Google dará US$ 1.000 a cada funcionário em home office
Em maio, o CEO Sundar Pichai disse que eles devem continuar trabalhando em casa pelo resto do ano, ou por boa parte dele
A maior parte da força de trabalho do Google nos EUA trabalha remotamente desde março, devido à pandemia do coronavírus. No mês passado, o CEO Sundar Pichai disse que eles devem continuar trabalhando em casa pelo resto do ano, ou por boa parte dele.
Quem garante que os funcionários do Google permaneçam saudáveis e tenham acesso a recursos de saúde mental nesses tempos incertos é a chefe de bem-estar da empresa, Lauren Whitt.
Lauren lidera uma equipe de dez pessoas dedicadas a assegurar bem-estar e saúde mental aos funcionários do Google em todo o mundo. E isso não é tarefa fácil.
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Para ajudar na transição do trabalho em escritório para o home office, a empresa oferece treinamento e aulas virtuais e melhorou algumas de suas notórias vantagens para a atividade online. Recentemente, ofereceu a todos os funcionários uma ajuda de US$ 1.000 para eles equiparem adequadamente seus espaços de trabalho em casa.
O CNN Business conversou com a executiva sobre os esforços de bem-estar do Google durante a pandemia. Veja, a seguir, seus principais pontos
Qual o papel dos gerentes no que diz respeito à saúde mental de sua equipe? E o que eles podem fazer para garantir que seus funcionários estejam bem?
Pedimos que eles verifiquem o bem-estar de sua equipe, perguntem como estão todos. Não queremos de forma alguma que nossos gerentes sejam terapeutas ou conselheiros na questão da saúde mental. Queremos que eles verifiquem e perguntem à equipe: ‘Como está seu bem-estar?’ ‘Como vai você?’’ ‘Como está sua vida neste momento?’ E se houver sinais de que algo possa estar acontecendo, eles devem entrar em contato com o colaborador, ou “googler”, com uma série de recursos e serviços disponíveis para eles.
Por fim, pedimos aos gerentes que liderem com boa intenção, usando seu próprio modelo de bem-estar.
Sair de um amplo espaço de trabalho com muitas vantagens para ficar em casa o tempo todo pode ser difícil. Como você está ajudando os colaboradores a se adaptarem à nova realidade?
Fiquei muito impressionada com os esforços dos googlers para criar uma comunidade e manter a conexão entre o que eles faziam no escritório e o que estão fazendo em casa. Muitos escritórios físicos têm academias de ginástica, por isso os professores e treinadores dessas academias estão dando aulas online para não interromper os programas de exercícios, que agora usam os objetos mais loucos disponíveis nas casas dos googlers.
Como todos sentimos falta da comida fantástica que comíamos nos cafés do Google, nossos chefs também estão oferecendo aulas virtuais. Têm sido aulas únicas e divertidas.
Além disso, há grupos de googlers fazendo meditação virtual e aulas de mindfulness. São os programas chamados “gPause”. Temos apoio de saúde mental entre colegas da nossa comunidade Blue Dot; ou seja, muitas das coisas que eram praticadas nos escritórios continuam acontecendo no mundo virtual.
Fale um pouco sobre a decisão do Google de oferecer US$ 1.000 aos funcionários para equipar seus escritórios em casa. Qual a importância do espaço de trabalho?
Achamos importante contribuir para que os googlers deixem a sua estação de trabalho em casa mais produtiva, para que tenham a oportunidade de separar as coisas. É assim ‘Quando estou neste espaço, estou focado no meu trabalho, e quando saio deste espaço, sou capaz de me afastar do trabalho, consigo me conectar com minha família, meus amigos, meus animais de estimação e as pessoas da minha comunidade’.
A rotina e os hábitos que costumávamos ter no escritório são muito importantes e devem ser traduzidos em novas rotinas e novos hábitos no espaço de trabalho que temos em casa.
