Banco Central espera reversão da alta de preços de alguns produtos
Em ata publicada nesta terça, o Comitê afirmou que " mantém o diagnóstico de que esse choque é temporário, mas monitora sua evolução com atenção"
Apesar de admitir que a inflação do país avançou mais do que o esperado nos últimos meses, o Banco Central ainda vê alta de preços como um “choque temporário”. “Espera-se a reversão na elevação extraordinária dos preços de alguns produtos, afetados por redução provisória na oferta em conjunção com um aumento ocasional na demanda”, diz a ata da 234ª reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), publicada nesta terça-feira (3).
“Dessa forma, apesar de a pressão inflacionária ter sido mais forte que a esperada, o Comitê mantém o diagnóstico de que esse choque é temporário, mas monitora sua evolução com atenção”, completa o documento. Na última reunião, o comitê optou pela manutenção da taxa básica de juros, a Selic, no menor patamar histórico de 2% ao ano.
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Vale destacar que uma inflação fora do controle poderia levar o Copom a iniciar o movimento de alta dos juros mais cedo do que o esperado.
Na visão do comitê, a recuperação da economia brasileira será desigual entre os diversos setores produtivos. Apesar da ajuda que programas emergenciais do governo para a recomposição de renda têm dado para a retomada do consumo de bens duráveis e do investimento, setores mais afetados pelo distanciamento social, como serviços, permanece deprimidos.
“A pouca previsibilidade associada à evolução da pandemia e ao necessário ajuste dos gastos públicos a partir de 2021 aumenta a incerteza sobre a continuidade da retomada da atividade econômica”, destaca. Na visão do Copom, junto aos riscos da evolução da pandemia, a imprevisibilidade pode levar a uma retomada ainda mais gradual da economia.
“O Comitê concluiu que a natureza da crise provavelmente implica que pressões desinflacionarias provenientes da redução de demanda podem ter duração maior do que em recessões anteriores”, acrescenta.
Novos cortes podem gerar instabilidade
Apesar de ter deixado a porta “entreaberta” para novas reduções da taxa de juros, o comitê considera que o atual nível de estímulo monetário está adequado. Além disso, a maioria dos membros do Copom considera que o Brasil já está próximo do nível a partir do qual reduções adicionais na Selic poderiam ser acompanhadas de instabilidade nos preços de ativos.
O Copom voltou a dizer que “o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno”. A avaliação é de que essa sinalização está ligada “às restrições de caráter prudencial para movimentos de redução da taxa básica de juros e, portanto, precisa ser mantida na comunicação”.
De acordo com a ata, o comitê concluiu que a reavaliação do mecanismo de foward guidance, que condiciona a não elevação dos juros à manutenção do atual regime fiscal, ocorreria mesmo que o Teto de Gastos seja mantido.
“O Comitê refletiu que alterações de política fiscal que afetem a trajetória da dívida pública ou comprometam a âncora fiscal motivariam uma reavaliação, mesmo que o teto dos gastos ainda esteja nominalmente mantido. Essa reavaliação seguiria o receituário do regime de metas para a inflação, sendo baseada na avaliação da inflação prospectiva e de seu balanço de riscos”, esclareceu.
Cenário externo desacelera
Na avaliação do Copom, no cenário externo, há uma desaceleração de alguns setores produtivos. “Em parte devida à ressurgência da pandemia em algumas das principais economias. Há bastante incerteza sobre a evolução desse cenário, frente a uma possível redução dos estímulos governamentais e à própria evolução da Covid-19”, explica a ata.
Segundo o comitê, junto à redução de estímulos governamentais, a segunda onda de Covid-19 pode interromper a recuperação da demanda, adicionando risco à retomada econômica. “O Comitê ponderou que há, contudo, bastante incerteza sobre a evolução desse cenário”, ressalta.
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