Em pior trimestre da história, Latam segue Azul e Gol e tem prejuízo bilionário
No fim de junho, a dívida financeira da Latam, que passa por processo de recuperação judicial, chegou a US$ 6,8 bilhões
O turismo é um dos setores mais afetados pela pandemia de Covid-19. Com aeroportos vazios e aviões parados, as aéreas têm prejuízos milionários diariamente. Conforme as empresas divulgam os resultados do segundo trimestre, fica ainda mais evidente o tamanho do problema.
A última a mostrar balanço do período foi a Latam, que teve receita de US$ 571,9 milhões entre abril e junho. Na comparação com o mesmo período no ano passado, a queda foi de 75,9%.
Com isso, a empresa teve prejuízo de US$ 890 milhões – quase R$ 5 bilhões. No segundo trimestre de 2019, a título de comparação, o prejuízo foi de US$ 62,8 milhões.
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Antes da Latam, Azul e Gol já haviam apresentado resultados do segundo trimestre. Ambas tiveram prejuízo bilionário.
A Azul reportou um prejuízo líquido de R$ 2,9 bilhões no segundo trimestre de 2020, contra um lucro líquido de R$ 351,6 milhões em igual trimestre de 2019.
Já a Gol teve um prejuízo não ajustado de R$ 1,997 bilhão. Um ano antes, o prejuízo foi de R$ 120,8 milhões.
Porém, a situação da Latam é um pouco pior. Afinal, a empresa entrou em recuperação judicial – tanto a operação global quanto a brasileira. No fim de junho, a dívida financeira da Latam chegou a US$ 6,8 bilhões.
O tombo tem uma explicação já conhecida: a queda no número de voos e, consequentemente, na receita com a venda de passagens. Na Latam, a receita de passageiro por quilômetro (RPK, na sigla em inglês) caiu 94%.
Existe como ver um pouco do copo cheio? Ofuscado pelo prejuízo quase bilionário, o negócio de transporte de cargas da Latam cresceu. Houve aumento de 18,4% na receita com o transporte de cargas. Esse tipo de operação cresceu 28% durante a pandemia.
No balanço, a empresa ainda informou aumento de 60,7% em outras receitas, “principalmente devido ao reconhecimento dos recursos recebidos da Delta como parte da aliança firmada em 2019”.
Operando poucos voos e reduzindo salários, a companhia aérea conseguiu reduzir 45,6% dos custos operacionais, para US$ 1,266 bilhão.
Recuperação judicial e demissões
Em julho, o braço brasileiro da Latam passou a integrar o processo de reorganização e reestruturação voluntária sob a proteção do Capítulo 11 da lei dos Estados Unidos, medida que representa um pedido de proteção contra falência (recuperação judicial).
O Grupo Latam Airlines e suas afiliadas no Chile, Peru, Colômbia, Equador e Estados Unidos já fazem parte desse processo desde 26 de maio de 2020.
A Latam também informou que vai demitir pelo menos 2,7 mil tripulantes após o fracasso de uma negociação com o sindicato dos aeronautas, o que gerou manifestações dos funcionários.
A empresa havia proposto aos aeronautas que manteria os empregos apenas se eles aceitassem um corte permanente de salários, que poderia chegar a 50%. A categoria vinha trabalhando com uma redução de cerca de 75% de remuneração, mas por apenas três meses.
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