Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Com conta digital e marketplace, Riachuelo quer desenvolver superapp de moda

    Em entrevista ao CNN Brasil Business, Oswaldo Nunes, presidente da Guararapes, indica que a empresa quer seguir os passos das maiores varejistas do país

    Oswaldo Nunes, presidente da Guararapes, dona da Riachuelo
    Oswaldo Nunes, presidente da Guararapes, dona da Riachuelo Foto: Divulgação/Guararapes

    Leonardo Guimarães, do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Criação de um marketplace, uso das lojas como centros de distribuição, expansão de produtos para além do varejo e aquisição de startups. Parece que estamos falando de varejistas como Magazine Luiza e Via Varejo, mas tudo isto faz parte do planejamento da Riachuelo, que está replicando estratégias vencedoras no varejo de moda. 

    Em entrevista ao CNN Brasil Business, Oswaldo Nunes, presidente da Guararapes, dona da Riachuelo e Midway Financeira, falou sobre o cenário atual para seu negócio e as novidades que a loja de moda está preparando. 

    Na conversa sobre a retomada econômica, sem novidades: a recuperação do varejo de moda, que vive um momento difícil, depende do ritmo da vacinação contra a Covid-19. 

    As novidades estão mesmo no planejamento da Riachuelo para o próximo ano de operação, com destaque para a conta digital do seu braço financeiro, a Midway, e a criação de um marketplace. 

    Tudo aponta para a Riachuelo se tornando um superapp de moda, com uma plataforma com todos os serviços de que os clientes do segmento precisam. 

    Primeiro passo: o marketplace

    É impossível pensar em um grande varejista do mundo digital que não opere um marketplace. Amazon, Magazine Luiza, Mercado Livre, Via Varejo e Americanas.com abrem suas plataformas para que outros lojistas vendam. 

    No começo deste mês, a Guararapes (GUAR3) começou a operar um marketplace. Com esta plataforma, a Riachuelo pode ganhar em tráfego no seu site e cobrar uma comissão pelas vendas de parceiros. 

    No primeiro ano de operação, a Riachuelo vai focar na aquisição de parceiros nos segmentos de produtos para casa e moda infantil, que, segundo Nunes, são categorias “muito resilientes”. Ele justifica: “Com o isolamento, cresceu o consumo de itens para a casa”. Sobre as roupas para os pequenos, a explicação é ainda mais simples: “As crianças não pararam de nascer e crescer”. 

    Por enquanto, a prioridade é adicionar ao marketplace lojas que oferecem itens com maior valor agregado que os da Riachuelo, “para complementar o posicionamento da marca nessas categorias e aumentar o sortimento de produtos”. 

    Das categorias que são prioridade, já estão integradas à nova plataforma marcas como Lilica Ripilica, Tigor T Tigre e FOM. O marketplace já tem parceiros de outros segmentos, como moda masculina e feminina, moda esportiva, eletrodomésticos, móveis e eletrônicos.

    Para atrair mais parceiros, a empresa aposta em sua base de quase 11 milhões de clientes ativos como um atrativo. “Já somos uma marca forte nacionalmente e destino para milhões de clientes. Temos que olhar para os ativos que já temos em casa”, diz Oswaldo Nunes.  

    Novo papel das lojas 

    Parte importante da estratégia de transformação digital da varejista foi transformar suas lojas em centro de distribuição. Hoje, todas as 337 lojas da marca conseguem enviar os produtos direto para a casa dos clientes. 

    “A transformação digital trouxe uma evolução no papel das lojas físicas”, comenta Nunes. O executivo conta que a estratégia de integrar as lojas ao e-commerce permitiu a redução no tempo de entrega e no custo do frete para o cliente final. 

    O balanço da Guararapes no primeiro trimestre mostra que os investimentos tiveram um custo. As despesas operacionais cresceram 7,3% em relação ao primeiro trimestre de 2020, com os gastos com fornecedores disparando 140%. 

    “Houve crescimento importante das despesas operacionais, que é parcialmente explicado pelos investimentos em novas estruturas necessárias para suportar a transformação digital”, afirma Nunes, que minimiza: “Nosso investimento é menor na comparação com grandes players do varejo de moda. No ano passado, dos R$ 365 milhões investidos, R$ 252 mi foram em tecnologia”. 

    Riachuelo loja
    Loja da Riachuelo no Shopping Morumbi, em São Paulo
    Foto: Divulgação/Riachuelo

    Conta digital nas lojas

    A estratégia da Riachuelo ficou mais parecida com a de outros grandes players do varejo nacional quando a empresa começou a investir pesado fora do varejo. O caminho para se tornar um super app passa por uma conta digital, lançada pela Midway, o braço financeiro do grupo, no último dia 5. 

    A conta já nasce com cartão de crédito e débito, empréstimo pessoal e todos os serviços básicos de uma conta bancária. Segundo Nunes, a empresa está fechando uma parceria para oferecer também crédito consignado. 

    A ideia da Midway é acessar a base de clientes ativos da Riachuelo. O público-alvo são mulheres de 30 a 40 anos. 

    Parte do novo papel da loja física é apoiar a estratégia da financeira. Sabe quando os vendedores oferecem ao cliente a possibilidade de “fazer o cartão da loja”?  O CEO da Riachuelo fala em uma espécie de evolução do modelo, com colaboradores mais “empoderados”, munidos de informações sobre os clientes. 

    A ideia é que quem atender o consumidor na loja saiba, no momento do fechamento de uma compra, por exemplo, qual a necessidade daquele cliente. Com a integração de todos os produtos do grupo, o vendedor receberá a informação de que aquele cliente tem a tendência de aceitar um empréstimo, por exemplo. Eles também vão conseguir acessar o histórico de navegação do consumidor no e-commerce e saber se ele abandou um carrinho, oferecendo a possibilidade de conhecer o produto pessoalmente. 

    “A grande vantagem é analisar diariamente tudo o que o cliente está consumindo, não só no portfólio de produtos da financeira, mas também do varejo”, comenta Oswaldo Nunes. 

    Aquisições 

    O varejo de moda foi um dos setores mais comentados em abril, quando a Arezzo tentou comprar a Hering, que, no fim das contas, foi adquirida pelo Grupo Soma. Rumores sobre uma aquisição de Marisa ou C&A pela Renner ainda correm no mercado. Mas Nunes garante que a Riachuelo não está nesta corrida e lembra que, “historicamente, o grupo cresceu de maneira orgânica”. 

    Startups, porém, estão no radar. A empresa criou uma área de M&A (sigla em inglês para fusões e aquisições) “para apoiar a transformação digital”. Empresas de tecnologia devem ser o próximo alvo da gigante de moda –segundo o CEO da Riachuelo, agora, todas as empresas devem ser empresas de tecnologia.