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    Licença do Ibama para Potiguar inaugura nova “guerra narrativa” sobre perfurações

    Suely Araújo, especialista do Observatório do Clima e ex-presidente do Ibama, aponta que licença para Portiguar não influencia em nada as perspectivas de exploração na Foz do Amazonas

    Danilo MoliternoThiago Félixda CNN , São Paulo

    A licença do Ibama para a Petrobras perfurar a Bacia do Potiguar inaugurou nova fase da guerra narrativa sobre a exploração da Margem Equatorial, avalia Suely Araújo, especialista do Observatório do Clima e ex-presidente do Ibama em entrevista à CNN.

    A Petrobras entende que a permissão pavimenta o caminho para que seja possível perfurar novos poços na Margem Equatorial. Ambientalistas e o próprio Ibama não acreditam que a licença abra espaço para que a exploração chegue à Foz do Amazonas – prioridade da empresa estatal.

    Em entrevista à CNN, o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Joelson Mendes, se disse confiante de que a permissão para a empresa realizar uma Avaliação Pré-Operacional na Foz do Amazonas saia enquanto acontece a perfuração em Pitu Oeste.

    Para Suely Araújo, a licença para Portiguar não influencia em nada as perspectivas de exploração na Foz do Amazonas. “São características geográficas completamente diferentes”, diz.

    “É preciso ter muita cautela, os processos são resolvidos individualmente. O fato de ter liberado uma retificação de licença na Bacia do Potiguar não tem relação nenhuma com o lote 59”, diz.

    O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, reiterou o otimismo sobre a exploração da Margem Equatorial após a licença para Potiguar. Descobertas recentes em regiões contínuas às fronteiras brasileiras, especialmente nos vizinhos Guiana e Suriname, indicam potencial petrolífero na área.

    “Estamos muito otimistas e entusiasmados com a retomada de novos projetos pela Petrobras. A Margem Equatorial apresenta expressivo potencial petrolífero e será fundamental para o futuro da companhia, garantindo a oferta de petróleo necessária para o desenvolvimento do país e financiamento da transição energética”, disse Prates.

    Para Suely Araújo, apesar da expectativa gerada por perfurações outros países, ainda não é possível afirmar a viabilidade econômica da exploração naquela região da costa brasileira. “Tudo isso é um chute”, afirma.

    Prates defende ainda que a Petrobras “já cumpriu todas as novas exigências e requerimentos colocados pelo Ibama em seu parecer mais recente sobre Amapá Águas Profundas”.

    Araújo volta a indicar especificidades que dificultam o licenciamento ambiental da Foz do Amazonas, área de manguezais. Ela indica que ainda não há elementos suficientes para validar a perfuração.

    “A Foz do Amazonas tem uma corrente fortíssima. Se ocorrer acidente, o óleo vai, em poucas horas, para a Guiana Francesa, e não temos um tratado internacional para gestão de acidentes entre os dois países, por exemplo”.

    Veja também – Petrobras avalia aumentar preços até o fim do ano

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