CEO da Disney: ‘fizemos o possível para reabrir parques com responsabilidade’
Em conversa com o CNN Business, Bob Chapek conta como os parques do conglomerado serão diferentes sob as novas diretrizes de saúde, após a pandemia da Covid-19
A Disney World deve reabrir, mas é seguro retornar ao “lugar mais mágico do mundo”? O presidente da Disney (DIS), Bob Chapek, acredita que sim.
Os parques da Disney em Orlando, Flórida, devem reabrir em julho. Magic Kingdom e Animal Kingdom devem reabrir em 11 de julho e EPCOT e Hollywood Studios no dia 15, segundo um comunicado à imprensa enviado em 27 de maio.
As instalações da Disney World, fechadas em meados de março por causa da pandemia de coronavírus, implementarão várias medidas de saúde e segurança para impedir a propagação do coronavírus durante uma reabertura em fases.
O CEO da Disney conversou com o CNN Business sobre a reabertura dos parques e como eles serão diferentes sob as novas diretrizes de saúde. Confira os principais trechos da conversa.
Sou portador de passe anual da Disney World. Explique-me, por favor, por que é seguro para mim e minha família voltar à Disney.
Bom, eu acho que fizemos tudo o que podíamos para reabrir os parques com responsabilidade. Estamos seguindo a orientação de autoridades de saúde locais, estaduais e nacionais, além de nossos próprios médicos bem qualificados para criar um ambiente com novos procedimentos operacionais, novas políticas, fazer novos treinamentos, ter novos padrões de higiene. Tudo para que, quando um visitante entrar, possamos continuar contando com a confiança que sempre tiveram na empresa Walt Disney para aproveitar os parques e criar essas memórias mágicas que duram a vida inteira.
Como serão os parques sob as novas diretrizes de saúde?
Olha, a primeira coisa que vai parecer diferente é que nossos funcionários, o elenco e os visitantes estarão de máscaras, e isso é obviamente algo que não estamos acostumados nos parques. Mas você também verá uma grande quantidade de fitas a cada dois metros de distância em nossas filas, praticamente em todo o parque, para que as pessoas saibam como é essa distância. Vamos ajudar nossos visitantes a manter esse distanciamento social, que é tão importante.
A região central da Flórida fica quente demais durante o verão. Como vocês planejam impor o uso de máscaras dentro dos parques?
Bem, até agora nossa experiência foi que os visitantes foram muito cooperativos no que diz respeito ao uso das máscaras. E acho que isso realmente fará parte do contrato de vir à Walt Disney World em qualquer momento. Nós vamos aplicar essa regra. É para a segurança de todos. Tivemos uma ótima experiência em Xangai. E até agora a experiência em Disney Springs [conjunto de lojas e restaurantes], depois de apenas uma semana, é que os visitantes estão dispostos a usar as máscaras porque sabem que é para o bem de todos. Sabe, eu uso essa máscara praticamente o dia inteiro, e você a esquece depois de um tempo. Acho que isso fará parte de manter da magia.
De acordo com o plano, a primeira fase será de capacidade limitada, mas não há referência de quanto ela seria. Será algo como 25%? 50%?
Bem, ao contrário de Xangai, onde havia mandados governamentais estritos sobre a capacidade permitida na reabertura, não teremos isso aqui na Walt Disney World. Então, o que estamos fazendo é usar o distanciamento social de dois metros para definir qual deve ser essa capacidade. Nossos engenheiros industriais se ocuparam nos últimos meses para descobrir como seria isso, e posso dizer que a capacidade para a reabertura de nossos parques será de fato um pouco menor do que havíamos imaginado, levando em conta essa medida de distanciamento social.
Obviamente, não é rentável operar um parque temático com capacidade limitada. Onde está o equilíbrio?
Bem, não abriremos um parque se não pudermos cobrir nossos custos operacionais. Além disso, temos também a questão de tentar cobrir as despesas gerais e despesas de capital que possuímos. Daremos alguns passos nesse sentido, mas não perderemos dinheiro, como sugere sua hipótese, quando reabrirmos. Apenas não estaremos necessariamente operando com capacidade total.
