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    O negócio é reduzir o lixo: receita anual de gestora de resíduos salta 43%

    Ambipar é contratada para reduzir ao máximo o lixo gerado e reincorporar os resíduos como matéria-prima; sua receita foi de R$ 800,4 milhões no ano passado

    Mariangela Castro*, do CNN Brasil Business

    Enquanto a preocupação com medidas sustentáveis cresce cada vez mais entre investidores, empresas criadoras de soluções nesse sentido ganham relevância no mercado.

    Um exemplo é a  brasileira Ambipar, que teve uma alta de 43% no faturamento do ano passado em comparação com o ano anterior. A multinacional é especializada em gestão de resíduos e responsabilidade socioambiental –ou seja, em dar valor ao lixo. 

    Em agosto de 2020, a Ambipar captou US$ 197 milhões (R$ 1,12 bilhão, na conversão atual) em abertura de capital na B3. De acordo com a CEO, Cristina Andriotti, isso possibilitou aquisições na América do Norte e na América Latina, além de ajudar no desenvolvimento de softwares de inteligência artificial especializados em reutilização e ESG (ambiental, social e governança) e na contratação de empresas especialistas em legislação.

     

    Com essas medidas, a companhia encerrou 2020 com R$ 800,4 milhões de receita. Hoje, a multinacional está presente em 16 países e 22 segmentos, tendo como clientes concessionárias, estabelecimentos comerciais e empresas dos setores de construção civil, telecomunicações, higiene e cosméticos.

    A Ambipar é contratada por grandes empresas para reduzir ao máximo o lixo gerado. Se necessário, todo o processo de produção de um produto pode ser atualizado para que, ao fim, o que antes era resíduo possa voltar para a cadeia produtiva sem poluir o planeta. Tudo isso sem gerar novos custos às empresas contrantes, a partir da aplicação de modelos já validados em outros trabalhos.

    Além de financiar sua expansão, a abertura de capital trouxe visibilidade para a companhia, diz Andriotti. Agora, dentro do Brasil, a empresa busca por mais participação nos mercados regionais do Norte e do Nordeste, por meio de aquisição de empresas locais. 

    “Nós já registramos 14 patentes. Por isso, temos diversas soluções para diferentes segmentos. Tudo que precisamos fazer é multiplicar e adaptar essas soluções para novos clientes e setores”, explica Andriotti.

    Para 2021, o objetivo da Ambipar é seguir com suas aquisições internamente e na América do Norte e desenvolver novas tecnologias de portfólio para reutilização de resíduos.

    Na opinião da CEO, não há nenhum segmento ou área no qual esse tipo de economia circular não possa ser aplicado. Mesmo resíduos não recicláveis podem ser utilizados para fabricação de Combustível Derivado de Resíduos (CDR). Por meio das soluções, é possível agregar valor aos resíduos que antes eram lixo e, assim, incorporá-los como produto e matéria-prima.

    Para Andriotti, a busca por responsabilidade ambiental dentro das empresas é crescente, e isso pode ser consequência de pressão realizada por acionistas e consumidores que se preocupam com o meio ambiente e o futuro do lixo.

    Brasil ainda precisa evoluir 

    Apesar dos planos de aumentar de tamanho, a expansão dos negócios para a Europa deve demorar para acontecer. Isso porque o sistema de descarte entre os dois continentes é bem diferente, segundo Andriotti. 

    No continente americano, os países estão mais acostumados a utilizar aterros, por exemplo. Já em países europeus, com menos áreas disponíveis, a incineração costuma ser utilizada para descarte.

    “Infelizmente, no Brasil, o aterro ainda será necessário por muito tempo, pois não temos tecnologia para recuperar todos os resíduos”, afirma. No país, há 3.000 lixões ou aterros irregulares, de acordo com a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais).

    Ainda assim, a incineração, ou seja, queimar os resíduos e extrair energia a partir desta queima, pode ser a solução brasileira para o descarte de máscaras e outros equipamentos hospitalares, amplamente utilizados nos últimos meses.

    A CEO explica que este aproveitamento energético a partir da incineração ainda não é comum no Brasil porque temos outras fontes de energia disponíveis, como hidroelétrica e eólica. Porém, pode ser uma boa saída para materiais cujas formas de reutilização ainda não estão claras.

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