Na ONU, Brasil vai condenar Hamas e defender retomada de processo de paz
Principal obstáculo é construir consenso entre Estados Unidos, aliado de Israel, e Rússia e China, aliadas do Irã, que financia o Hamas
O Brasil vai condenar claramente os ataques do Hamas a Israel e defender a retomada dos processos de paz entre palestinos e israelenses durante reunião emergencial do Conselho de Segurança das Nações Unidas, prevista para ocorrer neste domingo (8). É o que disse um alto embaixador do Itamaraty ao analista sênior da CNN Américo Martins.
Segundo o embaixador, o Brasil, que ocupa a presidência do conselho, vai tentar mediar a reunião com o objetivo de evitar uma escalada do confronto.
Segundo informações obtidas por Américo Martins, o principal obstáculo a ser vencido é a construção de um consenso em torno de um documento só, já que as principais forças do Conselho de Segurança da ONU estão em lados opostos do conflito. Estados Unidos é o maior aliado histórico de Israel, enquanto China e Rússia estão alinhadas com o Irã, que é financiador do Hamas.
A tendência é que o grupo condene os ataques, mas sem uma defesa muito forte a Israel aprovada por todos os membros.
O confronto
O Exército israelense e as forças do Hamas iniciaram neste domingo o segundo dia de confrontos depois que o grupo extremista lançou um ataque surpresa a Israel, no sábado (7).
Mais de 650 pessoas foram mortas no dia mais mortal de violência em Israel em 50 anos.
A maior incursão em Israel em décadas poderá minar os esforços apoiados pelos EUA para forjar alinhamentos de segurança regionais que poderão ameaçar as aspirações palestinas à criação de um Estado e as ambições do principal apoiante do grupo, o Irã.
Os combatentes do Hamas começaram o ataque na madrugada de sábado com uma enorme barragem de foguetes contra o sul de Israel, dando cobertura a uma infiltração multifacetada e sem precedentes de combatentes em Israel a partir de Gaza, uma faixa estreita que abriga 2,3 milhões de palestinos.
Os combatentes do Hamas mataram pelo menos 250 israelenses em confrontos durante o dia e escaparam de volta para Gaza com dezenas de reféns. Mais de 230 habitantes de Gaza foram mortos quando Israel respondeu com um dos seus dias mais devastadores de contra-ataques.