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    Os 3 passos para governos e empresas evitarem desastre climático, segundo Gates

    Em discurso realizado na Cúpula do Clima, Bill Gates afirmou que "somente a cooperação internacional" poderá evitar os efeitos mais graves do aquecimento global

    Foto: YouTube/Reprodução

    Tamires Vitorio, do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Para Bill Gates, fundador da Microsoft, bilionário e filantropo, três passos “complexos” podem fazer com que empresas e governos consigam evitar um desastre climático.

    Em seu discurso na Cúpula do Clima nesta sexta-feira (23) — evento organizado pelo presidente americano Joe Biden —, Gates afirmou que “somente com a cooperação mundial” os efeitos das mudanças climáticas poderão ser reduzidos. 

    Em primeiro lugar…

    Segundo Gates, “a tecnologia de hoje, sozinha, não nos permitirá alcançar as metas ambiciosas traçadas contra o aquecimento global”.

    “A razão é que quase todas as nossas tecnologias com zero emissão de carbono estão mais caras do que suas concorrentes de combustíveis fósseis. Para prover todos os benefícios do estilo de vida moderno para pessoas no mundo todo, nós precisamos de produtos com zero emissão de carbono que sejam acessíveis”, afirmou. 

    É por isso que, como o primeiro passo em direção à economia verde, está a inovação.  “Precisamos desenvolver e implantar tecnologias inovadoras, o que nos permitirá eliminar as emissões da economia física”, disse Gates.

    Em 2020, só os Estados Unidos produziram 4,57 milhões de toneladas de emissão de dióxido de carbono, segundo a Statista — uma queda de 13% em relação ao ano anterior por causa do distanciamento social implementado para evitar a disseminação do novo coronavírus. Este foi o ano com menor emissão desde 1983. 

    A queda, no entanto, não foi suficiente para reduzir os impactos já causados. O mundo continua a esquentar e, segundo a Organização Mundial de Meteorologia (OMM), a redução anual de emissão ficou entre 4,2% e 7,5% — quantidade incapaz de reduzir os impactos do aquecimento global. 

    Em segundo lugar…

    “Precisamos forçar os mercados poderosos a financiar e implementar essas inovações, por exemplo, encontrando formas criativas de financiar a tecnologia e nivelando o campo de atuação para que elas possam competir com combustíveis fósseis”, continuou o bilionário.

    É por isso que, ao lado de parceiros em 2015, Gates criou o projeto Breakthrough Energy, que pretende levantar dinheiro de governos e companhias para fazer “o investimento capital necessário para arcar com o custo de tecnologias emergentes”.

    “Ao dar passos como esse para criar a estrutura financeira que permitirá que os produtos verdes tenham sucesso, nós conseguiremos construir novas indústrias e companhias que apoiam as comunidades no mundo todo com bons empregos, enquanto fazemos a transição para uma economia limpa”, explica.

    A iniciativa deixa claro, em seu site oficial, que a única forma de evitar que o mundo passe por um desastre climático é parar a emissão de gases do efeito estufa até 2050 — por ano, segundo a Breakthrough Energy, são emitidas 51 bilhões de toneladas dos gases na atmosfera.

    E como evitar isso?

    Em terceiro lugar…

    Gates acredita que os governos e as empresas no mundo todo precisarão premiar e incentivar aqueles que conseguirem “tomar as decisões difíceis para conseguir bater a meta”. “Os ativistas do clima e pessoas jovens, principalmente, estão trazendo muita energia e atenção para esse problema. Elas estão pedindo por ações e têm todo o direito. E governos no mundo todo estão obedecendo a essas demandas, com comprometimentos ambiciosos”, afirma. 

    Para o bilionário, é preciso que tudo seja feito ao mesmo tempo: é preciso investir em tecnologia, implementar a tecnologia e fazer com que os governos e as empresas reconheçam os esforços feitos por instituições para evitar os efeitos das mudanças climáticas — e é ai que, segundo Gates, entra a cooperação internacional.

    “A Mission Innovation é um exemplo animador de governos trabalhando juntos para coordenar seus investimentos em pesquisas sobre energia limpa”, disse ele, se referindo à iniciativa global criada em 2015 com o objetivo de acelerar a inovação pública e privada de energia limpa, de modo a torná-la mais acessível. Participam da iniciativa países como Austrália, Brasil, Canadá, Chile, Estados Unidos, Emirados Árabes e China. 

    Um passo a mais 

    Além disso, para Gates, existe um quarto passo que pode auxiliar na transição para uma economia verde.

    “Finalmente, mesmo quando nós acelerarmos a inovação para reduzir o impacto climático, precisamos ter consciência dos impactos que virão por conta do aquecimento global, que já está acontecendo”, diz. “Isso significa que precisamos acelerar a inovação da agricultura, para que os fazendeiros de subsistência consigam superar os choques que acontecem quando temos um clima imprevisível.”

    O que é a economia verde?

    Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma ou UNEP, em inglês), a economia verde é “uma economia que resulta em melhoria do bem-estar da humanidade e igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz os riscos ambientais e a escassez ecológica”, tendo como principais características a emissão reduzida de carbono, a eficiência no uso de recursos naturais e a inclusão social. 

    Para alcançar a economia verde, a Pnuma entende serem necessárias algumas ações, como o aumento de ofertas de empregos, o consumo consciente, a reciclagem, reutilização de energia limpa e respeito à biodiversidade. É isso que Gates defende.