Isso é crucial para nós a longo prazo, bem como do ponto de vista da saúde, garantindo que tenhamos a melhor oportunidade para cadeiras ergonomicamente corretas e monitores na altura dos olhos, por exemplo.
Em quais áreas de bem-estar em que você está se concentrando agora?
Continuamos a investir no conceito de resiliência, a capacidade de reconhecer a situação de momento, enfrentar a tarefa em questão e focar no que é possível fazer hoje.
Também reforçamos nossas mensagens de ergonomia no espaço de trabalho, a importância de ter uma cadeira que apoie bem suas costas e seja capaz de aliviar dores lombares e problemas esqueléticos e musculares.
Acho que estamos olhando para o futuro, imaginando como será a saúde e o bem-estar. Continuaremos a apoiar os googlers em seu ambiente doméstico e em seu retorno ao escritório, enfatizando a importância do movimento, do sono e da nutrição balanceada na vida deles, independentemente de onde estiverem trabalhando.
Você diz que construir a resiliência é importante em um momento como este. Como você está ajudando os funcionários a desenvolver isso?
Passamos alguns anos realmente focados em garantir que tivéssemos os recursos e ferramentas para que os googlers pudessem se concentrar em sua saúde mental e obter o apoio de que precisavam.
Cerca de dois anos atrás, começamos a mudar e dizer: ‘OK, temos essas ferramentas e recursos disponíveis, o que vem a seguir? Como fazemos agora para aumentar nossa capacidade de lidar com o estresse, de nos recuperarmos de adversidades e de enfrentar desafios difíceis?’
No segundo semestre do ano passado, fizemos uma pesquisa chamada TEA [sigla para as palavras em inglês correspondentes a Pensamentos, Energia e Atenção], perguntando aos googlers onde estavam seus pensamentos, a sua energia e a sua atenção.
Questões assim: É hora de assumir um projeto desafiador? A sua energia está baixa? Você precisa pular para cima e para baixo? Você precisa se afastar? Precisa tirar um cochilo? E onde está sua atenção? Qual é a única coisa em que você pode se concentrar hoje, que pode controlar, que pode influenciar, que lhe dará propósito, significado e otimismo para hoje?
O que o Google está fazendo para lidar com o burnout, especialmente agora que todos estão em casa e é mais difícil alcançar o equilíbrio entre vida profissional e pessoal?
Uma de nossas principais mensagens neste momento sobre o burnout (ou esgotamento) está sendo intencional e é sobre a recuperação, o descanso e a oportunidade de desligar as coisas, mudar seu foco para atividades não relacionadas ao trabalho. Enquanto fazem isso, os googlers percebem que, ao se recuperar e desapegar, podem voltar ao trabalho e resolver o problema com uma perspectiva animada renovada.
Costumamos abordar a conversa sobre burnout com maneiras práticas muito intencionais, como se afastar do computador a cada 90 minutos, sair para o exterior e se mexer-se – seja fazendo flexões ou polichinelos ou só se levantar entre as reuniões e sacudir um pouco o corpo. São maneiras de mudar seu foco ao longo do dia.
Também vale para nós o incentivo contínuo para os googlers tirarem férias, se afastarem do trabalho, mesmo que não possam viajar em muitos casos, para poderem investir num período de recuperação.
Conte-me sobre o programa Blue Dot do Google antes da pandemia e como ela está agora.
O Blue Dot é a nossa comunidade de saúde mental entre colegas. Iniciamos esse programa há alguns anos, pois os googlers queriam uma oportunidade para falar de coisas difíceis, mas não pareciam necessariamente precisar de apoio clínico. Eles queriam apenas ouvir a perspectiva de colegas sobre experiências comuns.
Esse grupo cresceu de maneira impressionante. Agora, no horário de expediente virtual, os participantes podem se conectar por videochamadas do Google Meet e falar sobre o que precisam.
Embora o componente presencial desse programa tenha mudado, os googlers o adotaram usando as ferramentas do Google e continuam inovando em torno de novas ideias para apoiar uns aos outros.
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