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    Poupança antiga rende mais que o dobro da atual; saiba qual delas você tem

    Bancos são obrigados a discriminar se o seu saldo na poupança corresponde ao regime antigo ou ao novo, separando em contas diferentes caso tenha as duas

    Matheus Prado, do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Modalidade de investimento mais popular no Brasil, a poupança, que nunca foi unanimidade entre os especialistas, perdeu ainda mais atratividade nos últimos anos. Isso porque a taxa básica de juros atingiu sua mínima histórica, de 2% ao ano, e acabou de derrubar a rentabilidade do ativo que já havia sofrido com mudanças regulamentares.

    Este cenário se mantém inalterado mesmo após duas altas consecutivas de 0,75 ponto percentual na Selic, que levaram a taxa a 3,5% ao ano, e possíveis novos ajustes no referencial. Ou seja, continua sendo mau negócio manter o seu dinheiro ali –a não ser que você tenha a poupança antiga, diz o professor de finanças do Insper e sócio da Casa do Investidor, Michael Viriato. Entenda.

    No dia 4 de maio de 2012, passou a valer a Lei 12.703, que dispôs sobre mudanças na remuneração da poupança. Funciona assim:

    • Se a taxa básica de juros estiver menor ou igual a 8,5% ao ano, a poupança renderá 70% da Selic + Taxa Referencial (que está zerada no momento);
    • Se a taxa básica de juros for maior que 8,5% ao ano, a poupança terá a rentabilidade de 0,5% ao mês + TR.

    Antes da mudança, no entanto, a modalidade pagava sempre 0,5% ao mês + TR, o que dá um rendimento mínimo de 6% ao ano. Com isso, aqueles que ainda têm depósitos realizados do dia 3 de maio de 2012 para trás possuem uma rentabilidade quase três vezes maior que a atual, de 2,45% ao ano.

    “Quem depositou o recurso antes da data [3/5/12] tem a garantia da rentabilidade em 0,5% ao mês mais TR. Com isso, atualmente é melhor manter o recurso na poupança do que num ativo com rentabilidade de 100% do DI, pois com a Selic no atual patamar de 3,5% ao ano e expectativa de chegar a 5,5% ao ano, renderá mais”, diz Marco Harbich, planejador financeiro CFP pela Planejar.

    Como descobrir qual é a minha poupança? 

    Segundo indica a mesma lei de 2012, os bancos são obrigados a discriminar se o seu saldo na poupança corresponde ao regime antigo ou ao novo, separando em contas diferentes caso o cliente possua as duas.

    Além disso, qualquer saque priorizará o dinheiro mais recente, mantendo aportes mais antigos em conta.

    E se a Selic continuar subindo? 

    “A remuneração (da nova modalidade) será maior somente se a Selic passar do nível de 8,5% ao ano. Até lá, continuará rendendo 70% da Selic + TR. Atualmente, quem tem recursos aplicados na poupança [nova] está perdendo dinheiro, pois o ganho real (rentabilidade além da inflação) está negativo”, diz Harbich. 

    “Ou seja, o investidor está perdendo poder de compra. Com a expectativa de a Selic chegar a 5,5% ao ano, a rentabilidade da poupança também subirá. Porém, com a expectativa da inflação em 5% para o final deste ano, a rentabilidade real continuará negativa.” 

    A Taxa Referencial (TR) pode voltar a subir?

    O indicador foi criado durante o governo de Fernando Collor, com o objetivo de auxiliar no controle da inflação e servir de referência na economia. Atualmente, a TR é uma taxa de juros que serve de referência na economia e que interfere em algumas aplicações financeiras, tais como: caderneta de poupança, Tesouro Direto, FGTS e financiamento imobiliário. 

    Ela está zerada desde 2018, por conta da queda na taxa de juros, e dificilmente voltará a ser positiva no curto prazo. Para se ter uma ideia, em 2016, quando a Selic esteve em 14,25%, a TR ficou em 2,01%.

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