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    Saída de Waldery não surpreende, mas lembra como cargo sofre pressão política 

    Ao longo das últimas semanas, ficou claro que as ambições do mundo político não cabem no Orçamento com teto de gastos

    Fernando Nakagawada CNN

    As negociações –e confusões– na costura do Orçamento de 2021 continuam gerando desdobramentos em Brasília. A saída de Waldery Rodrigues da secretaria da Fazenda do Ministério da Economia é a nova consequência do embate entre o mundo político e econômico. Ao longo das últimas semanas, ficou claro que as ambições do mundo político não cabem no Orçamento com teto de gastos. O nome de Bruno Funchal, atual secretário do Tesouro Nacional, como possível substituto agrada o mundo econômico, mas é preciso lembrar que são funções muito diferentes e a Fazenda está muito mais sujeita às pressões políticas que o Tesouro.

    Nesta manhã de terça-feira, o mundo econômico reage sem surpresa à saída do secretário de Fazenda. Ex-braço forte de Paulo Guedes, Waldery viu o espaço diminuir gradualmente à medida que manteve a defensa de medidas consideradas “fiscalistas”.

     

    Coube a ele defender publicamente a proposta de congelar temporariamente aposentadorias para tentar ajudar a melhorar as contas públicas. Waldery defendeu publicamente, mas não era o único a apoiar a proposta polêmica –e muitos do Ministério da Economia simplesmente permaneceram calados para não perder pontos com o presidente Jair Bolsonaro.

    Durante a negociação do Orçamento, Waldery foi voto vencido no esforço de tentar proteger o Orçamento e as regras para evitar o descontrole das contas públicas. E, assim, foi derrotado pela pressão política. 

    Bruno Funchal é citado como candidato forte para ocupar a vaga de Waldery. Ex-secretário de Fazenda do Espírito Santo, Funchal é muito elogiado na Faria Lima pelo trabalho técnico e a agenda fiscalista defendida à frente do Tesouro Nacional. Tudo isso é verdade. Mas a secretaria do Tesouro Nacional é muito diferente da Fazenda. 

    O Tesouro controla, literalmente, o caixa do governo: recebe o dinheiro arrecadado pela Receita Federal e executa as políticas previstas no Orçamento. Se fosse uma empresa, seria o tesoureiro que precisa executar o planejamento dos chefes. Já a Fazenda é a responsável pela formulação e execução da política econômica. É o diretor da empresa que define onde gastar e investir. E é na Fazenda que chega a pressão do mundo político por mais dinheiro ou reorganização das verbas, entre muitos outros pedidos.  

    Ao mesmo tempo em que há novas baixas no Ministério da Economia, crescem as discussões sobre a possibilidade de um desmembramento daquilo que já foi chamado de “Super Ministério da Economia”. Desmembrar secretarias como Previdência e Trabalho ou Comércio Exterior em novos ministérios pode abrir espaço para nomeação de aliados – o que é importantíssimo em tempos de CPI –e ainda poderia dar mais agilidade a essas novas pastas. 

    Se isso acontecer, o cargo de ministro da Economia passa a estar cada vez mais perto do antigo posto de ministro da Fazenda. E a mudança anunciada em Brasília pode ser um prenúncio disso.

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