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    Ibovespa fecha em alta com expectativas sobre reabertura de economias

    Índice acompanhou movimento de Wall Street. Tensões políticas no Brasil e relação entre EUA e China permanecem no radar

    Manuela Tecchio, , do CNN Business*, em São Paulo

    O Ibovespa fechou em alta nesta segunda-feira (1º), na esteira de Wall Street e com as ações de bancos entre os principais suportes. Apostas de uma retomada econômica, diante do afrouxando das medidas de distanciamento em vários países, deram respaldo à compra de papéis, apesar do clima tenso entre Estados Unidos e China e da cena política conturbada no Brasil.

    O principal índice da bolsa de valores brasileira terminou o dia em alta de 1,39% a 88.620 pontos. O volume financeiro somou R$ 24,89 bilhões.

    Os papéis preferenciais do Bradesco e do Itaú, que têm grande peso na composição do índice, ganharam perto de 5% e 3%, respectivamente.

    “O Ibovespa ignorou as manifestações políticas conturbadas do fim de semana. O foco foi direcioado para as reaberturas dos mercados e os dados positivos econômicos na China, que impulsionaram também as bolsas estrangeiras”, disse Cristiane Fensterseifer, da Casa de análises Spiti.

    Junho começou com as tensões políticas internas ainda no ar, após manifestações contra e a favor ao governo no final de semana. No domingo (31), manifestantes críticos ao presidente entraram em conflito com a Polícia Militar (PM) em São Paulo (SP). Já em Brasília, Jair Bolsonaro cumprimentou apoiadores que se aglomeraram em frente ao Palácio do Planalto, carregando cartazes em repúdio ao Supremo Tribunal Federal, com frases como “abaixo a ditadura do STF”. 

    A alta nesta sessão vem após o Ibovespa acumular ganho de 8,57% em maio e 10,25% em abril. Ainda assim, contudo, o índice permanece distante da máxima intradia registrada em janeiro, de 119.593 pontos. No ano, ainda acumula perda de 23,37%.

    Do ponto de vista gráfico, o comportamento do Ibovespa está criando a expectativa de um segundo semestre bem mais positivo, mesmo que ocorra uma realização de lucros na faixa dos 90 mil pontos, disse o analista Fernando Góes, da Clear Corretora.

    Estrategistas esperam que a bolsa paulista siga volátil neste mês. Apesar do ânimo sobre a reabertura das economias e potencial avanço em medicamentos e vacinas contra o Covid-19, ainda param dúvidas sobre o ritmo da recuperação. A Organização Mundial de Saúde alertou nesta segunda-feira que a América do Sul ainda não chegou ao pico da epidemia do novo coronavírus, inclusive no Brasil, e que não há como prever quando isso vai ocorrer.

    Lá fora

    Nos Estados Unidos, as bolsas fecharam em alta nesta segunda-feira, com sinais de recuperação econômica ajudando a compensar o nervosismo em torno da crescente e violenta agitação social que ocorre no país em meio à pandemia e ao aumento das tensões EUA-China.

    A atividade industrial dos EUA se recuperou ante uma mínima de 11 anos em maio, no sinal mais forte até agora de que o pior da crise econômica já passou, uma vez que as empresas começaram a reabrir.

    Todos os três principais índices de ações norte-americanos começaram o mês com ganhos inferiores a 1%, após forte alta de maio. O Dow Jones subiu 0,36%, para 25.475 pontos, o S&P 500 valorizou 0,38%, para 3.055 pontos e o Nasdaq Composite avançou 0,66%, para 9.552 pontos.

    Na Europa, os mercados acionários subiram nesta segunda, diante dos sinais de recuperação das indústrias do continente. O índice FTSEurofirst 300 subiu 1,15%, a 1.379 pontos, enquanto o índice pan-europeu STOXX 600 ganhou 1,1%, a 354 pontos, nível mais alto desde 9 março, mesmo com a redução nos volumes de negociação devido a feriados na Alemanha, Suíça, Dinamarca e Noruega.

    Na China, os índices acionários fecharam em forte alta, também diante de dados mais fortes da indústria local. O setor voltou a crescer em maio, mesmo após uma queda nas encomendas para exportação.

