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    Três anos do ‘Joesley Day’: Ibovespa sobe 15% enquanto JBS dispara 150%

    Data completa 3 anos nesta segunda. Desconsiderada a crise do coronavírus, papel do frigorífico quadruplicou de valor desde então

    Luísa Melo, , do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Há exatos três anos o mercado brasileiro vivia um dia de caos e os negócios na bolsa eram paralisados pelo circuit breaker pela primeira vez em quase uma década. Naquele dia, os investidores reagiram ao vazamento de uma conversa entre o então presidente Michel Temer e Joesley Batista, um dos donos do frigorífico JBS, no que ficou conhecido como “Joesley Day”.

    Àquela altura, ninguém poderia prever o que aconteceria em março de 2020, quando o mecanismo foi acionado seis vezes em oito pregões, em consequência dos efeitos do coronavírus na economia. Mas como o mercado brasileiro se comportou desde então?

    Daquele dia até a última sexta-feira (15), o Ibovespa, principal índice da B3 e termômetro do mercado de ações no país, acumula uma alta de 14,83%. Até o dia 21 de fevereiro, véspera de carnaval, a valorização era de 68,31% –  foi na volta do feriado prolongado que a bolsa brasileira começou a sentir os impactos da crise do coronavírus.

    Já a ação da JBS mais que dobrou de valor desde então, com valorização acumulada de 152,63% no período, atrás apenas do ouro, que teve ganhos de 163,76%. No recorte até a véspera de carnaval, os papéis da empresa subiram 174,97%.

    Os dados foram levantados pela provedora de soluções financeiras Economatica e não estão corrigidos pela inflação. 

    Outros indicadores também se valorizaram no período. A cotação do dólar Ptax, por exemplo, subiu 87,37% do “Joesley Day” até a última sexta-feira, enquanto o CDI, taxa próxima à Selic usada para balizar a remuneração de vários investimentos em renda fixa, acumula alta de 20,45% até a última quinta (14).

    Veja no gráfico abaixo. Para facilitar a leitura, os dados consideram uma aplicação de R$ 100 em cada um dos investimentos no dia 17 de maio de 2017, véspera do “Joesley Day”.

    O economista Eduardo Velho, estrategista da INVX Global Brasil, lembra que a crise do Joesley Day tinha natureza completamente política, enquanto a atual é econômica, gerada por um problema sanitário que provoca retração de demanda e desacelera a atividade.

    Ele destaca que, embora haja ruídos no governo Bolsonaro e eles também afetem o preço dos ativos no Brasil de alguma maneira, o principal impacto vem do choque externo provocado pelo coronavírus.

    “O Joesley Day foi um momento muito crucial para governo Temer porque estava para ser aprovada a reforma da Previdência e a crise praticamente matou isso. E, naquele momento, não havia um choque extraordinário. Hoje, a pandemia do coronavírus é muito mais preocupante, está muito mais ressaltada do que a crise política”, diz.

    JBS

    A turbulência na família Batista já afetava as ações da JBS antes do “Joesley Day”. A derrocada começou no dia 10 de maio e só parou no dia 22 de maio de 2017, quando os papéis voltaram a subir. Nesse intervalo, a queda acumulada foi de 44,77%.

    De 22 de maio de 2017 até 21 de fevereiro deste ano, as ações da JBS mais que quadruplicaram de valor, ganhando 336%. Daquele dia até a última sexta-feira (15), a valorização é de 301%.

    Ações que mais caíram no Joesley Day

    No Joesley Day, as ações da JBS recuaram 9,64% e não figuram sequer entre as 20 que mais perderam valor naquele dia. A liderança é da construtora Rossi, que perdeu 23,28%, seguida da Triunfo Participações e da Eletrobras, que caíram 21,85% e 20,97%, respectivamente.

    De lá para cá, entre as 20 que mais perderam valor naquele dia, a Rumo foi a que melhor performou, com valorização de 129%, seguida pela Eletrobras, com 85,18%. Das 20, seis perderam valor no período: Rossi, Triunfo, Light, Springs, Helbor e Le Lis Blanc. Veja na tabela:

    O levantamento só considerou ações com volume médio diário de negociação igual ou superior a R$ 1 milhão em 2020.

     

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