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    Análise: tempo está passando para Netanyahu enquanto conflito com o Hamas se intensifica

    Opinião entre os especialistas é que o conflito se sobreponha a questões políticas e a queda de braço que o primeiro ministro enfrenta com a oposição

    Elliott Gotkineda CNN

    Nas suas mais de três décadas na política, Benjamin Netanyahu acumulou inúmeros apelidos. Entre eles, estão “O Mágico” por sua incrível habilidade alcançar vitórias improváveis, “Rei Bibi” por permanecer no topo da política israelense por mais tempo do que qualquer outra pessoa. E, universalmente, embora não necessariamente afetuosamente: “Velho Bibi”.

    No entanto, há um com o qual Netanyahu se divertiu e que, agora, parece inapropriado para sua imagem: “Senhor Segurança”.

    Isso porque, ainda não há certezas de como mais de 1.000 integrantes do Hamas conseguiram atacar Israel de forma tão fortuita, devastadora e mortal, assassinando – como escreveu o Presidente Isaac Herzog – mais judeus em um dia do que em qualquer momento desde o Holocausto.

    E, por enquanto, os oponentes do líder de extrema-direita judia não estão pedindo a renúncia de Netanyahu. “Não estou tratando agora de quem é o culpado ou por que fomos surpreendidos”, disse o ex-primeiro-ministro Yair Lapid, agora líder da oposição. “Não é a hora, não é o lugar.”

    Na verdade, de acordo com Amit Segal, principal comentarista político do Canal 12 de Israel, a surpresa seria se o primeiro ministro sobrevivesse a esta guerra. “Isso estabeleceria um precedente nacional”, disse ele à CNN. “A história israelense nos ensinou que toda e qualquer surpresa e crise levaram ao colapso do governo. Foi o que aconteceu em 1973 [após a Guerra do Yom Kippur] com Golda Meir, em 1982 com Menachem Begin, na primeira guerra do Líbano, e em 2006, com Ehud Olmert, na segunda Guerra do Líbano. O tempo está passando.”

    A história proporciona certamente uma comparação útil: a última vez que a inteligência israelense falhou em um grau semelhante – que resultou em muitas mortes – foi há quase 50 anos, quando o Egito e a Síria invadiram o território reivindicado por Israel na guerra do Yom Kippur.

    Veja também: Não há informações oficiais sobre brasileiros reféns, diz embaixador em Israel à CNN

    Entretanto, aquela foi uma guerra “que seguiu uma espécie de lógica de normas e regras”, disse Yohanan Plesner, presidente do Instituto de Democracia de Israel. “Negociamos a paz com o presidente Sadat, do Egito, alguns anos depois, com o apoio da maioria do Knesset, parlamento israelense. Não vamos negociar qualquer paz com o Hamas. É um jogo completamente diferente”.

    Algum tipo de negociação – provavelmente por meio de intermediários, como o Egito – é inevitável. Ainda que Israel ataque Gaza por ar, isso impõe um “cerco completo” ao enclave e prepara Israel para uma possível invasão terrestre para dizimar o Hamas, ao que Netanyahu também precisará encontrar uma forma de libertar os cerca de 150 reféns detidos pelos militantes dentro de Gaza.

    Esta teria sido uma tarefa difícil no auge de Netanyahu. Mas depois de 10 meses enfrentando protestos contra a sua controversa reforma judicial e por suspeitas de corrupção em seu governo, Netanyahu parece um combatente aos frangalhos.

    Pode não ser um grande consolo para ele o fato de o ataque do Hamas ter reunificado a opinião pública de Israel em torno do conflito. “A última coisa com que os israelenses se preocupam neste momento é a carreira política de Netanyahu”, disse Plesner, que também serve nas reservas das forças especiais de Israel.

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    Concentrar-se na reforma judicial “não ajudou”, disse Segal, do Canal 12. Mas esta invasão do Hamas, disse ele, teria sido planejada há 12 ou 18 meses atrás – quando Netanyahu estava na oposição. O erro de cálculo, disse ele, foi que o Hamas estava atrás de concessões econômicas e de um abrandamento do bloqueio de Israel a Gaza. “No final das contas, é um regime [Hamas] que quer destruir a todos nós. E você não pode viver com um monstro no seu quintal.”

    Se Netanyahu e as Forças de Defesa de Israel serão capazes de matar o monstro, teremos a certeza nas próximas semanas. Ele poderia ter sucesso na formação de um governo de “emergência” de unidade nacional que o isolasse de quaisquer apelos à renúncia. A curto prazo, isso poderá marginalizar o que Lapid descreve como os elementos mais “extremos” e “disfuncionais” da coligação de Netanyahu. Mas mesmo que fiquem à margem, as suas ideias podem continuar vivas.

    O choque e a raiva provocados pelo ataque espetacular do Hamas foram tão grandes que os eleitores israelenses podem estar abertos a ideias mais extremas. “Uma certa parcela da população esperará uma resposta dura”, disse Plesner, “e será baseada em um jogo de soma zero: somos nós ou eles”. E desta vez, o “Sr. Segurança” pode não conseguir cumprir.

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