Qualicorp e Ambev: 10 ações recomendadas por corretoras para investir em outubro
Mesmo com o desempenho fraco do Ibovespa, papéis da Vale, Qualicorp e Ambev se descolaram do índice e fecharam setembro em alta – e são destaques para outubro
A incerteza sobre os rumos fiscais no país somada à falta de avanço nas reformas propostas pelo governo e ao abalo nas bolsas dos Estados Unidos fizeram com que o Ibovespa encerrasse o mês de setembro com o pior desempenho desde março, quando teve início a pandemia do novo coronavírus por aqui.
O resultado negativo no mês passado, com retração de 4,7%, vai na contramão do otimismo que o mercado tinha para setembro. Após um agosto negativo, a expectativa era que o Ibovespa se fortalecesse e tivesse um crescimento sustentável além dos 100 mil pontos. Não foi o que aconteceu.
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“A situação fiscal do governo brasileiro continuou sendo a principal preocupação dos investidores brasileiros em setembro. Mas, ao contrário de agosto, dessa vez o ambiente externo veio para agravar o mau humor dos investidores”, diz Felipe Silveira, da Capital Research.
Mesmo com o desempenho aquém do esperado, papéis como os da Vale, Qualicorp e Ambev se descolaram do Ibovespa e fecharam o mês no azul. Não à toa, as ações estão entre as mais recomendadas por gestores e entraram na Carteira Recomendada de Outubro do CNN Brasil Business.
Para elaborar a lista, recebemos recomendações de ações e avaliação dos principais setores que os investidores devem ficar de olho. Neste mês, as corretoras que participaram do levantamento foram Santander, Rico, Toro Investimentos, Guide, Genial investimentos, Easynvest, Gauss Capital e Capital Research.
Cada uma delas sugeriu 10 papéis, com peso respectivo de 10%, e analisou cinco setores da economia. As ações que receberam três recomendações ou mais entraram na carteira ou se mantiveram na lista. Entre os papéis que receberam duas recomendações, o critério de desempate para figurar a carteira foi valorização no mês anterior e se já fazia parte da composição da carteira.
A carteira
Mantendo a tendência do mês anterior, as ações que compõem a carteira recomendada do CNN Brasil Business mantém o mote de diversificação. Além de saúde, setores como mineração, alimentos, tecnologia e finanças marcaram as recomendações para o mês de outubro.
Estrante em setembro, a Hapvida foi mantida na carteira de outubro com duas recomendações. Para Henrique Esteter, analista da Guide, os papéis da empresa continuam atrativos pelo crescimento que a companhia tem demonstrado no mercado, bem como a expansão.
Recentemente, a Hapvida anunciou a compra de três ativos, como a Promed, em Minas Gerais; o Plano de Assistência Médica e Hospitalar de Goiás; e a Santa Filomena, do interior de São Paulo.
“A empresa vem se destacando no setor e apresentando um valuation atrativo. Em seus últimos resultados, a companhia demonstrou crescimento saudável, com aumento da aderência dos convênios de saúde e também dos convênios odontológicos”, diz Esteter.
Além da queridinha Vale, único ativo que se mantém na carteira desde a estreia, em maio, os destaques para o mês são a Qualicorp (QUAL3), que estreia no ranking de recomendações, e a Ambev (ABEV3) – que volta para a lista após dois meses.
O olhar atento à Qualicorp não é à toa: a companhia apresentou a quinta maior valorização do Ibovespa em setembro, com alta de quase 9% – enquanto o índice como um todo contraiu 4,7%. Para Jorge Junqueira, da Gauss Capital, os papéis da companhia ainda têm muito espaço para apreciação.
“A Qualicorp continua sendo uma das grandes convicções de nosso portfolio: valuation atrativo, forte geração de caixa, com os primeiros sinais de crescimento de receita e agora a entrada de novos acionistas de referência”, diz Junqueira.
Já a Ambev volta ao radar dos analistas, com a expectativa de retomada nas vendas de cerveja, principalmente com os horários de bares e restaurantes terem sido estendidos.
Ambas as ações assumiram o posto no lugar da Rumo Logística (RAIL3) e Via Varejo (VVAR3), que tiveram em setembro, respectivamente, a quarta e quinta maior desvalorização do mercado – com queda de 15,66% e 15,3%.
Desempenho do mercado
O Ibovespa atingiu em setembro seu pior desempenho desde março, quando as medidas de isolamento social foram anunciadas no Brasil, e o mercado despencou ao temer o impacto da crise.
