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    Veja 4 razões para as ações da Tesla estarem em queda

    O declínio acentuado deixou as ações da empresa abaixo do nível que possuía quando entrou no S&P 500, em 21 de dezembro

    Chris Isidore, do CNN Business, em Nova York

    A Tesla, dona das ações mais quentes da bolsa por mais de um ano, despencou no mercado. As ações da empresa caíram 6% na terça-feira (23), depois de fecharem em baixa de 8,5% na segunda-feira (22), apagando assim seus ganhos do ano.

    As ações atingiram um recorde de pouco mais de US$ 883 (cerca de R$ 4.760) em 26 de janeiro, e caíram desde então. Na terça-feira (23), chegaram a US$ 619 (cerca de R$ 3.336), a primeira vez em que as ações da Tesla ficaram abaixo de US$ 700 (cerca de R$ 3.773) desde 31 de dezembro.

    O declínio acentuado deixou as ações da empresa abaixo do nível que possuía quando entrou no S&P 500, em 21 de dezembro. Além disso, a queda também fez com que o CEO Elon Musk caísse para a segunda posição na lista de pessoas mais ricas do mundo, atrás do fundador da Amazon (AMZN) Jeff Bezos. Os dois vinham se revezando na primeiras posições durante o ano.

    As ações da Tesla estão caindo por vários motivos:

    1) Bitcoin

    A Tesla anunciou no início deste mês que havia investido US$ 1,5 bilhão em bitcoins (cerca de R$ 8 milhões). Isso ajudou a alimentar a recente alta do bitcoin e, segundo algumas estimativas, deu à Tesla um lucro rápido de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,39 bilhões), o que representa mais do que a empresa ganha com a venda de carros em um ano.

    Contudo, no sábado (20), em resposta a uma crítica sobre os investimentos da Tesla em bitcoins, Musk tuitou que os preços da bitcoin e de outra criptomoeda chamada Ether “parecem mesmo altos”. Isso fez com que o preço da bitcoin caísse 9,3% no pregão de segunda-feira (22), o que pode ter ajudado a derrubar as ações da Tesla.

    “A bitcoin é a jogada certa no momento certo para a Tesla, em nossa opinião, mas o lado ruim é que brinca com fogo, o que acrescenta riscos e volatilidade à história da Tesla”, disse Daniel Ives, analista de tecnologia da Wedbush Securities, que continua otimista em relação às ações da Tesla.

    2) Preços do Model Y

    Na última quinta-feira (18), a Tesla reduziu US$ 2 mil (cerca de R$ 10.780) no preço da sua versão mais barata do Model Y, e de seus carros Model 3, os mais vendidos. Isso levou o preço do Model Y de “alcance padrão” —que pode rodar 390 km com uma única carga— a US$ 38.490 (cerca de R$ 207 mil), e o do Model 3 a US$ 34.590 (aproximadamente R$ 186 mil).

    No fim de semana, no entanto, a versão mais barata de “alcance padrão” do Model Y desapareceu do site da Tesla, restando apenas as versões mais caras, de longo alcance e maior desempenho. A Tesla não explicou o motivo.

    “As razões mais plausíveis são: a oferta foi distorcida demais para a variante mais barata e, portanto, iria acabar com as margens ou, mais provavelmente, simplesmente não havia muita demanda para a variante inferior”, disse Gordon Johnson da GLJ Research, um dos críticos mais pessimistas das ações da Tesla. Johnson comentou que os recentes cortes de preços, bem como outros anteriores, mostram que os veículos da Tesla não têm a demanda que seus fãs afirmam ter.

    “A Tesla não consegue manter as fábricas funcionando em capacidade sem os cortes de preços”, disse o crítico em nota na segunda-feira (22).

    3) Aumento da concorrência

    Recentemente, as grandes montadoras definiram metas ambiciosas para suas próprias vendas de carros elétricos.

    Há uma semana, a General Motors (GM) lançou uma versão SUV de seu Chevrolet Bolt, com preço bem abaixo do Model Y, e anunciou que pretende vender apenas carros com zero emissão após 2035. A Ford estabeleceu uma meta ainda mais ambiciosa para suas vendas de carros elétricos na Europa, dizendo que todos os seus modelos de carros serão elétricos até 2030.

    A Apple também está considerando fazer uma parceria com uma montadora para entrar no negócio automotivo, de acordo com diversas reportagens.

    Todos esses movimentos estão deixando alguns investidores da Tesla nervosos, disse Ives, embora ele acredite que haverá um grande direcionamento para veículos elétricos e muitos ganhos para as montadoras mundiais.

    4) Os investidores se adiantaram

    As ações da Tesla atingiram o pico um dia antes da divulgação do decepcionante demonstrativo de resultados de 27 de janeiro, que ficou aquém das previsões de analistas de Wall Street.

    Os resultados mostraram que o dinheiro que a Tesla ganhou com a venda de créditos regulatórios para outras montadoras ultrapassou seu lucro líquido geral. Críticos, como Johnson, disseram que isso é a prova de que a Tesla não é capaz de ganhar dinheiro produzindo carros (embora, por outras medidas de lucro, a Tesla seja realmente lucrativa).

    Durante a teleconferência de resultados no dia 27 de janeiro, Musk também falou sobre a falta de baterias necessárias para alimentar veículos elétricos. Ele disse que, mesmo com seu próprio fornecimento interno e a expansão planejada da produção de baterias, a Tesla está com dificuldades para encontrar as baterias que deseja para produzir mais veículos.

    “O limite para veículos elétricos é a disponibilidade total de células [de bateria]”, comentou. Musk ainda acrescentou que a Tesla já teria começado a produzir caminhões semipesados se tivesse as baterias disponíveis para isso.

    As ações ainda estão subindo

    As ações da Tesla registraram recorde de 743% em 2020, com os investidores abraçando a ideia de que o futuro da indústria automobilística será elétrico. A Tesla continua sendo, de longe, a montadora mais valiosa do mundo, com um valor de mercado bem maior do que o das oito maiores montadoras juntas – mesmo com a recente queda. 

    As ações da Tesla subiram cerca de 1.300% desde outubro de 2019, mas a divulgação de lucros do terceiro trimestre surpreendeu os investidores, fazendo com que as ações desmoronassem.

    Alguns investidores acreditam que as ações da Tesla voaram alto demais. Mesmo assim, muitos analistas acreditam que a Tesla vai se recuperar. Ives tem um preço-alvo de 12 meses de US$ 950 (cerca de R$ 5.120).

    Mas ele avisa: “É hora das ações da Tesla ‘colocarem o cinto de segurança’, porque há mais volatilidade no horizonte”, alertou.

    (Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês)

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