Apesar do superávit, saldo da balança comercial caiu 32% no primeiro trimestre
De acordo com o Ministério da Economia, as exportações e importações apresentaram queda em janeiro, aumento em fevereiro e nova queda em março
Com exportações acumuladas em US$ 50,1 bilhões e importações somando US$ 44 bilhões, a balança comercial brasileira, que calcula a diferença entre exportações e importações, registrou saldo positivo de US$ 6,1 bilhões no acumulado dos três primeiros meses do ano. O resultado, no entanto, é 32% menor que os US$ 9 bilhões registrados no mesmo período do ano passado.
De acordo com o Ministério da Economia, as exportações e importações apresentaram queda em janeiro, aumento em fevereiro e nova queda em março. Porém, no último mês, a diferença entre a compra e a venda de produtos foi positiva em US$ 4,7 bilhões. Esse valor é 9,7% superior aos cerca de US$ 4,3 bilhões alcançados no mesmo mês do ano passado. Os números foram divulgados pelo Ministério da Economia nesta quarta-feira (1/4).
Enquanto as exportações de março somaram US$ 19,2 bilhões, as importações totalizaram US$ 14,5 bilhões. Os valores representam queda de 4,7% e 4,5% ante o mesmo mês do ano passado.
Nas exportações, os destaques negativos ficaram nos produtos manufaturados, as quais as vendas caíram 14,9% e nos semimanufaturados, que recuaram 6,1%. Já venda externa de produtos básicos brasileiros registrou queda de 0,6%. Nas importações do mês passado, a compra de combustíveis e lubrificantes diminuiu 32,5% e a de bens de consumo 19,3%. Por outro lado, a importação de bens intermediários e de bens de capital avançaram 3,5% e 2,8%, respectivamente.
Segundo a pasta, o comportamento do trimestre já foi influenciado, entre outros fatores, por uma menor dinâmica do comércio mundial, situação que foi agravada pela pandemia da COVID-19. Os três principais compradores de produtos brasileiros no período foram China, Hong Kong e Macau, com US$ 14,6 bilhões, Estados Unidos, responsável por US$ 5,3 bilhões, e Argentina, com US$ 2,2 bilhões.
Como o vírus afeta países diferentes em épocas distintas, o subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior, Herlon Brandão, explicou que os efeitos no comércio podem variar ao longo do ano.
“É importante ressaltar que quedas bruscas na demanda nos mercados de destino podem demorar meses para se refletirem em redução das exportações brasileiras. Parte das mercadorias exportadas possuem contratos de fornecimento de longa duração.”, destacou.
Projeção para o ano adiada
Uma vez a cada três meses, a secretaria de Comércio Exterior (Secex) atualiza a expectativa para o resultado da Balança Comercial do ano. Nesta quarta (01), no entanto, a pasta afirmou que, por conta das incertezas globais causadas pela pandemia do COVID-19, vai adiar em um mês a divulgação da previsão. A explicação é de que a equipe técnica vai utilizar o tempo a mais para ter mais informações acerca da extensão e dos desdobramentos da doença.
“É razoável supor que os fluxos de mercadorias serão duramente afetados pelos efeito da pandemia da COVID-19. A diminuição da expectativa de crescimento do PIB brasileiro e o câmbio real mais desvalorizado deverão reduzir demanda por importações. As exportações, por sua vez, deverão ser mais afetadas por uma queda dos preços internacionais dos principais produtos da pauta exportadora brasileira, causada pelo baixo dinamismo da economia mundial”, disse Brandão.
Já que a maior parte das vendas brasileiras é de produtos alimentícios e outros bens com menor elasticidade, além do impacto positivo da desvalorização do real, o subscretário acredita que o valor das exportações seja menos afetado que o das importações. “Contribuindo para um saldo comercial, ao final de 2020, possivelmente maior do que a média das projeções de mercado do início do ano previam”, disse.
O Banco Central prevê um superávit de US$ 33,5 bilhões para a Balança Comercial deste ano. A expectativa é de que as exportações encerrem em US$ 191 bilhões e as importações em US$ 157,5 bilhões.