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    IFIX tem fundo imobiliário que já subiu 40% em 2020. Veja os melhores e piores

    O índice ainda carrega resultado 12% negativo ano e, dos 82 produtos listados no indicador, apenas 17 não estão no vermelho

    Matheus Prado, do CNN Brasil Business, em São Paulo*



     

    Os cotistas de fundos imobiliários saltaram de 645 mil em dezembro de 2019 para 1,1 milhão em outubro de 2020. Isso num ano extremamente difícil para o mercado como um todo e especialmente desafiador para o setor. 

    Prova disso que é o IFIX, índice de referência do segmento na bolsa, ainda carrega resultado 12% negativo no ano e, dos 82 produtos listados no indicador, apenas 17 não estão no vermelho no período. 

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    Construção
    Imóvel em construção em São Paulo (SP)
    Foto: Leonardo Benassatto/Reuters (17/05/2018)

    Entre os fundos mais afetados pela crise estão os de shoppings centers e lajes corporativas. E não é muito difícil entender o porquê. Foram diretamente prejudicados pelas medidas de isolamento social, que fizeram com que boa parte da população ficasse em casa.

    Para entender o tamanho do impacto, basta olhar a composição do índice: estes dois setores correspondem, juntos, a 50% do peso do IFIX, sendo 35% do setor empresarial e outros 15% dos centros de compras. 

    “Os shoppings foram impedidos de exercer suas atividades. Além disso, algumas lojas menores, que pagavam aluguel variável, fecharam. Com isso, alguns fundos precisaram reduzir o repasse para os cotistas”, diz Paulo Carneiro, gerente de produtos do Andbank Brasil.

    “No caso dos escritórios, a implementação do home office deve deixar um legado. Empresas devem avaliar se realmente precisam de uma estrutura tão grande para as suas operações.”

    Mas há também vencedores claros: fundos de logística e, principalmente, de recebíveis imobiliários (CRIs). O Hectare, que é disparadamente o produto mais valorizado até o momento (42,93%), prioriza os CRIs.

    “O setor de logística cresceu muito no período porque, com as pessoas em casa, as compras online só aumentaram. Com isso, a implementação de galpões com este perfil acelerou muito rápido”, explica Carneiro. Já os fundos de CRIs, considerados seguros e defensivos pelo mercado, viraram porto seguro em meio ao caos. Confira a tabela de desempenho dos fundos elaborada pela Economática:

    Para o futuro

    Com um mercado de fundos imobiliários incipiente, o Brasil deve ter uma nova safra de produtos nos próximos anos para expandir as opções para os investidores entrantes e diminuir o hiato para outros mercados, como o americano. 

    “Estou observando uma tendência de escritórios menores com design diferenciado, dentro dessa nova realidade. Além disso, fundos de infraestrutura, de torres e data centers podem aparecer”, disse André Freitas, CEO e CIO da Hedge Investments, em entrevista ao CNN Brasil Business em setembro.

    “Lá fora também existem fundos de terras agrícolas. Alguns de cultivo e outros para especular com os terrenos. Compram áreas no cinturão verde das cidades, alugam para agricultores e depois constroem condomínios, acompanhando o crescimento dos subúrbios.”

    Rodrigo Possenti, gestor de FIIs do banco Fator, corrobora o sentimento. “O mais do mesmo já temos, o novo entrante precisa trazer diferencial. Há espaço para fundos temáticos, como os de aluguel residencial, incorporação residencial, fundos agrícolas. Agribusiness foi sempre financiado pelo governo, mas tem espaço pra vir pro mercado.”

    Mercado imobiliário

    Base do setor, o mercado imobiliário está em recuperação, mas analistas apontam alguns pontos de atenção para que a retomada ocorra. O principal deles é o aumento nos custos dos materiais de construção, por conta do desequilíbrio entre oferta e demanda em meio à pandemia.

    Houve uma parada brusca da indústria por causa da quarentena e, na sequência, uma retomada muito rápida após a flexibilização – o que gerou desabastecimento e alta dos preços de alguns produtos.

    A maioria dos empresários e analistas afirma que esse efeito deve ser transitório e concentrado na cidade de São Paulo, que está mais aquecida – ao contrário do passado, quando houve alta generalizada.

    A expectativa é que haja uma normalização na capacidade da indústria de materiais, embora isso ainda deva levar alguns meses, de acordo com o analista Daniel Gasparete, do Credit Suisse.

    “Os investimentos feitos para aumentar a capacidade podem não ser rápidos o bastante para atender à demanda crescente das incorporadoras no próximo ano”, diz. Como consequência, as empresas terão de lidar com reajustes no preços dos imóveis aos consumidores ou perda de margem de lucro, prevê Gasparete.

    Outro potencial gargalo para o crescimento do mercado imobiliário está em uma possível deterioração da economia brasileira, após o fim do auxílio emergencial e das medidas de preservação dos empregos, afirma Raul Grego, da Eleven.

    “Se tem algo que traz relativa insegurança ao setor, é a taxa de desemprego, que pode subir no ano que vem e reduzir o número de compradores de imóveis. Por isso, é preciso manter a cautela.”

    (*Com informações do Estadão Conteúdo)

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