A reação negativa do mercado se deu diante da incerteza sobre o rumo fiscal do país, principalmente com o anúncio do recente programa criado pelo governo, o Renda Cidadã. No dia em que foi anunciado, por exemplo, o índice encerrou em queda de 2,41%, aos 94.666,47 pontos.
“O mês de setembro tinha iniciado bem, com o governo enviando a proposta da reforma administrativa ao Congresso, demonstrando que a agenda de reformas voltaria à pauta”, diz Felipe Silveira, especialista em renda variável da Capital Research.
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“Mas, desde então não houve avanço relevante. O que se viu depois, na verdade, foi novo aumento da preocupação com a situação fiscal do Brasil e com uma possível retomada da inflação, em parte decorrente da expansão dos gastos do governo (ou seja, do déficit fiscal)”, conclui.
Além das incertezas no cenário interno, setembro foi marcado pelas quedas conscutivas no mercado americano, puxado pelo movimento de corração dos papéis de tecnologia. Nasdaq, que contém a maior concentrações de empresas de tech, chegou a cair quase 12%.
Com esse cenário de fundo, no acumulado do mês, as ações que compõem a carteira teórica do Ibovespa fecharam em queda de 4,7%.
Das cinco ações de maior relevância do Ibovespa, apenas as da Vale (VALE3) subiram em setembro – alta de 3,19% – um dos destaques da carteira recomendada do CNN Brasil Business em setembro.
Enquanto isso, os papéis da Petrobras (PETR4) tiveram a maior desvalorização do Top 5, com queda de 10,42%. A B3 amargou desvalorização de 5,16% e o Bradesco caiu 6,33%.
Entre os destaques do mês passado estão a Localiza, que, após anunciar a fusão com a Unidas, viu suas ações dispararem quase 14%. No mês, a empresa fechou em alta de 17,7%. Na segunda posição, o Grupo Pão de Açúcar cresceu quase 10%, com a animação do mercado de uma possível listagem do Assaí, braço de atacarejo do grupo, na B3.
O que esperar de outubro
Se nos meses de agosto e setembro as notícias para o Ibovespa não foram muito positivas, em outubro, a expectativa é de recuperação.
De acordo com a Mirae Asset, é possível que a bolsa reduza parte das perdas acumuladas no ano, que somam 18%. “Os investidores, porém, aguardam as medidas que serão anunciadas pelo ministro da economia, Paulo Guedes, e que terão grande importância para a análise da situação fiscal do país”, diz o relatório.
Em relação à recuperação da economia mundial (e da brasileira), os analistas apontam que em qualquer sinal de fraqueza, os Bancos Centrais podem ampliar os programas de estímulo. Por isso, os investidores devem continuar monitorando o desempenho e recuperação dos países, afinal, qualquer novo estímulo poderá influenciar o mercado acionário mundial.
No Brasil, a Mirae indica que agenda de indicadores será importante justamente para mensurar o nível de recuperação do país – até para comprovar a economia brasileira engatou de fato a recuperação em V.
Confira, a seguir, o comentário sobre as ações mais recomendadas para o mês de outubro:
B3
Ação: B3SA3
Comentário do analista – Henrique Esteter, da Guide:
Destacamos ainda o poder de diversificação da receita da B3, com fluxo bastante resiliente, com serviços completos de trading, clearing, liquidação, custódia e registro, e posicionamento dominante em derivativos, ações, câmbio, renda fixa e produtos de balcão.
No longo prazo, acreditamos que a B3 continuará diversificando sua atuação no mercado brasileiro, por meio de novos produtos e serviços. Com relação a uma possível concorrência, avaliamos essa possibilidade como pequena no momento, visto que o mercado de capitais brasileiro ainda não possui capacidade para suportar a entrada de um novo player, inviabilizando qualquer tipo de investimento em uma nova bolsa ou casa de clearing que possa afetar o resultado da B3 no curto prazo.
Magazine Luiza
Ação: MGLU3
Comentário do analista – Rafael Panonko, analista-chefe da Toro Investimentos
Acreditamos que o setor de bens de consumo deve continuar mostrando bom resultado, principalmente às empresas que possuem uma maior penetração nas vendas via e-commerce. Nesse quesito acreditamos que a Magazine Luiza (MGLU3) pode continuar na trajetória de valorização no preço de suas ações, pois, a empresa além de reportar um crescimento nas vendas nos últimos resultados, vem focada em aumentar seu market share nas vendas online, diz Rafael Panonko, analista chefe da Toro Investimentos.
