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    Na mira do varejo? Amaro cresce como marketplace e nega intenção de venda

    Dona de marketplace de moda feminino diz não estar à venda e que possui caixa para crescer sem nenhum tipo de ajuda, mas o mercado está de olho

    André Jankavski, , do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Já faz um tempo que o setor de moda tem como protagonistas as empresas do chamado fast-fashion, com coleções que mudam rapidamente (até mesmo em semanas), buscando conquistar uma recorrência de compra dos clientes –Zara, Renner, Riachuelo, C&A e por aí vai. Mas em uma velocidade similar às mudanças de coleção, as fusões e aquisições no setor têm se movimentado. Recentemente, o Grupo Soma pagou R$ 5 bilhões pela Hering, logo após a marca ter negado uma proposta da Arezzo.

    Nesse cenário, uma companhia é vista com bastante cobiça: a Amaro. Por que isso está acontecendo? O modelo de negócio mais quente do momento de todos os segmentos do varejo é o de marketplace, que é uma espécie de shopping virtual, em que diversos lojistas podem vender seus produtos.

    Marketplace

    A Amaro surgiu como uma marca em 2012, mas em 2020 percebeu que precisava ir além disso. Por isso, começou a colocar no papel uma entrada mais forte no marketplace, com foco em mulheres das classes A e B. Não só isso. A empresa aposta menos na quantidade e mais em um serviço próximo, como se fosse um atendimento mais exclusivo –assim como os produtos. Por isso, existe toda uma triagem para atrair lojistas (ou “sellers”, no anglicismo adotado pelo setor).

    O objetivo é que tudo esteja muito bem trabalhado, segundo o CEO da empresa, Dominique Oliver. Todos os produtos, por exemplo, têm uma verdadeira sessão de fotos. “Não queremos ter 20 ‘sellers’, com 20 preços diferentes e todas as fotos ruins. Temos fotos incríveis e descrições muito bem-feitas”, diz ele.

    Segundo o executivo, isso foi fundamental para ampliar as vendas ano a ano. A Amaro não divulga números de faturamento, mas Oliver afirma que, no ano passado, houve aumento de 56% no número de novas compradoras. Para este ano, a ideia é crescer 50% em faturamento. Além disso, a empresa tem como meta quase dobrar o número de marcas e de produtos até o fim do ano, chegando a 300 marcas e passando de 8 mil para 12 mil produtos. 

    Ainda segundo Oliver, a marca aposta em uma comunicação e em produtos que exaltem o empoderamento feminino –não é por acaso que, ao entrar no site da Amaro, sejam vistos produtos como vibradores expostos com destaque. Além disso, Oliver diz que os produtos ligados a casa e bem-estar estão em alta nesse período de pandemia. “Criamos um espaço de intimidade para essas mulheres”, diz ele.

    Lojas físicas e pandemia

    Apesar de a pandemia ter ajudado na ampliação das vendas do e-commerce como um todo, um outro modelo de negócio da Amaro foi bem prejudicado: as guide shops, que nasceram para reforçar a ideia de omnichannel, o modelo de vendas conectadas em todos os canais. Até agora, são 16.

    Elas têm um modelo diferente das varejistas tradicionais. Um cliente pode chegar na loja, experimentar o produto e nem o levar para casa. O modelo de loja não permite uma área de estoque grande – mas, obviamente, se a peça estiver disponível, o cliente leva na hora. Porém, a ideia da empresa é conectar os espaços com a sua loja online e seu centro de distribuição de 5 mil metros quadrados, localizado em São Paulo.

    Oliver garante que as compras chegam nas capitais em questão de 24 horas –em São Paulo, por exemplo, não passam de 2h30, e sem custo de frete.

    Antes da pandemia, as guide shops chegavam a representar 20% do faturamento da rede. Com as lojas fechadas, em muitos momentos passou a ser zero. Isso, no entanto, não diminui o ímpeto de novas aberturas. “Abrimos três [guide shops] durante a pandemia e acreditamos muito nesse formato”, diz o CEO.

    Alvo de aquisições

    Pelos seus resultados, a Amaro é normalmente apontada por analistas como possível alvo de grandes empresas, ainda mais num momento aquecido do mercado. A marca, por exemplo, foi colocada como uma possível aquisição do Grupo Soma, que adquiriu a Hering.

    “É uma marca boa e estruturada, além de ter sócios muito capitalizados”, diz Douglas Carvalho, sócio-fundador da Target Advisor, consultoria especializada em fusões e aquisições.

    Oliver nega que a intenção seja de vender uma parte da operação. Ao contrário. “Somos muito bem capitalizados e não temos necessidade de capturar recursos nos próximos dois anos. Nem precisamos abrir capital, e vamos continuar crescendo só com caixa próprio”, diz.

    Ainda assim, o varejo segue em ebulição. A busca por marcas e tecnologias para criar um super aplicativo estão em alta. Isso acontece após as fusões e aquisições no setor caírem 41% em 2020, segundo a consultoria KPMG. Logo, muitas das grandes empresas estão capitalizadas para ir às compras. Resta saber se a Amaro seguirá firme em um mar cheio de tubarões.

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