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    Ricardo Eletro: quem é o ambicioso empresário que fundou a varejista

    Ricardo Nunes foi preso nesta manhã em operação policial sob acusação de sonegação fiscal

    Marcelo Sakate, , Do CNN Brasil Business, em São Paulo

    O mineiro Ricardo Nunes, preso nesta manhã em operação da Polícia Civil, do Ministério Público Estadual e da Receita Estadual acusado de sonegação fiscal, é um conhecido empresário do varejo nacional.

    A empresa que fundou, a Ricardo Eletro, faz parte do grupo das maiores redes que vendem eletrodomésticos no país há mais de duas décadas.

    Nunes e seus familiares deixaram de ser acionistas da Ricardo Eletro no ano passado, segundo nota enviada pela assessoria da empresa.

    Nunes fundou com apenas 19 anos a empresa que leva seu primeiro nome, a Ricardo Eletro, em 1989, na cidade de Divinópolis, no interior de Minas Gerais. De origem humilde, com 12 anos ele vendia tangerinas colhidas no quintal de sua casa para ganhar dinheiro. Desenvolveu ali uma de suas marcas registradas: é um vendedor nato, hábil na arte do convencimento. E agressivo e ambicioso como empresário.

    A rede varejista especializada em eletrodomésticos cresceu pelo interior até chegar à capital mineira dez anos depois da fundação.

    A empresa manteve uma trajetória de crescimento ao longo da década de 2000, especialmente na segunda metade, acompanhando o forte aumento de vendas no comércio que marcou o segundo mandato do governo Lula, estimulado pelo crédito. Com visão empresarial, Nunes lançou seu um canal de vendas pela internet em 2008, ampliando o portfólio de produtos para além de eletrodomésticos.

    Em 2010, Nunes deu a sua cartada empresarial mais ambiciosa: acertou uma fusão com a Insinunante, uma rede varejista baiana com forte presença nos Estados do Nordeste e do Norte. Foi criada naquele momento a holding Máquina de Vendas, com faturamento anual estimado em R$ 5 bilhões e mais de 500 lojas espalhadas por 200 cidades.

    Outras três redes regionais foram adquiridas na sequência, a City Lar, a Eletroshop e a Salfer.

    Era um momento de forte crescimento da economia brasileira, com base nos pilares do aumento do poder de consumo da classe C e do interior do país. A Máquina de Vendas se posicionava como uma rede capaz de rivalizar com gigantes como a união formada pela Casas Bahia com o Ponto Frio (que deu origem à Via Varejo) e o Magazine Luiza.  

    Mas os problemas não tardaram a aparecer. Em um setor com margens de lucro baixas, a complexa tarefa de integração das redes varejistas não trouxe os ganhos de sinergia esperados. A Ricardo Eletro, por sua vez começou a acumular prejuízos em decorrência de uma gestão que não era tão eficiente, segundo analistas de mercado apontavam naquela época.

    Em 2016, a Máquina de Vendas adotou o nome de sua rede mais famosa, a Ricardo Eletro. A mudança de nome não evitou que as dificuldades financeiras persistissem. Dois anos mais tarde, a companhia entrou com pedido de recuperação extrajudicial, com dívidas estimadas em R$ 2,5 bilhões com bancos e fornecedores.

    Nunes enfrentou também problemas no campo pessoal. Em 2011, chegou a ser condenado a 3 anos e 4 meses de prisão pela Justiça Federal por corrupção ativa. Segundo a denúncia da Procuradoria da República, ele teria subornado um funcionário da Receita Federal para evitar uma autuação. O empresário recorreu na segunda instância e foi então absolvido.

    Outro lado

    Atualmente, a Ricardo Eletro pertence a um fundo de investimento.

    A empresa afirmou por meio de nota que a operação realizada nesta quarta tem relação com processos anteriores à gestão atual e diz respeito a supostos atos praticados por Ricardo Nunes e familiares, sem ligação com a companhia. E afirmou que reconhece parcialmente as dívidas com o Estado de Minas Gerais.

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