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    ‘Vivemos um pequeno boom no mercado imobiliário’, diz CEO de imobiliária

    O executivo acredita que esse miniboom seja sustentável, mas alerta que um fator de risco é a forte pressão inflacionária n

    Por Márcia De Chiara, do Estadão Conteúdo

    Um alinhamento favorável de fatores, como juro baixo, disponibilidade de crédito e revalorização do papel da moradia que veio com a pandemia, provocou um miniboom no mercado imobiliário, segundo Marcello Romero, CEO da Bossa Nova Sotheby’s International Realty, imobiliária especializada em imóveis de luxo.

    Na sua avaliação, o movimento foi mais acentuado no segmento de alto padrão. O executivo acredita que esse miniboom seja sustentável, mas alerta que um fator de risco é a forte pressão inflacionária que há no setor e os efeitos sobre lançamentos. A seguir, os principais trechos da entrevista.

     

    Qual é a sua avaliação do mercado, de uma maneira geral?

    O que estamos experimentando é um miniboom. Ele está ocorrendo porque reunimos condições muito interessantes para a retomada da compra de imóveis. Nos últimos anos, entre 2015 e 2019, passamos por um período complicado.

    A taxa básica de juros, a Selic, na casa de dois dígitos fazia com que as pessoas deixassem o dinheiro aplicado na renda fixa, com praticamente zero de risco.

    E taxa Selic baliza os juros do crédito imobiliário, que também estavam elevados. Além disso, havia bastante incerteza, impeachment, greve dos caminhoneiros. Todos esses fatores seguraram o mercado durante esse período.

    E o que mudou?

    A taxa básica de juros caiu para 2% ao ano, o piso histórico, e o crédito imobiliário acompanhou. Com isso, deixar o dinheiro aplicado na renda fixa passou a não ser bom negócio.

    Inclusive, com os juros do crédito imobiliário baixos, as pessoas começaram a repensar se vale a pena alugar uma moradia ou adquirir um imóvel. Muitas vezes a prestação do financiamento é menor do que o valor do aluguel.

    Nesse cenário de juro baixo, qual foi o efeito da pandemia?

    A pandemia fez com que as pessoas repensassem o seu modo de viver e a moradia, mesmo com toda a incerteza que ela provocou. Com isso, a demanda pela compra de imóvel começou a se mostrar maior do que a oferta.

    Além disso, há crédito imobiliário e os juros são baixos. Houve um alinhamento de fatores que permitiu a retomada do mercado mesmo num cenário de pandemia.

    Esse movimento foi acentuado para os imóveis de maior valor?

    Sim. A oferta não cresceu nos últimos anos para esse segmento. Por causa da crise, as incorporadoras focaram os lançamentos no segmento intermediário. Também há uma dificuldade gigantesca no segmento de alto padrão para formar áreas.

    Levam dois, três, quatro, até oito anos para colocar um empreendimento desse porte de pé. Há escassez de terrenos. No caso de condomínios de campo de alto padrão a 100 quilômetros de São Paulo, não há novos empreendimentos lançados.

    Neste caso, levam cinco, dez anos para se ter um novo empreendimento, por conta de encontrar a área adequada, comprar a terra, aprovar o projeto, obter a licença ambiental. Por causa da pouca oferta desse tipo de imóvel, os preços aumentaram assustadoramente. A alta foi de 300% no último ano.

    Esse miniboom se sustenta?

    Sim. Mesmo que houver uma escalada gradual dos juros básicos, a previsão é que a Selic chegue ao final do ano entre 5% e 6%. O crédito imobiliário deve acompanhar essa subida de forma gradativa. Não vamos ter de volta de juros na casa de dois dígitos.

    O dólar médio deve permanecer cotado entre R$ 5,20 e R$ 5,30. Nesse cenário, o mercado imobiliário continuará sendo uma oportunidade e deve se manter aquecido, especialmente o segmento de alto padrão.

    Qual o fator de risco?

    Um ponto de atenção é a inflação do setor. O índice que mede a inflação da construção civil, o INCC, está bastante pressionado. Por causa dessa pressão, os incorporadores estão revendo as estratégias de lançamentos, na expectativa de que, com o avanço da vacinação, a indústria de insumos volte à normalidade e a pressão inflacionária diminua.

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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