Vale
Ação: VALE3
Comentário do analista – Felipe Silveira, especialista em renda variável da Capital Research
O minério tem mostrado uma grande resiliência em relação a outras commodities nessa pandemia. A tendência era que a companhia retomasse o patamar de produção de minério de 2018 entre 2021 e 2022, o que pode ser alterado tendo em vista os efeitos do coronavírus. A Vale já revisou para baixo o guidance para 2020, por exemplo.
A nossa recomendação também está bastante embasada no grande desconto que vemos nos papéis da companhia em relação aos demais players do setor, listados no exterior.
BTG Pactual
Ação: BPAC11
Comentário do analista – Jorge Junqueira, sócio da Gauss Capital:
Acreditamos que a ação sofreu excessiva depreciação por conta de uma janela de ofertas de IPO que se fechou impedindo o esperado fluxo de novas empresas listadas. Acreditamos que esse ciclo apenas foi adiado.
Abaixo do valor de aumento de capital de julho, no qual vimos o banco realizar muito boa alocação de capital e o lançamento do banco digital de varejo, a empresa encontra-se em patamares bastante atrativos.
Ambev
Ação: ABEV3
Comentário do analista – Rafael Panonko, analista-chefe da Toro Investimentos:
Enquanto alguns bares e restaurantes se mantiveram fechados, a Ambev viu seu volume de vendas crescer, ainda que moderadamente, através dos aplicativos de delivery, o que conseguiu sustentar boa parte das perdas de volume no começo da quarentena.
Essa retomada das vendas de cerveja pode trazer indícios de volumes mais sólidos no próximo trimestre, o que pode refletir nos preços do ativo que já deixou pra trás o fundo na região de R$11,00.
Hapvida
Ação: HAPV3
Comentário do analista – Henrique Esteter, da Guide
Acreditamos que os resultados do segundo semestre de 2020, possam continuar com boa performance, em função de uma série de fatores: sendo o primeiro o crescimento do mercado em função do envelhecimento da população; a inflação médica crescendo a patamares mais elevados; o grande controle da sinistralidade em função da verticalidade das operações; e, por fim, a integração dos resultados da São Francisco, maior aquisição realizada pela companhia, Grupo América e RN Saúde.
Bradesco
Ação: BBDC4
Comentário do analista – Felipe Silveira, especialista em renda variável da Capital Research
Não ignoramos a concorrência dos bancos digitais, que devem impactar cada vez mais os números dos grandes bancos, os chamados incumbentes. Porém, vemos alguns segmentos, como crédito, ainda sendo dominado pelos bancões por um bom tempo. No mais, vale mencionar a atuação do Bradesco por meio do Next, o seu banco digital, que passou de 2,7 milhões de contas ao final do 2T20. Em setembro, duas novidades importantes.
O banco lançou a sua carteira digital chamada Bitz, que já fez a sua primeira aquisição, a fintech DinDin. Além disso, o Bradesco fechou com o JP Morgan um acordo para assumir o private banking do banco americano no Brasil.
Locaweb
Ação: LWSA3
Comentário do analista – Henrique Esteter, da Guide
Por fazer parte do setor de tecnologia, a companhia possui vantagem competitiva entre as demais na crise atual. Isso porque, com o isolamento social, a maneira mais segura das pessoas conseguirem se conectar é através da internet. A afirmação é válida também para comerciantes, que tiveram de migrar suas operações para o meio digital.
Como consequência disso, em seu resultado, divulgado recentemente, a companhia anunciou que a base de clientes cresceu fortemente, com avanço de 274% na adição de novas lojas. A Locaweb anunciou também que o GMV expandiu 105% no trimestre.
Por fim, a empresa adquiriu recentemente a Social Miner Internet e informou que segue bem ativa com o pipeline de aquisições, ampliando sua capacidade em diferentes áreas de atuação e podendo destravar ainda mais valor para os ativos da companhia.
Equatorial Energia
Ação: EQTL3
Comentário do analista – Henrique Esteter, da Guide
A empresa possui bom histórico de performance e apresentou um resultado robusto referente ao 2T20, que veio levemente acima da expectativa do mercado. Neste, a cia atingiu, de forma consolidada, lucro líquido de R$ 406 milhões, aumento de 18,6%.
Baseada nos pilares detalhados acima, sustentamos nossa recomendação no papel e acreditamos que a empresa deve continuar obtendo boa performance no curto e médio prazo.
Qualicorp
Ação: QUAL3
Comentário do analista – Jorge Junqueira, sócio da Gauss Capital:
A companhia segue sendo uma das grandes convicções de nosso portfolio: valuation atrativo, forte geração de caixa, com os primeiros sinais de crescimento de receita e agora a entrada de novos acionistas de referência, vemos que a ação ainda tem bastante espaço para apreciação.
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