Como o esperado, Copom mantém taxa básica de juros em 2% ao ano
A decisão já era esperada pelo mercado financeiro, que prevê que a taxa encerre o ano nesse mesmo patamar; é a segunda manutenção após nove quedas consecutivas
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) optou, nesta quarta-feira (28), por manter a taxa básica de juros, a Selic, na atual mínima histórica de 2% ao ano. A decisão já era esperada pelo mercado financeiro, que prevê que a taxa encerre o ano nesse mesmo patamar.
Essa foi a segunda vez, após nove reduções consecutivas, em que o Copom optou pela manutenção da taxa no patamar atual, ao em vez de elevar ou reduzir a mesma. Também é a penúltima reunião do comitê antes do ano acabar.
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O Copom destacou que o prolongamento das políticas fiscais de resposta à pandemia, bem como as incertezas em relação à continuidade das reformas, pioram a trajetória fiscal do país e podem elevar os prêmios de risco.
“O risco fiscal elevado segue criando uma assimetria altista no balanço de riscos, ou seja, com trajetórias para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária”, diz comunicado do comitê.
Nesse sentido, o comitê defendeu, mais uma vez, as reformas e ajustes necessários na economia brasileira para a recuperação sustentável da mesma.
“O Comitê ressalta, ainda, que questionamentos sobre a continuidade das reformas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia”.
O Copom também manteve as portas entreabertas para possíveis novas reduções dos juros.
“O Copom entende que a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reconhece que, devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno”, informou.
No entanto, o atual nível de estímulo monetário produzido pela Selic em 2% ao ano, junto ao forward guidance, é considerado como adequado pelo comitê.
“O Copom não pretende reduzir o grau de estímulo monetário desde que determinadas condições sejam satisfeitas. O Copom avalia que essas condições seguem satisfeitas: as expectativas de inflação, assim como as projeções de inflação de seu cenário básico, encontram-se significativamente abaixo da meta de inflação para o horizonte relevante de política monetária; o regime fiscal não foi alterado; e as expectativas de inflação de longo prazo permanecem ancoradas”, completa.
A decisão se reflete em um maio risco fiscal de curto prazo, que eleva os prêmios de títulos públicos de longo prazo.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do Banco Central para perseguir a meta de inflação, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Vale destacar que os juros mais baixos estimulam o consumo, contribuindo para a melhora do desempenho da atividade econômica.
Apesar da alta de 0,94% da prévia oficial da inflação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgado no último dia 23, o Copom ainda não vê necessidade de elevar a taxa de juros. Isso porque a expectativa de 2,99% para a inflação de 2020 continua bem controlada e dentro da meta de 4%.
No entanto, o mercado já demonstra forte preocupação com as indecisões sobre o futuro do teto de gastos enquanto a proposta do Orçamento de 2021 não é votada.
Visto que os impactos levam alguns meses para se refletiram na ponta da economia, o Copom já mira suas decisões pensando em 2021, cuja meta central de inflação é de 3,75%, podendo oscilar de 2,25% a 5,25%.
A expectativa do mercado financeiro, de acordo com a última edição do Boletim Focus, é de que no ano que vem o BC inicie um movimento gradual de alta dos juros, com a Selic encerrando em 2,75% ao ano.
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