Tratores elétricos e autônomos podem tornar a agricultura muito mais verde
Substituir um veículo a diesel por um trator que pode ser carregado com energia renovável pode reduzir a emissão anual de dióxido de carbono em 53 toneladas
Uma startup acredita que pode ajudar o agronegócio a se tornar mais lucrativo e ambientalmente correto, ao oferecer o que descreve ser o primeiro trator autônomo e totalmente elétrico do mundo.
O trator pode ser programado para realizar tarefas como arar, colher e cortar a grama por até 10 horas, de acordo com a fabricante Monarch Tractor. Para isso, basta carregar a bateria por cinco horas.
Embora não precise de um motorista, o trator deve ter um operador remoto designado que recebe alertas em tempo real e pode parar o veículo, se necessário, para cumprir as regulamentações dos EUA. Ele possui sensores que permitem detectar bois e vacas, por exemplo, além de plantações, e assim evitar colisões. Isso permite, aliás, que opere de forma autônoma ao lado dos trabalhadores agrícolas.
“A agricultura está pronta para a transformação”
Com quase duas décadas de experiência trabalhando nos setores de mobilidade e energia, o fundador e CEO da Monarch, Praveen Penmetsa, diz que entende como a tecnologia pode moldar uma indústria.
“Ver essas duas indústrias se transformando me deu a ideia de que a agricultura global está pronta para a transformação”, disse Penmetsa ao CNN Business.
Substituir um veículo a diesel por um trator da Monarch que pode ser carregado com energia renovável pode reduzir as emissões de dióxido de carbono em média de 53 toneladas anuais — o equivalente a tirar 14 carros de passageiros a gasolina das estradas.
Os tratores também são capazes de coletar dados enquanto operam, o que pode fornecer aos agricultores informações sobre a saúde do campo e da safra, a produtividade a longo prazo, além de alertá-los sobre problemas como vazamentos de irrigação ou descoloração da safra.
A empresa captou cerca de US$ 20 milhões em março, e Penmetsa e sua equipe de mais de 50 engenheiros em Livermore, na Califórnia, estão iniciando uma série de iniciativas para colocar os tratores em funcionamento em fazendas de três estados americanos.
Nos próximos dois meses, a empresa pretende vender seus primeiros tratores para fazendeiros na Califórnia, Washington e Oregon a um preço inicial de US$ 50 mil. Os agricultores trabalharão com a Monarch para testar os veículos, e a empresa espera iniciar a produção comercial ainda neste ano.
A Monarch diz que os tratores podem economizar aos agricultores milhares de dólares por ano em mão de obra e custos de combustível.
“A sociedade está pedindo aos fazendeiros que façam muita coisa”
David Rose, professor associado de inovação agrícola da Universidade de Reading, diz que os agricultores estão sob crescente pressão para fazer malabarismos para alimentar uma população crescente com o aumento da demanda dos clientes por produtos sustentáveis, enquanto enfrentam a escassez de mão de obra.
“A sociedade está pedindo aos agricultores que façam muita coisa”, diz ele. “Não acho que olhamos para o nosso prato três vezes por dia e pensamos em todos os desafios que os agricultores enfrentaram para colocar aquela comida na mesa.”
Ele diz que, neste estágio, a característica mais transformadora do trator Monarch é que ele é elétrico. “Afastar-se do equipamento que consome gasolina e diesel é fantástico”, diz ele.
Outras empresas estão trabalhando em tratores sem condutor, incluindo a robótica Bear Flag, com sede na Califórnia, a Agrointelli da Dinamarca e a John Deere, que desenvolveu um conceito de trator elétrico autônomo. A Monarch é a primeira a vender um trator elétrico autônomo.
Mas muitos países carecem de uma estrutura legal para veículos autônomos.
“A política e a regulamentação precisam fundamentalmente controlar esta nova forma de cultivo”, diz Rose. “Até lá, acho que os benefícios potenciais da autonomia não serão totalmente percebidos.”
Penmetsa está muito animado com a perspectiva de os agricultores poderem usar os dados para fornecer maior transparência aos clientes. Ele imagina ter um código QR nas embalagens de alimentos que os clientes possam escanear para acessar informações sobre como o produto foi cultivado.
“Queremos que os consumidores valorizem o que o agricultor passou para colocar comida na mesa”, diz ele. “Se os agricultores puderem contar essa história por meio dos dados, acho que podemos criar uma ponte direta.”
(Texto traduzido. Para ler o original, clique aqui.)