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    Saída da XP abre espaço para Itaú ser mais agressivo em investimentos

    Sem ser dono de quase de metade da XP, o banco poderia trilhar seu caminho de forma mais livre - e tentar conter a perda de clientes para a corretora

    Foto: REUTERS/Amanda Perobelli

    Cynthia Decloedt, Ernani Fagundes e Fernanda Guimarães, do Estadão Conteúdo

    A estratégia de vender aos poucos a participação na XP dará espaço para o Itaú Unibanco ser mais competitivo no setor de investimentos, que ganhou força no País com o juro básico da economia – a Selic – na mínima histórica de 2%.

    Sem ser dono de quase de metade da XP, o banco poderia trilhar seu caminho de forma mais livre – e tentar conter a perda de clientes para a corretora. O mercado reagiu bem ao movimento: as ações do Itaú subiram 4% ontem, fechando o dia a R$ 25.

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    Essa competição entre Itaú e XP fica evidente em números. Também ontem, a consultoria Economática divulgou, com base em dados da Associação Brasileira das Entidades de Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que a gestora de fundos de investimento do Itaú perdeu 76 mil cotistas entre janeiro e setembro de 2020.

    Enquanto isso, a XP ganhou 407 mil novos investidores, no mesmo período. Hoje, há 6 milhões de contas de investimento ativas no País. A XP concentra 2,6 milhões de clientes (43,3%), seguida por BB (20,4%) e Itaú (14%), segundo relatório do Morgan Stanley.

    O dado considera as áreas de renda fixa, multimercados e ações. O “fator XP” é um ponto de insatisfação entre os executivos de alta renda do Itaú Unibanco. Segundo fontes, há a impressão, dentro do banco, de que a sociedade na XP emprestava à corretora a credibilidade do Itaú, dando-lhe mais força.

    Mesmo antes de definir a saída da XP, o Itaú já vinha dando passos próprios em investimentos. O banco vai oferecer aos clientes, a partir deste mês, o app Íon, exclusivo para aplicações.

    Surpresa?

    Na terça-feira, ao anunciar seu balanço do terceiro trimestre, o Itaú surpreendeu o mercado e anunciou um movimento que, na prática, vai pavimentar o caminho para a saída do banco do capital da XP.

    Do total de 46% das ações que o banco detém hoje na corretora, 41% vão ser repassados a uma nova companhia, enquanto os 5% restantes seriam vendidos no mercado de ações.

    A situação entre os sócios não era das melhores desde que o Itaú divulgou uma campanha publicitária em que insinuava que os agentes autônomos de investimento – por serem remunerados por comissões sobre as aplicações que indicam – podem não ter o melhor para o cliente em vista.

    A XP reagiu imediatamente e um mal estar foi criado entre as partes. Além da competição com a XP, o presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher, disse ontem, em teleconferência, que a decisão está relacionada à impossibilidade de compra do controle da corretora – ideia que já foi barrada pelo Banco Central lá atrás, em 2017.

    “Prevíamos que iríamos adquirir o controle e influenciar na gestão na XP”, disse ontem o executivo. Em vez disso, a XP virou “apenas” um investimento financeiro – e dos bons. O investimento do banco na XP já vale dez vezes mais: cerca de R$ 130 bilhões.

    Procurada, a XP não quis comentar o assunto. 

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