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    Tesouro Nacional tenta resistir à pressão do mercado

    A percepção de risco sobre o país se deteriorou significativamente depois da decisão do ministro Edson Fachin sobre processos do ex-presidente Lula

    Thais Herédiada CNN

    Pelo segundo dia consecutivo, o Tesouro Nacional precisou suspender por um tempo a negociação com títulos do Tesouro Direto porque não aceitou as taxas de juros cobradas pelos operadores de mercado. A percepção de risco sobre o país se deteriorou significativamente depois da decisão do ministro Edson Fachin sobre processos do ex-presidente Lula. 

    Em conversas com a CNN, técnicos do Tesouro Nacional explicaram que há um bom colchão de segurança para evitar que o governo seja obrigado a referendar a alta nos juros futuros. Entre os papéis de curto e médio prazo, de até 10 anos, as taxas alcançaram entre 4% e 8%. Bem acima do que estavam há poucos meses, quando havia expectativa de retomada da atividade econômica e da pauta das reformas. 

    Segundo as fontes do Tesouro, o caixa da União tem atualmente R$ 806 bilhões e ainda há expectativa para chegada de mais R$ 38 bilhões do BNDES, que só poderão ser aplicados na redução da dívida pública. A aprovação da PEC Emergencial, exatamente como saiu do Senado Federal, pode liberar mais recursos com superávit dos fundos constitucionais, previstas na proposta. 

    Nas contas de analistas do mercado financeiro, este montante pode chegar a R$ 120 bilhões. Com este caixa, o governo teria o equivalente a “pouco mais que 5 meses”, de acordo com os técnicos. 

    Mesmo contando com este volume, o Tesouro Nacional não terá como escapar da pressão do mercado. O volume de vencimentos de títulos que precisam ser renovados em 2021 é o maior desde 2005, início da série história do órgão. Pelo último relatório apresentado pela Secretaria, R$ 1,4 trilhão terá que ser refinanciado pelos investidores. Só no mês de abril serão R$ 357 bilhões de vencimentos. 

    Desde o ano passado o Tesouro vem reduzindo o prazo dos títulos e o custo da dívida também subiu, mesmo com a taxa básica de juros em 2% ao ano. O prazo médio hoje está em 3,5 anos –era de 5 anos no início de 2019. Para economistas de mercado, o juro está “fora do lugar”, não reflete o risco que país apresenta hoje e também não segura mais a inflação. 

    Na próxima semana o Banco Central se reúne mais uma vez e já é consenso que o juro será elevado. A dúvida é a intensidade que será adotada pelo Copom neste primeiro movimento de volta da taxa básica, depois de alcançar seu recorde histórico de baixa.

    Só nestes dois primeiros dias da semana, muitos bancos e instituições financeiras revisaram suas previsões para a Selic em 2021, já considerando a necessidade de uma resposta mais forte do BC diante do risco crescente. Tem gente estimando que o juro terá que ir para 6% até dezembro para segurar os investidores no balcão do Tesouro Nacional.

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