Dólar fecha no segundo maior valor da história, a R$ 5,30
Tensão no clima político agrava o sentimento de risco dos mercado em dia negativo no exterior com colapso nos preços do petróleo
Em dia de instabilidade no exterior, especialmente no setor de óleo e gás, o dólar avançou 1,4% nesta segunda-feira (20), chegando a R$ 5,30. É a segunda maior cotação da história. Por aqui, a tensão política entre Jair Bolsonaro e os outros poderes também ajudou na perda de valor da moeda brasileira.
O Banco Central entrou no mercado com venda de 500 milhões de dólares em operação no mercado à vista. A divisa saiu das máximas, mas recuperou mais da metade do terreno perdido após o leilão.
Como dito, os holofotes do dia se voltaram para o petróleo. O primeiro vencimento do futuro do barril negociado nos Estados Unidos fechou a menos 37,63 dólares, um declínio de cerca de 305%, ou de 55,90 dólares. Na mínima, o preço desceu a menos 40,32 dólares, um recorde, com vendedores pagando a compradores para que fiquem com o insumo. O tombo decorre do cenário de excesso de oferta e falta de demanda por causa da crise do coronavírus.
“O pano de fundo continua a ser a queda significativa de demanda devido à quarentena resultante da pandemia da COVID-19, que supera em muito os esforços de controle de produção da Opep+ anunciados até o momento”, explicou em nota a XP Investimentos sobre o baque nos contratos.
Tensão política
Enquanto isso, no Brasil, o domingo foi marcado por protestos a favor de intervenção militar, que contaram com fala polêmica de Jair Bolsonaro. O presidente afirmou a manifestantes que participaram de ato em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília, que acabou a “época da patifaria” e do que costuma chamar de “velha política”.
Em resposta, amargando ainda mais as tensões entre o Executivo e o Legislativo, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou na noite de domingo que além do coronavírus, o país precisa combater o vírus do autoritarismo e que não há tempo a perder com “retóricas golpistas”.
“A participação do presidente Bolsonaro na manifestação que pedia o fechamento do congresso piora a já frágil situação política do país e municia os grupos contrários ao presidente nas diversas frontes”, disse em nota a Infinity Asset.
“Ainda que a relação política que tem se desenhado neste momento seja muito mais complexa do que salta às vistas, o fato do presidente ‘escorregar em cada casca de banana’ que põem em seu caminho dificulta o necessário diálogo para o futuro das reformas necessárias ao Brasil para o longo prazo. Desgastes desnecessários.”
Nesta segunda-feira, Bolsonaro negou que a manifestação tivesse viés antidemocrático e repreendeu um apoiador que pediu o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF), ao mesmo tempo que disse esperar que esta seja a última semana de medidas de isolamento para conter o coronavírus.
Menos estrangeiros e juros baixos
Somada às consequências econômicas das medidas de contenção do coronavírus, um cenário de pouco investimento estrangeiro e juros baixos, as tensões políticas no Brasil têm sido apontadas como fator para a ampla força do dólar, que já acumula alta de mais de 30% em 2020.
No último pregão, na sexta-feira, a moeda norte-americana à vista fechou em queda de 0,39%, a 5,2359 reais na venda.
A partir desta segunda-feira, o Banco Central (BC) realizará leilões de swap cambial tradicional para fins de rolagem integral dos contratos vincendos em junho de 2020. Nesta sessão, serão aceitos até 10 mil contratos.
*Com informações da Reuters