    Após a notícia, o índice que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, avançou 2,7%, apresentando o maior ganho percentual diário desde 2 de março. O índice de Xangai teve alta de 2,21%, com o crescimento percentual mais expressivo para o índice desde 24 de março.

    Destaques da B3

    Itaú Unibanco PN fechou em alta de 2,78% e Bradesco PN subiu 4,49%, após fecharem maio com performance mais fraca do que o Ibovespa. Tal desempenho ainda teve como pano de fundo comentário do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de que punir bancos em relação ao custo do crédito não é a solução. Banco do Brasil ON valorizou-se 3,11% e Santander Brassil UNIT avançou 4,08%.

    Vale ON encerrou com acréscimo de 0,79%, após um novo salto, de mais de 6%, dos futuros do minério de ferro na China nesta segunda-feira. A alta ocorreu diante de forte demanda doméstica pela matéria-prima utilizada na fabricação do aço e por preocupações com o suprimento do Brasil, o que levou os preços spot ao maior nível em 10 meses. 

    Petrobras PN terminou com decréscimo de 0,05%, em meio a uma sessão volátil dos preços do petróleo no exterior, onde o Brent LCOc1 subiu 1,27%, mas o contrato de WTI CLc1 caiu 0,14%. Petrobras ON avançou 0,53%. A petrolífera disse mais cedo nesta segunda-feira que iniciou nova fase de um processo para venda de sua participação de 35% no campo de Manati, uma concessão de produção marítima em águas rasas na bacia de Camamu, na Bahia.  

    Via Varejo ON disparou 8,31%, endossada por relatório do Bradesco BBI reiterando recomendação de ‘outperform’ para as ações. Os analistas também elevaram o preço-alvo da ação de R$ 11 para R$ 15, avaliando que o papel está precificando um cenário menos otimista para o comércio eletrônico.

    Magazine Luiza e B2W também tiveram os preços-alvo elevados pelo Bradesco BBI, mas a recomendação foi reduzida para ‘neutra’, com os analistas citando que os papéis já embutem grandes aumentos de participação de mercado. Esses papéis fecharam em baixa de 1,01% e 0,24%, respectivamente.

    Gol PN avançou 8,56%, com aumento de oferta de voos previsto para o mês e relatório do BTG Pactual reiterando ‘compra’ para a companhia. Os analistas citaram liquidez razoável e modelo de negócios em boa forma para enfrentar a crise do Covid-19, embora tenham reduzido o preço-alvo de R$ 60 para R$ 20 e citado ainda baixa visibilidade sobre a recuperação da demanda e a reestruturação em aberto da Smiles. No setor, Azul PN, que também ampliou a malha aérea a partir de junho, subiu 7,49%.

    Iguatemi ON subiu 7,55%, com o setor de shopping centers entre as maiores altas do Ibovespa, em meio a alívio nas restrições de confinamento em várias cidades. Nesta segunda-feira, a prefeitura do Rio de Janeiro anunciou um plano de reabertura gradual das atividades econômicas que entrará em vigor na terça-feira. As empresas de shoppings também se beneficiam do ambiente de juros menores uma vez que tal movimento amplia a diferença entre a taxa de retorno e o custo da dívida. Multiplan ON ganhou 7,68% e BRMalls ON avançou 6,32%.

    Embraer ON valorizou-se 3,64%, mesmo após resultado do primeiro trimestre com aumento do prejuízo. Executivos da fabricante de aviões afirmaram que China e Índia poderiam ser potenciais parceiros da companhia, bem como deve ter novidade sobre financiamentos nas próximas semanas.  

    Localiza ON recuou 2,26%. A equipe da XP Investimentos afirmou que as incertezas relacionadas à duração do período de restrição de circulação de pessoas e os impactos sobre a atividade têm exercido pressão sobre nomes ligados a consumo, que é o caso de Localiza. Ainda assim, os analistas mantiveram a ação na sua carteira ‘Top 10’ para junho, uma vez que veem cronograma confortável de amortizações em relação a sua liquidez. A empresa também apresenta atualmente o maior spread entre retorno sobre capital investido e seu custo de capital no setor, afirmaram.

    *Com informações da Reuters

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