Arrecadação de tributos sobre salários sinaliza melhora do emprego formal
Queda das receitas com contribuição previdenciária na comparação anual passou de 40% em maio e junho para 10% no mês passado, revela Receita Federal
Nas crises econômicas, costuma-se dizer que o mercado de trabalho resiste um pouco mais do que os indicadores de atividade. Da mesma forma, quando a economia começa a se recuperar, os dados de emprego levam mais tempo para reagir. Esse fenômeno é particularmente acentuado no Brasil, dado que o custo de contratação e de demissão em vagas formais é mais elevado no país.
Os dados da arrecadação federal de tributos em julho, divulgados nesta quinta-feira (20) pela Receita Federal, indicam que o fenômeno começa a acontecer na crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. Em tese, para sinalizar que o emprego formal está piorando menos.
Tributos que incidem sobre os salários amenizaram a queda em julho na comparação anual em relação aos meses anteriores. As receitas com a cobrança da contribuição previdenciária somaram R$ 30,644 bilhões em julho, queda real (descontada a inflação) de 11,38% em relação ao mesmo mês de 2019.
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Em junho, essas receitas haviam ficado em R$ 22,201 bilhões, com uma queda de 39%; em maio, somaram R$ 21,431 bilhões (recuo também de 39%).
Em fevereiro, mês que antecede o início das medidas de quarentena em todo o país, as receitas previdenciárias haviam ficado praticamente estáveis, em R$ 35,353 bilhões.
Outro importante tributo sobre os salários é o Imposto de Renda de Pessoa Física: a arrecadação somou R$ 8,956 bilhões em julho, com uma queda de 9,16% em relação a um ano antes. A queda havia sido também da ordem de 9% em junho, embora na metade do ritmo em maio.
Pior julho desde 2009
Contando todos os tributos, a arrecadação do governo federal teve queda real (descontada a inflação) de 17,7% em julho sobre igual mês do ano passado: ficou em R$ 116 bilhões. Foi o pior desempenho para o período desde 2009 e veio levemente abaixo da expectativa de analistas.
A performance consolidada representou uma evolução em relação às fortes quedas vistas em abril (-28,79%), maio (-32,52%) e junho (-29,59%), sob os efeitos da Covid-19.
No acumulado dos sete primeiros meses do ano, a arrecadação teve recuo de 15,2% sobre o mesmo período do ano passado, em termos reais, para R$ 781,956 bilhões.
(Com Reuters)
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