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    Sinqia anuncia duas aquisições e começa a olhar para o setor de seguros

    A empresa de tecnologia ainda tem R$ 400 milhões para gastar e monitora mais de 250 companhias

    Foto: Sinqia/Divulgação

    Leonardo Guimarães, do CNN Brasil Business, em São Paulo

    A Sinqia (SQIA) continua investindo em aquisições para crescer rapidamente. Desta vez, o anúncio veio em dose dupla: a empresa de tecnologia comprou 100% da Simply, especialista em abertura de contas digitais, e 60% da FebWEB, que tem soluções para formalização de transações digitais. O movimento foi anunciado nesta quarta-feira (24). 

    A Simply foi comprada por R$ 56 milhões. A empresa tem um software capaz de automatizar 90% do processo de onboarding de clientes digitais dos bancos, que é quando o consumidor abre uma conta via aplicativo e precisa digitalizar documentos e comprovar sua identidade.

    Agora, a Sinqia também tem o controle da FEPWeb, uma empresa que formaliza transações digitais. O software da startup avalia os poderes dentro de uma instituição financeira (quem pode assinar o quê) e faz a autenticação de assinaturas digitais. A compra do controle da companhia custou R$ 38,4 milhões. 

    Ambas as transações têm cláusulas de desempenho e podem custar um pouco mais aos cofres da Sinqia. A negociação com a Simply pode chegar a R$ 68 milhões. 

    O objetivo das duas compras é aumentar o portfólio de soluções que a Sinqia oferece às instituições financeiras, que estão, mais do que nunca, abrindo contas digitais e assinando contratos com clientes, fornecedores e colaboradores. 

    A ideia é que as soluções da Simply e da FEPWeb estejam disponíveis para todos os clientes da Sinqia, que tem uma base de mais de 500 empresas. Em tese, todos esses clientes precisam das soluções das empresas compradas. 

    Crescimento via aquisições

    Em entrevista ao CNN Business, Thiago Rocha, CFO da Sinqia, disse que estas não são apenas simples compras: “São duas aquisições que representam um novo momento na nossa estratégia de consolidação”. 

    Essa estratégia de consolidação já é conhecida no mercado de tecnologia. Com as duas anunciadas hoje, são 19 aquisições da tech. A maior delas aconteceu em agosto do ano passado, quando a Sinqia comprou a Itaú Soluções Previdenciárias (ISP) por R$ 82 milhões. 

    Na época, o movimento indicava foco no segmento de previdência, em alta após a reforma da previdência, que abriu espaço para os planos privados. 

    Agora, porém, está claro que o objetivo da Sinqia é ter tudo o que uma instituição financeira precisa quando o assunto é tecnologia. “Queremos estar presentes em todas as instituições financeiras do Brasil e atendê-las por completo. Nosso sonho é que uma empresa consiga operar usando só Sinqia”, diz Rocha. 

    O executivo conta que já tem no radar 250 empresas. Foram mapeados os fundadores dessas companhias, seus produtos e alguns de seus clientes. Além disso, a Sinqia tem mais de 80 acordos de confidencialidade assinados. 

    O próximo alvo pode estar no setor de seguros. Não é a prioridade da empresa, que atua nas verticais de bancos, previdência, fundos e consórcios, mas uma oportunidade de “chegar chegando” será bem-vinda, segundo Rocha. 

    Nesse mercado, o foco são os grandes bancos que operam seguradoras. A Sinqia ainda enxerga um grande potencial de crescimento do segmento, por isso vai investir “no momento em que houver uma oportunidade de entrar pela porta da frente”. 

    A carteira da Sinqia ainda está longe de ficar vazia. Restam cerca de R$ 400 milhões para aquisições. A empresa captou R$ 362 milhões em uma oferta subsequente de ações em 2019 e já usou 65% desses recursos, mas tem acesso a crédito e pode gastar um pouco mais. 

    “Estamos dispostos a usar esse dinheiro. Existem muitas possibilidades no nosso mapa”, garante o CFO da Sinqia. 

    R$ 1 bi de faturamento?

    Bernardo Gomes, presidente da Sinqia, já disse ao CNN Business que sonha em faturar R$ 1 bilhão até 2024. No ano passado, a empresa de tecnologia teve faturamento recorde de R$ 210 milhões. Com as aquisições que anunciou hoje e as feitas no segundo semestre do ano passado, a Sinqia já é uma empresa de receita de R$ 299 milhões anuais. 

    A empresa comandada por Gomes é líder, com apenas 6% de market share, o que mostra um mercado pulverizado e com espaço para crescimento. 

    Para o Banco Safra, a expectativa de crescimento contínuo combinado ao sólido mapa de aquisições “vai transformar o tamanho da empresa nos próximos anos”. O preço-alvo da ação é de R$ 31 para o fim deste ano. 

    O BTG Pactual também está otimista com o futuro da empresa de tecnologia, principalmente quando a análise é feita em comparação com o mercado global de softwares para o mercado financeiro. 

    “Vemos um valuation decente quando a comparamos a players globais. Como a Sinqia é muito menor que seus pares no mundo, consegue dobrar ou triplicar seu tamanho com mais facilidade via aquisições”, avaliam analistas do BTG.