Contra racismo, Grupo Boticário abandona Black Friday – mas terá Beauty Week
Segundo o presidente do grupo, é obrigação da companhia garantir um portfólio que atenda de maneira ampla a população brasileira
Uma das mais emblemáticas datas de promoções do varejo, a Black Friday tem ajudado inúmeras empresas a engordar o faturamento no final do ano. Não à toa, em 2019, o varejo online brasileiro faturou R$ 3,2 bilhões, segundo a Nielsen.
Motivador, certo? Não para o Grupo Boticário. Por meio de um pronunciamento em sua rede social, Artur Grynbaum, declarou: a empresa não fará mais parte do Black Friday. O motivo? Não há nenhum dado científico que comprove que o termo não se relacione à questão da escravatura.
“Não teremos mais o termo Black Friday no Grupo Boticário. Precisamos de algo maior e essa transformação deve vir por nós”, diz Grynbaum. “Sei que este não é o meu lugar de fala enquanto um CEO homem e branco e, por isso, todo o trabalho é realizado junto ao nosso grupo de afinidade ‘Além da Pele’ e o apoio de muitos especialistas”, reforçou o executivo.
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Para não deixar as marcas do grupo fora da época de promoções, porém, a empresa lançará o “Beauty Week”, que dará descontos aos produtos da companhia no mesmo período que a Black Friday.
Dona de marcas como O Boticário; Eudora; Quem Disse, Berenice?; Beauty Box e Vult, o grupo não descarta, porém, impactos negativos em sua performance com a decisão. Mas, segundo o executivo, é obrigação da companhia garantir um portfólio que atenda de maneira ampla a população brasileira.
“Naturalmente há riscos de perdas para o negócio, há pouco tempo para adaptarmos a estratégia e estamos comprometidos em seguir atendendo as necessidades dos nossos consumidores”, afirma.
O anúncio da companhia vem em linha com iniciativas lideradas pela gigante varejista Magazine Luiza e a multinacional farmacêutica e química, Bayer. Recentemente, ambas anunciaram programas de trainees voltados exclusivamente para profissionais negros.
De acordo com as duas companhias, a iniciativa vem para reparar a desigualdade histórica. Atualmente, a Magalu conta com 53% de pretos e pardos em seu quadro de colaboradores, mas apenas 16% estão em cargos de gerência ou direção.
Convite a outras empresas
Além de anunciar que o grupo não fará mais parte da Black Friday, Grynbaum fez um convite para que outras companhias aderissem o movimento, em prol da equidade racial.
Ainda, em seu texto no LinkedIn, o executivo afirma que a jornada para combater a desigualdade é colaborativa. “Convido mais lideranças empresarias em todo o país a se juntarem a nós e repensarem suas Black Fridays indo além de uma mudança no termo, mas criando um caminho para alcançarmos o sucesso responsável e dar mais uma contribuição para uma nova perspectiva de equidade racial na sociedade”, afirma.
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