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    Selic não deve cair muito mais, mas pode ficar perto de 2% por muito tempo

    Banco Central cortou os juros básicos para 2%, nova mínima histórica, e, para analistas, a taxa não deve voltar para mais do que isso até fim de 2021

    Sede do Banco Central, em Brasília (16.mai.2017)
    Sede do Banco Central, em Brasília (16.mai.2017) Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

    Juliana Elias, do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Sem surpresas, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) cortou mais uma vez a taxa Selic na reunião desta quarta-feira (5) e reduziu os juros básicos do país dos 2,25% para 2% ao ano

    O corte, que renova a mínima histórica dos juros brasileiros, era esperado pela grande parte do mercado. A questão, agora, é saber em quanto mais o BC está disposto a baixar a taxa e, principalmente, quando a economia e o emprego estarão fortes o suficiente para que ela possa voltar a subir algum dia.

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    Para alguns analistas, os recados deixados pelo comitê do BC em seu comunicado sobre a decisão indicam que novos cortes na Selic, se houver, serão pequenos, e que ela não deve voltar para cima dos 2% tão cedo. 

    “Entendemos que os juros devem ficar nesta faixa pelos próximos 12 a 18 meses, a não ser que as expectativas de inflação voltem a subir”, disse o economista-chefe da gestora Mauá Capital, Alexandre Ázara.

    “Não achamos que essas expectativas vão subir, e por isso o mais provável é que o BC só volte a aumentar a Selic no meio do segundo semestre do ano que vem.”

    A projeção da Mauá é que o BC volte ainda a fazer um pequeno corte de 0,25 ponto neste ano, encerrando 2020 com a Selic a 1,75%. A principal razão para isso é a inflação, que, puxada pela enorme paralisia que a pandemia levou ao consumo, deve encerrar o ano também muito baixa, por volta de 1,6%, a menor em mais de duas décadas.

    No ano que vem, conforme o consumo se recompõe, mesmo que lentamente, e os preços voltem a subir um pouco mais, os juros podem voltar para a casa dos 3,25%, na projeção inicial da Mauá. É, ainda sim, um patamar bastante baixo para os padrões históricos do Brasil.

    Em seu comunicado, o Copom apontou que o espaço para novos cortes da Selic, “se houver, deve ser pequeno”. O texto indicou também que o grupo não deve voltar a subir os juros “a menos que as expectativas da inflação (…) estejam suficientemente próximas da meta”. 

    É justamente isto que Ázara e outros economistas acham difícil de acontecer, dado que a inflação atual está completamente distante do objetivo. A meta é um alvo anual para a inflação estipulado pelo governo para guiar as políticas de estímulo e evitar que os preços saiam de controle.

    Para 2021, esta meta é de uma inflação a 3,75%, enquanto tanto as projeções de analistas quanto a do próprio Copom é de que ela fique em 3% no ano que vem. O que o Copom está dizendo é que só vai voltar a subir juros se analistas e investidores voltarem a achar que a inflação pode chegar mais perto dos 3,75%,  

    Neste ano, já é dado como certo que a variação dos preços ficará abaixo dos 2% e nem mesmo o piso a ser perseguido será cumprido – para 2020, a meta para a inflação é de 4%, com uma banda de tolerância entre 2,5% e 5,5%.

    “Os juros devem continuar baixos por um longo, longo tempo”, disse o economista José Luis Oreiro, professor da Universidade e Brasília (UnB). 

    Mais pessimista que boa parte do mercado, Oreiro não acredita que o Brasil tem fôlego para voltar a crescer mesmo no ano que vem, se não continuar contando com injeções de ajuda como a do auxílio emergencial de R$ 600, que deverá ser encerrado ou reduzido até lá.

    A projeção de Oreiro é que o PIB cresça apenas 1% em 2021, mesmo ritmo lento com que a economia já vinha crescendo nos últimos três anos. Entre as alas mais otimistas das bancadas financeiras, há projeções de crescimento de 2% ou mesmo 3% em 2021. 

    “Se o Brasil voltar a crescer a um ritmo de 1% ao ano no ano que vem, ele só irá recuperar o nível de renda que tinha em 2014 em 2033”, disse “É por isso que os juros poderão ser baixos por muito tempo. Talvez pudessem voltar para perto dos 3% daqui a cinco anos.”

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