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    Transporte público por ônibus tem prejuízo de mais de R$ 14 bi durante pandemia

    Em pouco mais de um ano, impacto causou mais de 76 mil demissões e quase 240 greves

    Mylena Guedes*, da CNN, no Rio de Janeiro

    O prejuízo dos sistemas públicos de ônibus no Brasil chega a R$ 14,24 bilhões desde o início da pandemia até o final de abril, de acordo com monitoramento realizado pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU).

    Em pouco mais de um ano, mais de 76 mil trabalhadores do setor de transporte público urbano foram demitidos.

    O mês com maior impacto financeiro foi março deste ano, que registrou um prejuízo de mais de R$ 1,24 bilhões. Só em 2021, o rombo ultrapassou os R$ 4,5 bilhões. 

    A pesquisa revela ainda que pelo menos 24 operadoras e um consórcio operacional interromperam a prestação de serviços.

    Diante da crise no setor, 238 greves ou manifestações foram registradas contra empresas de ônibus no país, a maioria motivada pela falta de salário ou benefício para os colaboradores. Os protestos, que atingiram cerca de 88 sistemas de transporte público, levaram a paralisação temporária da oferta de coletivos. 

    O presidente-executivo da NTU, Otávio Cunha, ressalta que não foi adotada qualquer ajuda emergencial para o conjunto das empresas que fazem o transporte da população. 

    “Lamentavelmente, esse cenário só tende a piorar, enquanto o Poder Público nas três esferas de governo – federal, estadual e municipal – não atentar para as demandas do sistema. Há uma necessidade de ajuda financeira imediata e de longo prazo, de reestruturação total da forma de contratação e operação dos serviços, como já foi proposto ao governo federal”, disse. 

    As cidades analisadas pelo estudo correspondem a mais de 66% da demanda e da frota nacional. Apenas na cidade do Rio de Janeiro, o déficit de receita chega a R$ 1,4 bilhão, segundo o Rio Ônibus – Sindicado das Empresas de Ônibus do Rio. Desde março de 2020, a média diária de passageiros transportados caiu de 3,5 milhões para 1,8 milhão no município carioca. 

    Neste período, houve o crescimento de viagens individuais em carros de aplicativos e de transportadores de vans. O Rio ônibus acredita que esses meios, que não transportam gratuidade, desequilibram a mobilidade urbana. 

    Desde 2015, 16 empresas fecharam as portas no Rio, duas delas durante a pandemia.

    Questionada pela CNN, a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) afirma que a pandemia acelerou o processo de crise e que o modelo de gestão do sistema de transporte público precisa ser revisado.

    Em nota, a SMTR diz que o primeiro passo é aumentar o controle e a transparência. Por isso, está preparando a licitação de bilhetagem eletrônica prevista para ocorrer até o final deste ano. Foi dito ainda que o objetivo também é o pagamento por custo e qualidade do serviço prestado e não mais por passageiro carregado.

    *Sob supervisão de Helena Vieira

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