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    Governo tenta contornar debandada na Economia com vídeo motivacional e anúncios

    Planalto tenta imprimir a imagem de que ‘o grupo está unido e debaixo do mesmo teto’

    O ministro da Economia, Paulo Guedes, ao lado do presidente Jair Bolsonaro
    O ministro da Economia, Paulo Guedes, ao lado do presidente Jair Bolsonaro Foto: Ueslei Marcelino/Reuters (27.abr.2020)

    Basília Rodriguesda CNN

    Um vídeo de quase 2 minutos foi compartilhado neste fim de semana em grupos de ministros do governo de Jair Bolsonaro, com imagens de brasileiros que superaram grandes desafios e a narrativa de que o governo conseguirá fazer o mesmo. Após demissões na equipe econômica, dúvidas quanto ao teto de gastos e intriga entre auxiliares, interlocutores do Planalto tentam imprimir a imagem de que “o grupo está unido e debaixo do mesmo teto”. Também negam que exista clima de animosidade entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes. Mas reconhecem que a palavra “debandada”, dita pelo ministro, acabou não pegando bem.

    No vídeo, após pausa dramática, o narrador afirma “porque desgraça é a matéria prima dos maus e infelizmente não vão parar. Felizmente nós também não”. O material é apócrifo mas repete a narração de vídeos institucionais de governo e a captura de imagens.

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    A cena da facada no presidente Jair Bolsonaro, de 2018, é seguida de imagens históricas que o Brasil viveu no esporte. Aparecem o maratonista Vanderlei Cordeiro, em 2004, quando foi empurrado da pista durante a maratona das Olimpíadas de Atenas, e também o jogador Ronaldinho quando rompeu os tendões do joelho em campo – o que colocou em risco o desempenho da seleção na disputa pelo penta campeonato. Na sequência, o vídeo com espírito motivacional mostra um contexto de vitórias, como na Copa do Mundo de 2002, com a conquista do título.

    “Desde o início, caminhamos juntos em busca de um Brasil melhor com menos corrupção e mais oportunidades. Sempre soubemos que eles tentariam de tudo para nos parar”, afirma o narrador. “Mesmo agora no momento mais difícil, vamos continuar fazendo de tudo para ajudar quem mais precisa, sem marketing sensacionalista e sem discursos políticos porque foi ela que nos trouxe até aqui”.

    O material critica a cobertura da imprensa sobre a crise como a divulgação do bloqueio de contas de apoiadores de Bolsonaro na internet e, ao mesmo tempo, o vídeo também usa as notícias de jornal como registro de realizações do governo, a exemplo do que a imprensa publicou sobre o pagamento do auxílio emergencial. “Não faltaram recursos destinados às necessidades que essa crise criou”, afirma o vídeo.

    Debandada

    Para contornar a debandada, houve conversas entre o ex-secretário de desburocratização Paulo Uebel, que pediu demissão, e a Petrobras para que ele fosse reintegrado à equipe econômica mas por outra porta, como executivo da estatal. No entanto, pesou a impressão do presidente da empresa, Roberto Castelo Branco, sobre ter ou não confiança em Uebel, afirmam interlocutores de Guedes. Com isso, o retorno dele à equipe, que chegou a ser ensaiada, subiu no telhado.

    Na próxima semana, o Planalto quer anunciar a liberação de empréstimos por meio de maquininhas de cartão de crédito. A ideia tramitou no Congresso e Bolsonaro se prepara para sancionar, com a intenção de mostrar que a agenda de medidas econômicas contra o coronavírus e a de reformas não parou.