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    Pandemia é citada por atrasos em obras no setor elétrico

    Na avaliação da Aneel, o volume de atrasos não é preocupante, já que 83% das obras estão com cronograma em dia ou adiantado

    André Borges, , do Estadão Conteúdo

    O processo de licenciamento ambiental, constantemente citado por empresas como a principal causa de atraso em obras de infraestrutura, perdeu espaço para a pandemia. Hoje, a Covid-19 já é apontada como a principal razão para o descumprimento de cronogramas e pedidos de revisão de contratos.

    O Estadão teve acesso a um balanço realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que analisou o andamento de 115 obras de transmissão de energia em construção no País. O relatório, que foi concluído em dezembro, mostra que, dessas 115 obras, 18 estão em situação crítica e não entrarão em operação na data contratada. Das atrasadas, 12 já deveriam estar em operação.

    A pandemia foi citada 26 vezes pelos empreendedores como a questão mais crítica encarada pelos projetos, sendo a principal causa de atraso em 23% das linhas de transmissão monitoradas. O impacto da Covid-19 tem causado problemas como desmobilização dos canteiros de obra e paralisação decorrente de decretos municipais e estaduais, além de comprometer o fornecimento de materiais e a prestação de serviços.

    “É importante salientar que, de modo geral, ao mesmo tempo que as transmissoras pontuaram tais dificuldades, também se mostraram preocupadas com as questões envolvendo a segurança e saúde dos trabalhadores, indicando as medidas tomadas para a redução de riscos”, afirma o relatório da agência reguladora.

    O licenciamento ambiental, que normalmente atrasa devido à baixa qualidade dos estudos de impacto apresentados pelos próprios empreendedores e pelo governo, foi mencionado em 14 ocasiões.

    Na avaliação da Aneel, o volume de atrasos não é preocupante, já que 83% das obras estão com cronograma em dia ou adiantado. “Por volta de 70% das 115 concessionárias tratadas indicaram alguma expectativa de antecipação da data para entrada em operação comercial. A média observada para as concessões que indicaram antecipação é de aproximadamente 435 dias com relação ao marco contratual para entrada em operação comercial”, afirma a agência.

    Quilombolas

    Dentro do escopo ambiental, o assunto mais mencionado pelos empreendedores diz respeito a áreas que cortam terras quilombolas. “Ainda como ponto crítico e de atenção, o licenciamento ambiental teve bastante destaque nas reuniões, principalmente no que diz respeito a projetos que envolviam regiões quilombolas. Muitas das críticas foram direcionadas à troca do responsável pelo processo de licenciamento nessas áreas, antes gerido pela Fundação Cultural Palmares e que agora é realizado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra)”, informa o relatório.

    Em março do ano passado, a Palmares passou sua atribuição ao Incra. Cerca de 600 processos tiveram de ser transferidos.

     

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