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    Inadimplência sobe 1,2% em março, segundo Boa Vista

    Na comparação com março de 2019, o Indicador de Inadimplência do Consumidor recuou 1,8%, acumulando queda de 0,5% em 12 meses

    Thais Herédiada CNN

    A crise do novo coronavírus chegou aqui para valer em meados de março. Muitos dados sobre a atividade econômica do mês passado revelam uma parte, provavelmente a menor, dos efeitos que o fechamento das cidades vai causar. A inadimplência do consumidor cresceu 1,2% em março frente a fevereiro, segundo dados exclusivos da Boa Vista para a coluna. 

    “Antes da crise do coronavírus chegar para valer, nós já estávamos vendo uma alta da inadimplência. Isto porque o crédito para pessoas físicas aumentou no ano passado. Também subiram o endividamento e o comprometimento da renda com pagamento das dividas. Agora devemos começar a ter movimento um pouco maior”, disse Flávio Calife, economista da Boa Vista. 

    Na comparação com março de 2019, o Indicador de Inadimplência do Consumidor recuou 1,8%, acumulando queda de 0,5% em 12 meses. O economista da Boa Vista sabe que a trajetória do dado é de piora diante do drama de milhões de brasileiros que estão sem receber renda, perdendo empregos e negócios. Ainda assim, ele não espera uma explosão de não pagamentos porque conta com efeito positivo das medidas tomadas pelo governo. 

    “Se as medidas tiverem efeitos, dando renda aos trabalhadores e mantendo empregos, elas podem minimizar a alta da inadimplência. A ação do governo não resolve tudo, mas amortece um pouco. Não estamos vendo uma explosão, mas devemos mudar de patamar sim, talvez algo mais próximo do que aconteceu depois da recessão. O que nós esperamos é que esse período mais crítico seja curto”, disse Calife. 

    O Banco Central calcula que a inadimplência média estava em 5,1% em fevereiro. O pico da série histórica foi em 2012, quando a taxa chegou a 7,2%. E nem era ano de crise. Ao contrário. O desemprego era muito menor do que o atual e estava na praça um programa de estímulo ao crédito, via bancos públicos, da desastrosa política econômica de Dilma Rousseff. O crédito cresceu muito acima da renda, o que não poderia dar em outra coisa, que não uma elevação da inadimplência. 

    O índice baixou em seguida porque o BC voltou a subir os juros, desistindo da aventura de manter a taxa em 7,25% com inflação pressionada e gastos públicos nas alturas. Ao final do biênio da recessão, o indicador bateu em 6,2% e voltou para 4,7% em 2019. Com a melhora da atividade econômica, do mercado de trabalho e juros no menor patamar da história, o crédito reagiu e com ele, a inadimplência no movimento esperado do ciclo econômico. 

    Todo este cenário já é passado. Os dados de abril vão revelar as fotografias mais dramáticas dos impactos econômicos causados pelo novo coronavírus.

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