fazendo staycations, viajando pelo país. Os feeds de mídia social estão cheios de fotos espetaculares de amigos em viagem pela ilha, e hotéis e áreas de camping estão lotados em todo o país.
O governo também está incentivando essa tendência, fornecendo a cada morador um vale de 10 mil IKR (US$ 74) para gastar em restaurantes, hotéis e atrações. (Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês).
(Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês)