Efeito Coinbase: Corretora brasileira Mercado Bitcoin começa processo de IPO
Corretora de criptoativos aguarda o início da negociação dos papéis da gigante americana para mensurar a sua capacidade de vir a mercado
A listagem de ações da corretora de criptoativos norte-americana Coinbase tem tudo para fazer escola no Brasil. Isso porque o Mercado Bitcoin, maior player nacional do mercado, pode estar indo pelo mesmo caminho. As informações foram adiantadas pelo jornal Valor Econômico e confirmadas pelo CNN Brasil Business.
Gestores da corretora brasileira estão aguardando o início da negociação dos papéis da gigante americana para mensurar a sua capacidade de vir a mercado e tentar estabelecer cifras para um valor de mercado (valuation) inicial. Até aqui, a companhia entende que estes valores devem rondar entre US$ 10 bilhões e US$ 15 bilhões.
O MB já teria até contratado bancos para iniciar o processo, com o J.P. Morgan liderando, e BTG Pactual, XP Investimentos e Itaú BBA também envolvidos.
Segundo uma fonte próxima ao negócio, a depender das condições de mercado, a nova captação de recursos pode ser feita por meio de uma rodada de investimentos fechada, como ocorreu em janeiro deste ano, e não com um IPO. Na época, GP Investimentos e Parallax Ventures lideraram um aporte de R$ 200 milhões no MB, que busca acelerar seu crescimento e se consolidar na liderança regional.
Atualmente, a corretora tem 2,2 milhões de clientes e, em 2020, foram negociados R$ 6,4 bilhões na plataforma, número que deve ser superado com folga neste ano. Isso porque, somente em janeiro de 2021, a empresa já negociou mais de 50% de todo o volume de 2020 (valor que continua subindo mensalmente).
O Mercado Bitcoin foi fundado pelos irmãos Gustavo e Maurício Chamati em 2013.
Coinbase
A oferta de ações da gigante norte-americana não é exatamente um IPO, já que a listagem dos papéis será feita de forma direta — com investidores e funcionários convertendo suas participações em ações —, mas o resultado prático será parecido: ações da empresa passarão a ser negociadas em Wall Street.
Movimento este que tem empolgado os dois lados da história. Para os entusiastas dos criptoativos, o sucesso da Coinbase é mais uma prova da força do mercado. E, para aqueles que ainda não querem investir diretamente nos criptoativos, permite uma exposição indireta (e o MB pretende capitalizar nas duas frentes).
Um exemplo claro é a valorização do bitcoin, que vem batendo recordes consecutivos e superou a marca dos US$ 63 mil nesta terça-feira (13). Apesar disso, o mercado também tem motivos de sobra para acreditar no sucesso da empresa por conta dos resultados que vem apresentando.
De acordo com prospecto entregue à SEC, a CVM americana, a Coinbase teve receita líquida de US$ 1,14 bilhão em 2020, valor que subiu para US$ 1,8 bilhão apenas no primeiro trimestre de 2021. A empresa também registrou lucro líquido superior a US$ 730 milhões nos três primeiros meses deste ano, após registrar prejuízo em 2019 e lucro de US$ 322 milhões em 2020.
A corretora declarou, ainda, que tinha 43 milhões de usuários verificados no final de 2020, com 2,8 milhões fazendo transações mensais, número que saltou para 56 milhões ao final de março. Para efeitos comparativos, a B3 possuía, ao final de 2020, 3,2 milhões de usuários. Os negócios de bitcoin e ethereum representam 56% do volume de negócios na plataforma.
Possui também algumas vantagens competitivas. Como o mercado de criptoativos é mais fragmentado, ela ganha por ser a empresa mais reconhecida do meio e consegue cobrar taxas mais altas de corretagem, algo que as empresas que vendem ações já não conseguem fazer.
A comissão começa em 0,5% e pode até subir conforme as condições do mercado — lembrando que há negociação ininterrupta dessa classe de ativos.