Com gasolina e alimentos, inflação sobe 0,24% em agosto, maior valor desde 2016
Segundo o IBGE, a gasolina registrou o 3º mês de alta consecutiva. Já o valor dos alimentos, que atingiu certa estabilidade em julho, voltou a subir em agosto
A inflação subiu 0,24% em agosto puxada, principalmente, pela alta no preço dos combustíveis e de alimentos. É o que mostra o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta quarta-feira (09) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este foi o maior valor para o mês de agosto desde 2016.
Segundo o IBGE, a gasolina registrou o terceiro mês de alta consecutiva. Já o valor dos alimentos, que atingiu certa estabilidade em julho, voltou a subir em agosto, impactando, principalmente, as famílias de menor renda.
O avanço acumulado em 12 meses até agosto chegou a 2,44%, acima dos 2,31% de julho, aproximando-se do piso do intervalo para a meta de inflação neste ano — de 4%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos — medida pelo IPCA.
“O item de maior peso (4,67% do total) no IPCA é a gasolina (3,22%), que fez com que os Transportes (alta de 0,82%) apresentassem o maior impacto positivo no índice de agosto. E a segunda maior contribuição veio do grupo Alimentação e bebidas (0,78%)”, afirma Pedro Kislanov, gerente da pesquisa.
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Não à toa, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), referente às famílias cujo rendimento varia de um a cinco salários mínimos, a alta foi de 0,36% em agosto, com o maior resultado para o mês desde 2012 – quando o índice subiu 0,45%. No ano, o INPC acumula alta de 1,16% e, nos últimos 12 meses, 2,94%.
Alta nos alimentos
Atrás apenas do setor de transportes, os alimentos voltaram a ser pressionados no mês de agosto e apresentaram alta significativa. Os alimentos para consumo no domicílio, por exemplo, tiveram alta de 1,15%, puxados, principalmente, por componentes básicos da alimentação da população.
Entre os destaques, o IBGE mostra a alta no valor do tomate, com 12,98%, do leite lona vida, 4,84%, das frutas, 3,37% e das carnes, com 3,33%.
“O arroz (3,08% em agosto) acumula alta de 19,25% no ano e o feijão, dependendo do tipo e da região, já tem inflação acima dos 30%. O feijão preto, muito consumido no Rio de Janeiro, acumula alta de 28,92% no ano e o feijão carioca, de 12,12%”, avalia Kislanov.
O aumento dos preços de alimentos nos mercados vêm levantando preocupações e, de acordo com o presidente Jair Bolsonaro, o governo estuda medidas para dar uma resposta, mas descartou qualquer tipo de tabelamento.
A Associação Brasileira de Procons pediu ao ministro da Economia, Paulo Guedes, o monitoramento das exportações para garantir o abastecimento interno após o aumento das vendas para o exterior ter sido apontado como um dos fatores para o expressivo aumento recente de preços de produtos da cesta básica. A preocupação é com o aumento nos preços de arroz, feijão, leite, óleo de soja e carne.
Já o âmbito “alimentação fora do domilício”, continua sendo impactado pela pandemia, mesmo com a reabertura dos restaurantes. Segundo o instituto, a área teve queda de 0,11% em agosto, um recuo menos intenso que os 0,29% de julho.
Educação segura a inflação
Enquanto o grupo de alimentos e transportes puxaram a alta do IPCA, na outra ponta, a maior contribuição negativa para o IPCA de agosto veio da queda de 3,47% do grupo Educação. A queda ocorreu após várias instituições de ensino concederem descontos nos preços das mensalidades diante da suspensão das aulas presenciais para conter a disseminação do coronavírus.
O valor dos cursos reculares caíram algo como 4,38%, em que a maior queda observada foi na pré-escola, com recupo de 7,71%, seguido por cursos de pós-graduação, 5,48%, educação de jovens e adultos, com tombo de 4,80% e as creches, que viram os valores cair 4,76%.
“Se não fosse Educação, a alta do IPCA seria de 0,48%. Havendo o retorno das aulas presenciais, faremos coleta extra em dezembro para ver como os preços vão se comportar”, explicou Kislanov.
Já os preços de serviços aprofundaram a queda em agosto com recuo de 0,47%, ante queda de 0,11% no mês anterior, refletindo ainda os efeitos da quarentena adotada para combater a pandemia.
Expectativa do mercado
A economia brasileira sofreu contração recorde no segundo trimestre ao despencar 9,7% sobre os três meses anteriores.
A mais recente pesquisa Focus, divulgada semanalmente pelo Banco Central, junto a uma centena de economistas mostra que a expectativa é de que a inflação termine este ano em 1,78% e que a economia encolha 5,31%.
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(Com informações da Reuters)