Selic subirá 0,75 p.p a não ser que algo extraordinário ocorra, diz Campos Neto
Segundo o presidente do BC, a inflação corrobora para o aperto monetário
Como já indicado pela ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), ocorrida em março, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, indicou que a taxa básica de juros, a Selic, terá nova alta de 0,75 ponto percentual. A próxima reunião do Copom será na primeira semana de maio.
“A não ser que algo muito diferente ou extraordinário aconteça, vamos dar nova alta de 0,75 ponto percentual na próxima reunião. A inflação atual corrobora para isso”, afirmou nesta sexta-feira (9), durante conversa virtual sobre a política monetária do Brasil promovida pela XP investimentos e o site Infomoney.
Segundo ele, se houver uma mudança no cenário, o Copom comunicará o mercado.
Campos Neto voltou a falar que a Selic em 2% foi para um cenário que nunca aconteceu, nem no sentido do desempenho da atividade econômica e nem da inflação.
“Quando se fala na normalização parcial, significa que não vemos necessidade de irmos para a taxa neutra no momento, porque reconhecemos que a maioria dos componentes que estão causando inflação são temporários”, reforçou.
Questionado sobre sua avaliação no impasse sobre o Orçamento de 2021, o presidente do BC lembrou que a autoridade monetária não participa desse processo, mas admitiu que “qualquer coisa que crie mais incerteza fiscal tem um efeito na projeção da inflação e essas estimativas impactam a forma como o BC formula a política monetária do país”.
Ele ainda defendeu que a avaliação sobre o cenário brasileiro tem de ser olhando para “a figura toda”. “Ao mesmo tempo que enfrenta uma pandemia, o Brasil foi capaz de fazer várias mudanças estruturais. Então, sim, o fiscal é um problema. Sim, precisamos de uma solução para o Orçamento, mas acho importante olhar para tudo”, defendeu.