Ibovespa fecha em alta, mas tem pior desempenho mensal desde março; dólar recua
A semana segue muito complicada para o mercado financeiro, com fatores externos e internos impactando o humor dos investidores
A corrida dos investidores à bolsa, por causa do fim do mês (e do trimestre), foi responsável por boa parte da alta do Ibovespa nesta quarta-feira (30).
O índice avançou 1,09% para 94.603,38 pontos no último pregão do terceiro trimestre.
Na comparação com o fechamento de agosto, o índice recuou 4,7% e teve seu pior mês desde março, o pior momento da crise atual até agora.
“Tem muito fundo fazendo rebalanceamento de suas carteiras. Além disso, como estamos vindo de uma sequência enorme de quedas, abre-se uma janela de oportunidade de compra com o início do novo mês”, explica Henrique Esteter, analista da Guide.
O dólar fechou a última sessão de setembro em queda, o que, porém, nem de longe impediu que a moeda cravasse a segunda alta mensal seguida e marcasse o terceiro trimestre consecutivo de valorização, períodos marcados por recrudescimento de preocupações fiscais domésticas.
O dólar à vista caiu 0,43% nesta quarta-feira, para R$ 5,6188.
Em setembro, o dólar avançou 2,52%. No terceiro trimestre, a cotação ganhou 3,29%. No ano, a moeda salta 40,02%
Hoje o mercado conheceu dados sobre o desemprego no Brasil.
Segundo o IBGE, o desemprego no Brasil alcançou o pior patamar da história nos três meses até julho, em 13,8%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“São dados que preocupam, porque o valor continua aumentando, o que mostra que o mercado de trabalho ainda não está se recuperando”, diz Daniel Herrera, analista da Toro Investimentos. “O setor deve ser o fiel da balança e apontar a velocidade com que a economia vai se recuperar.”
Ao mesmo tempo, dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) divulgados pela secretaria do Trabalho mostraram o maior número de abertura de vagas desde agosto, dado que parece antagônico ao divulgado pelo IBGE, mas que dá essa impressão por se concentrar apenas na abertura de postos de trabalho.
Herrera afirma que o mercado continua atento às movimentações do governo e como isso pode impactar a saúde fiscal do país. Ele se refere ao risco fiscal envolvendo o programa Renda Cidadã que continua despertando preocupações.
Hoje, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o governo não vai usar os recursos do pagamento de precatórios para financiar o Renda Cidadã.
A afirmação do relator do Orçamento de 2021 no Congresso, senador Márcio Bittar, de que o governo usaria o dinheiro destinado aos precatórios para financiar o novo programa de transferência de renda não pegou bem no mercado financeiro e fez o Ibovespa despencar na segunda e na terça.
Destaques
Os papéis da CSN (CSNA3) avançaram 7,7%, em linha com a alta no preço do minério de ferro. Analistas do Credit Suisse elevaram a recomendação da ação para “outperform”, com preço alvo indo de R$ 11,50 para R$ 19. A Vale (VALE3) subiu 1,3%.
A Raia Drogasil (RADL3) saltou 6,8%. A empresa lançou um marketplace de saúde, dentro de um plano para acelerar seus negócios com maior uso do comércio eletrônico, além de intenção de abrir 240 lojas até 2021.
A Equatorial (EQTL3) perdeu 2%. A empresa participou de leilão de serviços de distribuição de água e esgoto sanitário de Maceió, vencido pela BRK Ambiental. A Sabesp (SBSP3), que teve segunda maior proposta, recuou 0,3%.
A Petrobras (PETR4) subiu 1,55% após a retomada julgamento do STF sobre venda de refinarias da empresa.
A Boa Vista (BOAS3) disparou 15% em sua estreia na B3. O IPO da empresa de dados de crédito foi precificado a 12,20 reais por ação, movimentando R$ 2,17 bilhões.
Lá fora
Nos Estados Unidos, dados positivos elevaram as esperanças de investidores de uma recuperação econômica um pouco mais acelerada. O número de contratos de compra de imóveis residenciais usados fechados em agosto atingiram saltaram para máximas recordes. Além disso, números fortes de criação de empregos no setor privado apoiaram os mercados de Wall Street.
Com isso, os índices acionários avançaram. O Dow Jones teve valorização de 1,2%, o S&P subiu 0,82% e o Nasdaq avançou 0,84%.
No âmbito macroeconômico, o terceiro trimestre chegava ao fim em meio à cautela nos mercados internacionais depois que o primeiro debate dos candidatos à presidência da maior economia do mundo — repleto de insultos e muitas vezes carente de fatos — falhou em fornecer alguma orientação clara sobre o futuro das eleições.
Entre analistas, predominava a visão de que Donald Trump não conseguirá ganhar terreno nas pesquisas eleitorais depois do debate, levantando incerteza sobre o futuro das políticas econômicas dos Estados Unidos.
“(Trump) não teve uma mudança radical em seu discurso de forma a conseguir reverter os resultados das pesquisas”, explicou à Reuters Vanei Nagem, responsável pela mesa de câmbio da Terra Investimentos, sobre o impacto do debate nos mercados financeiros globais, destacando que uma derrota do republicano poderia ter algum impacto no Brasil, dada a proximidade do governo de Jair Bolsonaro com os EUA.
As ações da China fecharam em baixa com as perdas nos setores de imóveis e materiais ofuscando o otimismo devido a pesquisas promissoras sobre a atividade industrial, e os mercados registraram sua pior perda mensal desde maio de 2019.
O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, recuou 0,1%, enquanto o índice de Xangai teve queda de 0,2%. No mês, as quedas foram de 4,75% e 5,23%, respectivamente.
*Com Reuters
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