Vocês abriram Xangai e agora planejam abrir o Walt Disney World em Orlando. Temos alguma informação sobre a Disneyland, na Califórnia, e os demais parques ao redor do mundo?
Estamos seguindo a orientação dos governos locais de Orange County e da Califórnia, que nos aconselharão quando pudermos reabrir. Acabamos de saber nesta semana que estaremos no estágio três, conforme determinado no estado da Califórnia, o que eu acho que é uma boa notícia para os fãs da Disneyland. Mas, especificamente, quando isso acontecerá será resultado de como tudo é interpretado. A gente vai trabalhar com as autoridades estaduais e locais para garantir que isso seja feito de maneira responsável.
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Se se mantiver os parques fechados, elimina-se os riscos de qualquer visitante ou funcionário ficar doente. Infelizmente, isso deixa muitos funcionários sem trabalho. Como equilibrar esses riscos?
Essa é a verdadeira pergunta de um milhão de dólares, aquela com a qual todos os municípios e pessoas que operam parques temáticos tão grandes quanto os da Disney precisam lidar. Estamos confiantes de que operaremos com responsabilidade quando decidirmos reabrir, porque temos uma série gigante de camadas e mais camadas de defesas contra esse vírus.
Vamos fazer verificações de temperatura diariamente em funcionários e pessoas do elenco quando eles vierem trabalhar. No entanto, também enviamos para cada um deles seu próprio termômetro pessoal para que possam medir a temperatura antes de aparecerem para trabalhar. Conversamos sobre máscaras, conversamos sobre distanciamento social, conversamos sobre métodos de limpeza e higienização novos e aprimorados – ainda melhores do que já fazíamos na Disney. Temos tantas camadas de segurança que acreditamos poder reabrir com responsabilidade, mesmo que ainda exista um risco. Cabe a todos avaliar esse risco, de acordo com própria situação pessoal.
A Disney está preparada para fechar novamente se houver uma segunda onda significativa ainda este ano?
Uma das razões pelas quais estamos nos movendo tão devagar, com tanta deliberação e cautela é que esperamos evitar esse tipo de situação e pensamos que, com muita cautela e deliberação, podemos mitigar as chances de isso acontecer.
Os últimos três meses foram inéditos para o mundo, e também para a Disney World. Você se tornou CEO quando a pandemia de Covid-19 virava a economia e a empresa de cabeça para baixo. Como você está pessoalmente liderando essa crise?
Sabe, eu acho que é uma volta às raízes. É voltar ao fato de que temos algo que causa inveja em todas as empresas, que é ter uma das marcas mais fortes – se não a mais forte – da Terra, pessoas incríveis apaixonadas pelo que fazem, pela magica que eles entregam aos nossos visitantes.
Temos uma riqueza inacreditável de franquias e conteúdo que podemos criar para colocar em lugares como o [serviço de streaming] Disney+ ou nos cinemas. Então, de fato, nossa força no passado é nossa força no futuro. E é isso que nos levará a essa restauração da magia. Eu sou otimista sobre o futuro. Sou extremamente otimista sobre a Walt Disney Company e sua capacidade e missão de criar aquelas memórias mágicas que duram uma vida inteira.
Conversamos exatamente há um ano. Você era então o presidente dos parques da Disney Parks e estava abrindo o Galaxy’s Edge. Agora, você é o CEO da Disney e está reabrindo a Disney World. Se conversarmos no próximo ano, sobre o que espera que estejamos falando?
Acho que falaremos sobre a recuperação vibrante do negócio de viagens, o retorno vibrante de hóspedes apaixonados pelas experiências da Disney em todo o mundo e a restauração da magia que todo mundo quer tanto.
Quando os parques reabrirem, qual será a primeira atração que você irá visitar?
O primeiro brinquedo? Eu gosto dos Piratas do Caribe. É uma atração clássica e volto nela sempre que posso.
Contanto que os piratas fiquem a dois metros de distância um do outro.
Piratas têm que ficar a dois metros de distância entre si, sim.
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