‘Apertamentos’: Vitacon aposta em estúdios e moradia por assinatura na pandemia
Para a incorporadora, boa parte da população tem um orçamento apertado e essa realidade de busca por espaços maiores ficará mais restrita aos mais endinheirados
As pessoas estão mais em casa, seja em momentos de trabalho ou lazer, mas não por vontade própria. E apesar dos avanços no desenvolvimento de vacinas (como o ainda nebuloso medicamento russo), ainda não há previsão de quando a vida voltará de fato ao normal – e se voltará. Com isso, mais pessoas começaram a olhar para o ambiente em que vivem e fazer melhorias, além de procurar por espaços maiores.
Mas isso não é uma regra, segundo Alexandre Lafer Frankel, CEO da incorporadora Vitacon e da plataforma de gestão de imóveis Housi. Para ele, boa parte da população tem um orçamento apertado e essa realidade de busca por espaços maiores ficará mais restrita aos mais endinheirados.
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Parte da classe média, portanto, buscará imóveis mais bem localizados, nem que sejam menores. Mais do que isso: empreendimentos com áreas comuns com diversas facilidades, como lavanderia e espaços de convivência.
Por isso, a Vitacon manteve os seus planos de lançamento para 2020: 75% deles são apartamentos com até 30 metros quadrados, e 25%, destinados às famílias, com até 60 metros quadrados.
O Valor Geral de Vendas (VGV) para 2020, no entanto, teve uma redução de 10% da meta inicial, para R$ 1,8 bilhão.
Moradia por assinatura
Porém, uma grande aposta da empresa é a forma como os imóveis serão negociados. Segundo Frankel, será cada vez mais comum aqueles que buscam apartamentos por assinatura, ao melhor estilo Airbnb.
Quer dizer: você assina e cancela o contrato de aluguel quando quiser e da forma que achar mais conveniente – pelo celular ou pela internet, por exemplo.
Então, é uma maneira de se livrar das burocracias como a de encontrar um fiador, pagar seguro fiança ou ir a um cartório para registrar dezenas de assinaturas.
E a Housi entra no centro dessa estratégia. Afinal, esse “spin-off” da Vitacon nasceu como uma forma de administrar imóveis nas mais diversas regiões em um só lugar. A empresa hoje tem R$ 4 bilhões de ativos sob gestão em nove capitais e mais de 40 incorporadoras – uma delas, claro, é a própria Vitacon, que já possui menos de 20% da carteira de imóveis dentro da Housi.
Segundo Frankel, esse tipo de serviço só cresceu durante a pandemia. Porém houve uma mudança no perfil das pessoas. Antigamente, pela facilidade, executivos e executivas na faixa entre 25 e 40 anos dominavam as locações. A demanda por tempo de locação era de 30 a 90 dias.
“Hoje, já temos um público família e mais sênior. Antes, era dominado por pessoas que moravam distante do trabalho e precisavam de um lugar mais próximo”, diz Frankel.
O negócio, inclusive, começou a atrair a atenção de investidores. Em novembro de 2019, a Housi, que sequer tinha um ano de existência, recebeu um aporte de R$ 50 milhões do fundo Redpoint Eventures. Desde então, de acordo com Frankel, a Housi anda sozinha da Vitacon – apesar de o executivo acumular o cargo de CEO das duas operações.
Investidores de olho em imóveis
O interesse por imóveis tem sido alto nos últimos meses, mesmo com a pandemia. Uma das explicações é o juro nas mínimas históricas, que barateia a tomada de crédito, especialmente aqueles de longo prazo.
Em São Paulo, por exemplo, já houve uma recuperação das vendas em junho, que estão voltando aos níveis pré-pandemia, segundo o Sindicato da Habitação (Secovi-SP).
O perfil dos compradores de imóveis da Vitacon é de investidores do setor imobiliário. De acordo com Franke, 90% das vendas é para um público desse perfil. “As pessoas estão migrando para o mercado imobiliário como diversificação e sinto que vai ser um ano brilhante para o investimento”, diz ele.
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