Bolsonaro diz que não aumentará impostos quando a pandemia terminar
Presidente discursou na formatura de diplomatas
Em discurso nesta quinta-feira (22) no Itamaraty, durante a formatura dos alunos do Instituto Rio Branco, escola do governo responsável pela formação de diplomatas no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que não haverá aumento de impostos quando terminar a pandemia da Covid-19. Sem usar máscara, Bolsonaro disse que a economia brasileira está sendo reformada com corte de gastos e voltou a afirmar que governo está combatendo corrupção.
Minimizando as queimadas na Amazônia, Bolsonaro anunciou que uma viagem está sendo organizada, para levar diplomatas de Manaus (AM) até Boa Vista (RR), com o objetivo de “mostrar naquela curta viagem de uma hora e meia que não verão nossa Floresta Amazônica um sequer hectare de selva devastada”. O presidente também criticou a imprensa, ao dizer que nunca houve algo parecido com controle social da mídia. “Apesar de tudo, suportamos o que escrevem, mostram e divulgam, sem qualquer retaliação da nossa parte”, disse
Na esteira do que disse o presidente, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, falou que a mídia distorce o debate público e faz parte de um esquema que seleciona, manipula e inventa a informação. “Antigamente líamos a imprensa para saber o que estava acontecendo, hoje, lemos a imprensa simplesmente para saber o que ela está dizendo”, disse.
Leia e assista também
Impostos alvos da reforma tributária são campeões de processos no STF, diz FGV
Telefonia, carro, escola: Veja o que teria mais ou menos imposto com reforma
Guedes defende novo imposto: está de acordo com as principais economias do mundo
Araújo usou a vida e obra do escritor e diplomata João Cabral de Melo Neto, patrono da turma dos formandos, como fio condutor de um discurso de meia hora, considerado como “longo” por Bolsonaro. Se por um lado o ministro elogiou as linhas do poeta ao agradecer Bolsonaro, de outro criticou o próprio autor por ter tomado o que chamou de “lado errado” ao guinar para o “marxismo e a esquerda”. João Cabral de Mello Neto foi acusado de promover o comunismo no Itamaraty, durante a ditadura de Getúlio Vargas, e foi posteriormente absolvido pelo Supremo Tribunal Federal.
Além de críticas à esquerda, a fala do ministro foi marcada por elogios ao cristianismo. “Somente a fé verdadeira deste povo cristão e conservador proporciona a couraça moral e o coração palpitante de amor patriótico para enfrentar o dragão da maldade”, disse.
O diplomata prestou condolências aos que morreram pela Covid-19, citando o senador Arolde de Olveira (PSD-RJ), que faleceu nesta quarta-feira, por complicações relacionadas ao novo coronavírus. Além de Araújo, participaram da cerimônia de formatura outros ministros, como Milton Ribeiro (Educação), Paulo Guedes (Economia), Tereza Cristina (Agricultura) e Ricardo Salles (Meio Ambiente).
Ordem do Rio Branco
Por volta de meio-dia, Bolsonaro e seus aliados participaram de entrega da Ordem do Rio Branco, honraria mais alta do Itamaraty. A medalha leva o nome do Barão de Rio Branco, considerado um dos patronos da diplomacia brasileira.
Dentre as dezenas de autoridades agraciadas por Bolsonaro, estão o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, e os ministros Jorge Oliveira (Secretaria-Geral), Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), Milton Ribeiro, Ricardo Salles e Luis Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).