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    Dólar sobe quase 2%, após seis quedas seguidas, com tensão entre EUA e China

    Alta do desemprego no Brasil e ruídos comerciais entre as duas principais potências globais contribuíram para a valorização da moeda norte-americana

    Do CNN Brasil Business, em São Paulo*

    O dólar teve a maior alta diária ante o real em três semanas nesta quinta-feira (28), quebrando uma sequência de seis quedas seguidas, com um ajuste em meio à cautela motivada pela tensão comercial entre Estados Unidos e China. No mercado à vista, o dólar subiu 1,95%, a R$ 5,3860. 

    O mercado realizou lucros depois de ter vendido dólares nos seis pregões anteriores, período em que a cotação caiu 8,30% — maior desvalorização para o período desde janeiro de 2009. Também pesaram as tensões políticas no país e a “briga” pela Ptax (média de taxas dos vendedores) de fim de mês.

    No ano, o real perde 25,49% ante o dólar, lanterna entre 34 rivais da moeda dos EUA.

    A moeda acelerou os ganhos perto do fim da sessão, conforme os mercados externos pioraram o sinal, um dia antes de o presidente dos EUA, Donald Trump, realizar coletiva de imprensa sobre a China, num momento de recrudescimento das tensões entre as duas maiores economias do mundo.

    Ulrich Leuchtmann, analista do Commerzbank, disse que “ainda parece provável que, se o mercado voltar a se concentrar no aspecto das relações comerciais, tenderá instintivamente à força do dólar”.

    “O dólar andou caindo muito esses dias; foram seis dias seguidos de queda depois de ter quase ‘arranhado’ aqueles R$ 6”, comentou Álvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital Modalmais. O quadro segue “de volatilidade mesmo, com o mercado absorvendo problemas internacionais e tensões entre EUA e China”, acrescentou.

    Mantendo o sentimento frágil, o parlamento chinês aprovou nesta quinta-feira a imposição da lei de segurança nacional em Hong Kong –medida que poderia fazer com que o centro financeiro global perdesse seu status especial sob a lei norte-americana e provocar forte resposta de Washington contra Pequim.  

    Nos EUA, a economia encolheu a uma taxa anualizada de 5% no primeiro trimestre, maior recuo desde a recessão de 2007 a 2009, enquanto mais 2,123 milhões de norte-americanos solicitaram auxílio-desemprego na semana passada.

    O mercado tende a ficar mais volátil no fim do mês, quando se intensifica a “disputa” entre comprados e vendidos em dólar na B3 em busca de uma Ptax mais conveniente a suas operações. A Ptax é a taxa calculada pelo Banco Central que serve de referência para liquidação de contratos futuros e outros derivativos.

    No Brasil, o desemprego voltou a aumentar e chegou ao maior nível em um ano no trimestre encerrado em abril, com perdas recordes na ocupação, e o número de desempregados atingindo 12,8 milhões, diante das dispensas provocadas pelas medidas de restrição ao coronavírus.

    A taxa de desemprego apurada pela Pnad Contínua chegou a 12,6% entre fevereiro e abril, de 11,2% no trimestre encerrado em janeiro, informou nesta quinta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

    Ruídos políticos 

    Analistas da XP Investimentos chamaram atenção para um “dia de tensões potencialmente elevadas na política”. “As atenções se voltam à reação do Palácio do Planalto e de seus aliados à operação da Polícia Federal (PF) de ontem”, disseram em nota.

    O presidente Jair Bolsonaro voltou a direcionar críticas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e demonstrou irritação com operação da Polícia Federal que, na véspera, cumpriu mandados de busca e apreensão contra pessoas aliadas a ele e acusadas de envolvimento na produção e distribuição e fake news.

    O presidente disse que “não haverá mais outro dia como ontem” e que “acabou”, em referência às operações da PF. Ao ser questionado sobre as falas de Bolsonaro, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), respondeu que “frases como essa apenas criam um ambiente de maior radicalismo entre as instituições e isso é ruim”.

    O real teve a pior performance entre as principais moedas nesta sessão, após dias em que liderou os ganhos, mas o BC não realizou operações extraordinárias no mercado de câmbio.

    Em apresentação divulgada nesta quinta, o diretor de Política Monetária da instituição, Bruno Serra, afirmou que a utilização pelo BC de todo o arcabouço de instrumentos cambiais disponíveis foi positiva e reiterou que o foco da autoridade monetária é no bom funcionamento do mercado. A apresentação de Serra trouxe gráficos que chamaram atenção do mercado financeiro, sobretudo os de saídas de capital do mundo emergente e do Brasil. 

    Na avaliação de estrategistas do JPMorgan, as saídas de recursos do Brasil podem persistir, o que pressionaria o câmbio e as taxas de juros. “Permanecemos neutros em relação ao real, pois a moeda pode se valorizar em meio a um dólar mais fraco globalmente, mas as idiossincrasias e os preços não são particularmente atraentes”, disseram profissionais em nota recente.

    *Com informações da Reuters

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