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    Deloitte: Open banking é oportunidade para bancos e não simples regulamentação

    Estrutura de compartilhamento de dados entra na primeira fase na semana que vem

    Manuela Tecchio, do CNN Brasil Business, em São Paulo

    investimento, bolsa

    Open banking: conceito visa trazer mais agilidade e transparência às transações financeiras
    Foto: Mark Finn/Unsplash

    As empresas e instituições do mercado financeiro precisam encarar o projeto de open banking do Banco Central como uma oportunidade de atrair mais clientes e oferecer produtos mais competitivos, e não apenas se adequar à nova regulamentação. Essa é a opinião do líder de Indústria de Serviços Financeiros da Deloitte, Sérgio Biagini, e seu time de especialistas.

    Embora os grandes bancos sejam obrigados a aderir ao sistema de plataformas integradas, que começa a ser implementado a partir da próxima semana, a participação precisa ser vista como uma oportunidade de transformar os processos para deixar o cliente (e seus dados) no centro de todas as operações.

    O sistema, que entra em vigor ao longo de quatro fases entre novembro deste ano e outubro de 2021, vai permitir e facilitar o compartilhamento de dados de clientes entre bancos, fintechs, telecoms e até marketplaces — tudo após a autorização do detentor dos dados. O conceito, desenvolvido na Inglaterra e hoje aplicado em outros países como Estados Unidos, Canadá, Rússia, Índia e outros, visa trazer mais agilidade e transparência às transações financeiras.

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    “A instituição não pode olhar o sistema como uma simples ‘nova regulamentação’, isso seria investir da forma errada. É olhar para isso como uma janela para melhorar o serviço ao cliente, agregar e reter esse consumidor. Se o banco tem que fazer os ajustes e oferecer os serviços, por uma questão regulatória, então porque não tirar valor disso?”, diz Biagini, da Deloitte.

    Entre os benefícios que os bancos podem extrair dessas novas plataformas, estão possibilidades de entender melhor o momento da vida financeira pelo qual o cliente está passando e assim oferecer produtos de maneira mais assertiva e, mais importante do que isso, calibrar melhor o score de crédito para evitar inadimplência. 

    Do ponto de vista dos desafios que os bancos devem enfrentar ao longo do próximo ano, está a capacidade de trabalhar os dados, seja com marketing, oferta de produto ou retenção de clientes. “Aqueles que realmente focarem no serviço ao consumidor e conseguirem agregar valor vão ser as grandes vencedoras no longo termo”, diz Biagini.

    Depois de entender como trabalhar os dados, vem uma transformação ainda mais profunda: transformar os processos. As instituições precisam colocar o open banking no centro das operações e da dinâmica do dia a dia da empresa. “Isso precisa entrar no DNA das companhias, não é só uma questão de regulamentação, é uma coisa que vem pra mudar realmente as esteiras de processo”, afirma.

    Mas, para realizar todas as mudanças não será  preciso desembolsar quantias absurdas, já que os investimentos em tecnologia e processos digitais “já estão feitos”, segundo o especialista. Com o surgimento das fintechs, todo o mercado financeiro precisou correr para se adaptar ao mundo online e o open banking deve ser apenas mais um (grande) passo nessa direção.

    Foco no consumidor

    Os grandes clientes em potencial para esses novos produtos e serviços seriam as pessoas físicas e os micro, pequenos e médios empreendedores, de acordo com o estudo da consultoria. Isso porque as empresas maiores já utilizam mais de um banco, na tentativa de conseguir taxas de juros melhores e vantagens de crédito. 

    Além disso, tanto clientes pessoais quanto empresas de menor porte devem ser as grandes consumidoras dos PFM (Gerenciador Financeiro Pessoal, na sigla em inglês) nos próximos anos. O serviço nada mais é que uma gestão financeira: reconhecer onde o cliente obtém suas rendas e gasta seu dinheiro para então oferecer melhores soluções de como poupar, comprar e investir.

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    Esse serviço seria potencializado com a capacidade de rastrear todo o capital de uma pessoa física ou empresa, já que os dados seriam compartilhados entre os bancos e instituições. “Atualmente a gente tem um aplicativo para a conta corrente, outro para a poupança, outro para investir. Conseguir uma visão integrada é complicado, você precisa autorizar alguém faça isso para você”, diz o especialista da Deloitte.

    Hoje, a maioria dos cartões de crédito oferece esse tipo de função, ainda que de forma bem simplória: já é possível verificar em qual setor estamos gastando mais.

    O novo fenômeno demonstra o que os especialistas da Deloitte concluíram: os processos e sistemas já estão aí, o open banking vem para tornar a jornada financeira das pessoas mais transparente, rápida e, possivelmente, barata — já que a competitividade entre bancos tende a aumentar.

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