Apesar de alta, produção da Vale no 2° tri gera desconfiança sobre metas de 2020
Analistas calculam que volume de produção dos próximos trimestres deve crescer 35% para que a empresa atinja a meta de 2020
A produção da Vale avançou no segundo trimestre, mas ficou abaixo das expectativas do mercado, o que levou alguns analistas a levantarem dúvidas sobre a capacidade da empresa em atingir a meta de produção de minério de ferro em 2020.
A mineradora informou na segunda-feira que produziu 67,6 milhões de toneladas de minério de ferro entre abril e junho, alta de 5,5% na comparação anual e de 13,4% ante o primeiro trimestre, contra estimativa de consenso no mercado de 69 milhões de toneladas, segundo relatório do BTG Pactual.
A Vale reiterou sua meta de produção de finos de minério de ferro neste ano, de 310 milhões a 330 milhões de toneladas, mas disse que o cenário mais provável é que o resultado “fique na extremidade inferior” da projeção.
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“Embora a Vale não tenha revisado para baixo seu guidance de produção de minério de ferro de 310-330 Mt para 2020, nós ainda acreditamos que está parecendo bem desafiador atingi-lo”, escreveram analistas do Credit Suisse na segunda-feira à noite.
Nas contas deles, a empresa precisaria produzir cerca de 91 milhões de toneladas por trimestre no restante deste ano para alcançar a meta, o que significaria um ritmo 35% superior ao registrado no segundo trimestre, ou 21% acima do visto em junho.
“Em suma, acreditamos que o mercado pode agora atribuir uma maior probabilidade de eventual revisão para baixo nas metas de produção da Vale, uma vez que alcançar as projeções agora depende mais do que nunca de um ambiente sem interrupções operacionais no segundo semestre.”
Profissionais do Bradesco BBI classificaram o nível de produção como fraco, embora dentro do previsto devido aos impactos da pandemia de coronavírus, mas também apontaram questionamentos sobre a meta da empresa para o ano.
“Dados os números muito fracos do primeiro semestre e os números ainda voláteis de exportações entre junho e julho, nós acreditamos que será uma tarefa desafiadora para a Vale atingir o intervalo inferior do guidance de 310 Mt (…)”, afirmaram.
Eles também avaliaram que informações apresentadas pela Vale sobre iniciativas em curso para retomada de operações paralisadas na sequência do rompimento de uma barragem da companhia em Brumadinho (MG) em janeiro de 2019 também sinalizam riscos para 2021.
“Enquanto acreditamos que será desafiador atingir 310 Mt neste ano, nós também destacamos que a retomada da produção no próximo ano não deve ser simples. Nós atualmente projetamos produção de 360 Mt em 2021, que vemos como alcançável, mas com riscos de revisão para baixo.”
O BTG Pactual estimou que a produção de finos de minério de ferro da Vale deve somar 306 milhões de toneladas, mas ainda assim destacou não ver motivos para preocupação com a companhia, para a qual reiterou recomendação de compra.
Os analistas do Credit Suisse também seguem otimistas com as ações –eles argumentaram que o mercado de minério de ferro ainda está apertado em termos de oferta e que uma eventual revisão para baixo nas metas de Vale poderia ajudar a sustentar os preços da commodity acima de 100 dólares por tonelada.
As ações da Vale operavam em queda de cerca de 2% às 15h40, enquanto o Ibovespa andava de lado.
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