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    Dólar volta a fechar em queda, mas é impactado por incertezas políticas

    Refletindo clima positivo no exterior, moeda dos EUA terminou o dia a R$ 5,29, mas chegou a marcar R$ 5,22 durante as negociações

    Do CNN Brasil Business, em São Paulo*

    O dólar fechou em baixa em relação ao real nesta segunda-feira (6), no patamar de R$ 5,29, com o mercado repercutindo notícias positivas sobre o coronavírus no exterior. A cotação chegou a marcar R$ 5,22 mais cedo, mas o ritmo de queda arrefeceu na parte da tarde diante de rumores de que o presidente Jair Bolsonaro teria decidido demitir o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

    No fim da tarde, novas informações indicaram que o presidente havia desistido de demitir Mandetta. Mas a percepção é que o ruído político se instalou e poderia reforçar um já elevado nível de incerteza na saúde e na economia.

    O dólar encerrou o dia em queda de 0,64%, a R$ 5,2918 na venda. Na mínima do dia, a cotação chegou a R$ 5,2247.

    Na sexta-feira, a moeda havia fechado a R$ 5,326, renovando mais uma vez, o seu recorde histórico nominal (sem considerar a inflação). No ano, a moeda ainda acumula valorização de mais de 30%.

    “O campo já está cheio de minas para desarmar e o que o mercado realmente não precisa neste momento é mais um fator de risco para monitorar”, diz Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora, sobre a possível saída do ministro da Saúde.

    Além do dólar, o noticiário também afetou a bolsa. O Ibovespa perdeu 2 mil pontos entre em torno de 15h30 e 16h20, quando o mercado reagiu mais visivelmente ao noticiário político. O índice, que chegou a subir mais de 8% no pregão, terminou em alta de 6,52%, a 74.072 pontos.

    “O fato é que perdemos 5% (no Ibovespa) em dólar na última hora…”, disse Ivan Kraiser, sócio e fundador da Garín Investimentos.

    Exterior positivo

    Apesar do ruído político no Brasil, o movimento de desvalorização da moeda norte-americana ocorre graças ao clima esperançoso nos mercados internacionais após queda no número diário de mortes por coronavírus na Europa e nos EUA.

    O número de mortes pelo novo coronavírus na Espanha diminuiu pelo quarto dia consecutivo no domingo, enquanto a Itália registrou seu menor número diário de óbitos em mais de duas semanas.

    Nos EUA, Nova York, epicentro da doença no país, informou pela primeira vez em uma semana que as mortes por vírus no Estado caíram em relação ao dia anterior.

    A esperança de que a curva de contágio nas principais economias do mundo tenha atingido seu pico impulsionou ativos arriscados nos mercados internacionais. A queda do dólar em relação ao real (de 0,64%), porém, ficou bem atrás de seus pares. O dólar caía 2% contra o rand sul-africano, 1,3% frente ao peso mexicano e 1,5% ante o dólar australiano.

    “Hoje, os mercados ao redor do globo exibiram sinais vigorosamente positivos, refletindo a excelente notícia de que a propagação do coronavírus está desacelerando no Estado de Nova York e em diversos países europeus”, disse em nota Jefferson Rugik, da Correparti Corretora.

    Histórico de turbulência

    Até o fechamento dos mercados, ainda pairava a dúvida sobre a demissão ou não do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

    Nesta segunda, Bolsonaro convocou reunião ministerial, incluindo também presidentes de bancos, para o mesmo horário em que costuma ocorrer a entrevista coletiva sobre a atualização dos dados da epidemia de coronavírus no país com a presença de vários ministros, às 17h. A convocação foi feita repentinamente no final da manhã.

    No domingo, o presidente havia dito a um grupo de apoiadores evangélicos que alguns de seus ministros estão “se achando” e viraram estrelas, ao mesmo tempo que alertou que “a hora deles vai chegar” e que não tem medo de usar sua caneta.

    Bolsonaro não citou nomes, mas as declarações vêm em meio a divergências públicas entre o presidente e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, por causa da pandemia de coronavírus. Bolsonaro tem defendido o fim do isolamento social de toda a população e que apenas integrantes dos grupos de risco fiquem em casa para conter a disseminação do vírus, contrariando as orientações de Mandetta e da Organização Mundial da Saúde.

    *Com Reuters

     

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