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    Como as principais economias estão lidando com a recessão causada pela Covid-19

    Na sexta-feira (28), o Canadá se juntou à França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e EUA ao informar que sua economia encolheu drasticamente no 1º semestre

    Entrada da Bolsa de Valores de Nova York (Nyse), em Wall Street.
    Entrada da Bolsa de Valores de Nova York (Nyse), em Wall Street. Foto: Aditya Vyas/Unplash

    Julia Horowitz, do CNN Business, em Londres

    As principais economias desenvolvidas do mundo estão oficialmente em recessão. Ninguém sabe ao certo o que acontecerá a seguir.

    Na sexta-feira (28), o Canadá se juntou à França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos ao informar que sua economia encolheu drasticamente no primeiro semestre de 2020 devido à pandemia. A produção econômica canadense caiu 11,5% entre abril e junho, a redução mais acentuada desde 1961.

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    Hoje, seis meses depois que a pandemia de coronavírus começou a se espalhar rapidamente fora da China, está cada vez mais claro que os países não se recuperarão juntos. O impacto do vírus, as políticas de saúde pública e as medidas de estímulo estão criando caminhos divergentes, com ramificações que podem durar anos.

    “O caminho do vírus e de sua vacina é fundamental para a história de recuperação”, afirmou James Knightley, economista-chefe internacional do ING.

    Velocidades diferentes

    Embora a Covid-19 tenha causado um golpe brutal na economia de todo o mundo, a magnitude do choque variou significativamente de um país para outro.

    O Reino Unido tem apresentado o pior resultado entre os países desenvolvidos, com sua economia encolhendo em mais de um quinto entre abril e junho.

    Para Ben May, diretor de pesquisa global da Oxford Economics, essa fraqueza se deve em parte a fatores estatísticos, incluindo como o governo contabiliza a inflação. Mas ele também destacou a importância dos gastos do consumidor para a economia britânica (que ficou evidenciada com as medidas de distanciamento social), bem como a relutância inicial do governo do Reino Unido em impor regras de quarentena rígidas.

    “O governo do Reino Unido foi criticado por demorar muito para fechar a economia, o que permitiu o fortalecimento da pandemia no país”, afirmou May em uma nota recente a clientes.

    Mesmo os países que fecharam as portas antes do Reino Unido sofreram desacelerações econômicas dramáticas, com a escala dos danos ditada pelo número de casos de coronavírus e as decisões do governo sobre quando reabrir empresas e restaurantes.

    Embora todos os países do G7 tenham sofrido suas piores quedas no PIB desde que os registros começaram a ser feitos oficialmente, a França parece ter sido atingida com mais força do que a Alemanha, em parte por causa da quarentena extremamente dura que adotou em abril, de acordo com Florian Hense, economista do Banco Berenberg.

    E embora a Itália tenha emergido como o epicentro de infecções em março, sua decisão de impor restrições antecipadas à movimentação no país pode ter ajudado a trazer um segundo trimestre um pouco menos severo do que se temia.

    Algumas partes da economia dos EUA começaram a reabrir em maio, o que significa que o declínio não foi tão acentuado quanto se previa inicialmente. No entanto, isso pode levar a um trimestre mais fraco de julho a setembro, especialmente considerando que o aumento de casos nos estados do chamado Cinturão do Sol (toda a parte sul do país), em junho, forçou algumas autoridades locais a restaurar as restrições no final daquele mês.

    O índice Back-to-Normal (De volta ao normal) da Moody’s Analytics e da CNN Business mostra que a economia dos EUA está operando num nível equivalente a 78% do que registrava no início de março. 

    O que vem depois

    O ponto fora da curva mais claro entre as principais economias é a China, que catapultou para o modo de recuperação já no segundo trimestre, após uma queda do PIB entre janeiro e março, período em que registrou seu pior desempenho em um trimestre em décadas.

    Como foco inicial da pandemia e o primeiro país no mundo a impor medidas drásticas para tentar controlar a propagação do vírus, a China também foi a primeira grande economia a se reabrir. Isso é uma vantagem inicial.

    Para Knightley, do ING, o destino desses países a partir de agora depende em grande parte do vírus e da corrida por uma vacina. Alguns economistas também alertam sobre o potencial de uma recessão dupla na qual a produção cairia novamente.

    Para esses analistas, a grande recuperação esperada no terceiro trimestre pode não ditar a trajetória de longo prazo, apesar das enormes injeções de dinheiro dos bancos centrais e dos aumentos massivos nos gastos do governo.

    Um rápido aumento de casos graves pode levar os governos a reintroduzir medidas rígidas de lockdown. Essa ressurgência abalaria a confiança do consumidor pela segunda vez, reduzindo gastos e investimentos e adiando a recuperação.

    Os esforços de socorro dos governos também têm um papel vital na determinação do futuro próximo das economias. Nos Estados Unidos, democratas e republicanos ainda não chegaram a um acordo sobre um quarto pacote de estímulo. Embora o presidente Donald Trump tenha agido para aumentar os benefícios de desemprego na ausência de um acordo, acrescentando US$ 300 por semana nos cheques do auxílio-desemprego, a falta de medidas mais abrangentes é um risco, de acordo com Knightley.

    Os US$ 600 adicionais por semana que os norte-americanos desempregados receberam até julho serviram como um grande impulso para os gastos do consumidor. Mesmo com a disparada do desemprego, a renda pessoal nos Estados Unidos aumentou 10,5% em abril, quando o governo forneceu apoio extra e emitiu cheques de ajuda de US$ 1.200.

    Estrategistas da Goldman Sachs estimam que o lapso do benefício de US$ 600 resultará em uma queda de US$ 70 bilhões na renda pessoal em agosto, afetando tanto os gastos do consumidor quanto as vendas no varejo. Com os serviços ao consumidor absorvendo cerca de 70% da economia dos Estados Unidos, isso poderia criar problemas.

    A Alemanha, por sua vez, recentemente estendeu a duração de seu programa que mantém os trabalhadores na folha de pagamento das empresas, subsidiando seus salários até 2021.

    May, da Oxford Economics, lembrou que outro fator crucial pode ser a fé pública na resposta do governo. Para ele, se as pessoas não confiarem nos líderes do governo para tomar decisões em seu interesse, isso pode limitar os gastos.

    Uma pesquisa do Pew Research Center realizada em 14 economias avançadas, e divulgada esta semana, descobriu que norte-americanos e britânicos, em sua maioria, não consideram que seus países fizeram um bom trabalho ao lidar com a Covid-19.

    (Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês).

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